terça-feira, abril 17, 2018

Enoturismo: Palácio da Brejoeira

         Não é possível falar de Vinho Verde Alvarinho sem falar do Palácio da Brejoeira, situado na freguesia de Pinheiros, concelho de Monção, distrito de Viana do Castelo. Este palácio, mandado construir, no início do século XIX, por Luís Pereira Velho de Moscoso, Fidalgo da Casa Real e Cavaleiro da Ordem de Cristo, entre outras funções no seio da comunidade Monçanense, foi denominada de Palácio da Brejoeira, e foi edificado numa antiga quinta de família, chamada Quinta do Vale da Rosa. O edifício é de estilo Neoclássico, já com influência barroca.
A maioria dos dados da época indicam que a construção do Palácio da Brejoeira terá tido início em 1806. Quanto ao término das obras, os relatos também são inconclusivos, havendo quem aponte para 1828 e quem afirme que as obras foram interrompidas e nunca finalizadas. Embora não haja provas evidentes sobre quem foi o autor do seu projeto, este tem sido atribuído a Carlos Amarante, à época um dos mais importantes arquitetos em atividade no norte do país.
         Foi Simão Pereira Velho de Moscoso quem terminou a obra de seu pai, tendo falecido em 1881, sem descendência. O Palácio foi, então, herdado pelas famílias Caldas e Palmeirim, de Lisboa, tendo sido colocado à venda, 20 anos depois, sendo adquirido pelo Conselheiro Pedro Maria da Fonseca Araújo.
         Em 1937, o Palácio foi mais uma vez vendido, sendo adquirido pelo Comendador Francisco de Oliveira Paes para o oferecer a sua filha, Maria Hermínia Silva d’Oliveira Paes, nascida em 1918.
         Antes da instalação da casta de Alvarinho, o vinho aqui produzido era destinado ao consumo familiar ou vendido a granel para pequenas mercearias.
         Em 1964, Maria Hermínia d’Oliveira Paes procurou o Engenheiro João Simões de Vasconcelos, com quem se aconselhou, iniciando nesse ano a plantação dos primeiros hectares de vinho Alvarinho. Mais tarde, teve o apoio do Engenheiro Agrónomo Amândio Galhano, na enologia. Este facto contribuiu para um aumento da empregabilidade na zona uma vez que requeria muita mão-de-obra tanto no tratamento das vinhas como na época das vindimas.
         Já em 1974, Maria Hermínia d’Oliveira Paes construiu uma adega com todas as condições necessárias para a produção de vinho Alvarinho e dois anos mais tarde, em 1976, é lançado o vinho Alvarinho - “PALÁCIO DA BREJOEIRA” - engarrafado na origem.
         Esta marca clássica de Alvarinho adquiriu grande notoriedade e prestígio, podendo mesmo dizer-se que foi por causa dela que o vinho Alvarinho se tornou internacionalmente conhecido e tem hoje o estatuto que tem.
         O Palácio da Brejoeira, considerado Património Nacional desde 1910, abriu finalmente ao público a 10 de Julho de 2010 e, passado um mês, já tinha recebido 1600 visitantes. Hermínia Paes sempre foi contra esta abertura, como se pode constatar pela expressão que teve na altura: "Levei um valente empurrão para que isso acontecesse". No entanto, a necessidade de financiamento para o seu restauro juntou-se à curiosidade de quem passava diante do palácio. O até agora intocável palácio abre diariamente a visitas individuais ou em grupo, mas sempre acompanhadas de um guia, contribuindo assim com alguma receita para o efeito.
         Apesar da abertura ao público, Maria Hermínia d’Oliveira Paes residiu na área privada do Palácio até à data do seu falecimento, que ocorreu a 30 de dezembro de 2015.
         A 28 de Maio de 2011 foi inaugurada a Casa das Artes no palácio. A ampla loja de enoturismo, situada nas antigas cavalariças do Palácio, um anexo de grande interesse estético e funcional, com especial destaque para o bebedouro, situado no seu hall interior, é usado também como galeria para as várias exposições e ainda como principal sala de provas.
         O Palácio da Brejoeira pertence, ainda, à Rota do Alvarinho, sendo que esta inclui a visita guiada ao Palácio da Brejoeira e a degustação de vinho Alvarinho “PALÁCIO DA BREJOEIRA”.
         Quem por lá passa fica maravilhado com a sua fachada espetacular, os seus belos jardins, campos de vinha e um esplêndido bosque com diversas espécies exóticas. Será sempre um ótimo local a visitar, que ficará certamente na memória de quem se decidir a incluí-lo nas suas atividades de lazer.

Mariana Martins 

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

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