sábado, abril 21, 2018

O Elevador do Bom Jesus do Monte

A necessidade de locomoção do homem e do transporte de materiais de um lugar para outro impulsionou o desenvolvimento de sistemas de transporte nas sociedades. O começo dos sistemas de transporte é tão antigo como a própria humanidade. O transporte era feito pelo homem e animais de carga, e com o passar do tempo a sociedade desenvolveu-se para sistemas mais eficientes e complexos, como os sistemas de elevações (Azevedo, 2007).
Um dos sistemas de transportes que mais se desenvolveu nos últimos anos são os funiculares, que são sistemas que possuem grandes vantagens pela sua segurança, funcionalidade e capacidade de transporte, bem como pela sua adaptação tanto em zonas urbanas como em montanhas.
O elevador do Bom Jesus do Monte foi construído com o objetivo de substituir a Companhia de Carris americano, puxado por cavalos, que originalmente se estendia da cidade de Braga até o escadório do Santuário (escada que liga a parte baixa à parte alta do Santuário), e que obrigava a uma tração animal reforçada na íngreme subida. O percurso é feito por 274 metros de encosta, com uma inclinação de 42 graus e um desnível de 116 metros.
Funciona sobre duas vias paralelas, cada uma com dois carris e sobre os carris circulam as cabines, ligadas por um cabo de aço, com 7 metros de comprimento, 2 de largura e 4,5 entre eixos (Cordeiro, Mendes & Vasconcelos, 2001). Apresentam capacidade para 30 passageiros sentados, cada uma com seis bancos, para cinco passageiros cada, 8 pessoas de pé, no total de 38 passageiros mais o condutor. O sistema de suspensão é feito por 4 molas helicoidais, sem amortecedor, e o amortecimento de paragem por mola espiral com batente. Cada cabine possui dois reservatórios de água, o grande, com capacidade de 5850 litros, que funciona como força motriz e contrapeso e alimentação do circuito de refrigeração dos travões dianteiros, e o pequeno, de 216 litros, que serve para alimentar o circuito de refrigeração dos travões traseiros. A cabine que está no topo enche o depósito de água, despejando-o ao longo do caminho pela tubagem do circuito de refrigeração dos travões dianteiros e despejando o restante no final da viagem.
Um dos trajetos que aquela companhia realizava fazia ligação entre o centro da cidade e o escadório do Santuário do Bom Jesus do Monte. Para chegar ao Santuário, era preciso uma subida pedestre devido à acentuada inclinação do terreno, ou utilizando um trem alugado, alternativa que se revelava inacessível para a bolsa de uma grande maioria dos visitantes. Tendo em vista este facto e com o objetivo de contribuir para os melhoramentos materiais da sua cidade, Manuel Joaquim Gomes pensou em construir um funicular que poupasse os visitantes daquela agradável estância religiosa e de vilegiatura aos inconvenientes de uma penosa subida do escadório ou ao dispêndio da quantia necessária para o transporte particular.
Em 23 de maio de 2013, o elevador do Bom Jesus foi classificado como Monumento de Interesse Público.
     À luz do que foi abordado, é possível averiguar que o funicular do Bom Jesus do Monte em Braga é o mais antigo de Portugal e com um sistema de funcionamento de contrapeso de água. Contudo, o potencial turístico deste património continua atraindo pessoas oriundas de distintos pontos da Europa e do mundo a afora.


Patrícia de Almeida Machado

Referências
Azevedo, P. (2007). Um elevador liga o passado à modernidade. In Atas do Anais III Seminário Projetar: O moderno já passado, o passado no moderno, (pp. 1-23). Porto Alegre: UFRGS.
Vasconcelos, A. (…). O Elevador do Bom Jesus do Monte, o mais antigo de Portugal. Ascensores com história. Disponível em: www.elevare.pt/PDF/sup2/ah1.pdf. (Acesso, 16.01.2018).
Cordeiro, M.; Mendes, F. & Vasconcelos, A. (2001). Elevador do Bom Jesus, Braga, (2ª ed.). Porto: Ordem dos Engenheiros.

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

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