terça-feira, abril 24, 2018

Turismo de massas

O turismo é, para muitos países, uma importante fonte de rendimento, mas o excesso de turistas torna-se prejudicial em vários aspetos. Torna-se imperioso limitar o número de visitantes para que seja possível uma melhor preservação dos monumentos, e do meio ambiente, quando o turismo, neste último caso, se desenvolve em zonas balneares.
Apesar do turismo ser benéfico para a economia de um país, o mesmo não significa que os turistas o sejam, pois existem muitos casos de que os turistas transmitem desrespeito pelos costumes, pela cultura, e pela história dos países que visitam, para além de eventuais estragos nos monumentos. A poluição provocada pelos turistas é, também, um grande problema para muitas estâncias balneares, exemplo disso foi o que aconteceu na Tailândia: o encerramento de várias praias devido ao excesso de turistas e à poluição provocada por estes. Vários países europeus já identificaram um limite de visitantes para algumas das suas cidades, países esses como a Itália, Espanha, Grécia, Irlanda, pois o excesso de turistas está a causar estragos. Em Espanha decorreram ações de protesto em várias cidades por grupos de habitantes denunciando os efeitos do turismo em massa nas suas vidas quotidianas.
Locais famosos representados em filmes também foram sujeitos à aplicação de um limite no número de turistas, como é o caso de Machu Picchu, no Peru, e de Skelling Michael, na Irlanda, o local de filmagem da cena final de "Star Wars: O despertar da força". Estes lugares estão apenas abertos durante alguns meses do ano e a sua visita tem de ser marcada com bastante antecedência. E há locais, como os Galápagos, que foram considerados Património Mundial da UNESCO em vias de extinção em 2007, apresentam rigorosas limitações ao acesso ao turismo, medidas essas que foram criadas para ajudar a preservar a geografia e vida selvagem das ilhas.
Em Portugal, ainda não há casos de limitação de turistas devido ao seu excesso, mas há cada vez mais turistas a virem para cá, como sabemos. Portugal ganhou o prémio de melhor destino turístico pela World Travel Awards, por isso é de esperar um forte aumento do turismo, como se está a constatar. Além disso, Portugal é um destino turístico barato, comparando com Itália ou Grécia. Apesar de ainda não haver turismo em massa em Portugal, essa realidade é um cenário que poderá vir a acontecer.
  As cidades portuguesas que recebem mais turistas são Lisboa e Porto, o que não é de estranhar, mas Portugal tem um vasto leque patrimonial, como é o caso das aldeias de Xisto, as gravuras paleolíticas que se encontram no centro e sul do país, e muito deles estão em estado de degradação. O “desvio” ou “encaminhamento” dos turistas para outras zonas do país pode ajudar a que outro tipo de património seja mais reconhecido e preservado e que não seja vandalizado, como aconteceu no Parque Arqueológico do Vale do Côa.
O turismo é um setor económico muito importante para Portugal, como acontece em muitos outros países. Portugal também tem “maus” turistas, que não respeitam os residentes do país que visitam, como, por exemplo, os turistas que deixaram um rasto de poluição na Serra da Estrela. Muitos moradores da cidade de Lisboa queixam-se do barulho dos tuk-tuk, das filas de cruzeiros que causam poluição ambiental e queixam-se, também, da poluição sonora, da inflação dos preços, da falta de civismo dos turistas, entre outros. Se em Lisboa, uma cidade que recebe cerca de 4/5 milhões de turistas, os moradores queixam-se de todas estas nuances negativas, não queramos imaginar o que acontecerá em Barcelona, Veneza ou Santorini que, seguramente, recebem mais de 15 milhões de turistas por ano. Por estas razões, a limitação do número de turistas é explicável não só para o bem-estar dos seus residentes como também para o bem-estar da cidade no que toca à sua preservação patrimonial e redução da poluição. O turismo é económica, social e culturalmente importante, pois ajuda ao crescimento económico de um país, os habitantes do país conhecem pessoas de outros países, e ajuda a transmitir a cultura e a história do país para quem vem visitar.
O turismo de massas é prejudicial tanto para os residentes das cidades visitadas como para o país em termos de preservação dos espaços públicos e ambientais, mas será que é justo atribuir a culpa somente aos turistas? Ou poderão ser as empresas de turismo que, muitas vezes, visam mais o lucro rápido e fácil do que o dar a conhecer outros locais ao turista? Serão os meios de comunicação social os responsáveis pela divulgação constante dos mesmos pontos turísticos, não dando a conhecer outros? Dizer que se vai a Paris e não ir ao Louvre é quase anular a visita à capital francesa. Em contrapartida, haverá imensos sítios escondidos e não divulgados pela comunicação social que merecerão a visita de qualquer turista!

Isa Micaela Guimarães da Silva

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

Sem comentários: