quarta-feira, abril 18, 2018

Turismo Cinegético – oportunidade natural

O Turismo tem sido a atividade que mais se destaca nos últimos tempos em Portugal. Este pode ser muito abrangente, cobrindo um pouco todas as zonas do país e expressando-se em várias vertentes e modelos do mesmo. Exemplo disso é o Turismo de Natureza, no qual se podem enquadrar outros tipos de turismo mais específicos, como o Turismo Cinegético. O Turismo Cinegético é um conceito que possivelmente só agora se estabeleceu mas que já se verifica desde há muito tempo em várias partes do mundo e de Portugal. Há várias zonas que se mostram mais relevantes, das quais as regiões de Alentejo e Trás-os-Montes se destacam.
Este conceito de Turismo Cinegético carateriza-se por ser o conjunto de atividades e deslocações turísticas realizadas por pescadores e/ou caçadores nacionais ou estrangeiros, motivados pelo seu interesse na prática de atividades como caça e pesca da fauna selvagem local. Uma particularidade importante e imediatamente associada a este conceito encontra-se na consciência dos próprios turistas e comunidades recetoras que levam a cabo estas atividades de forma sustentável, disponibilizando para tal todo um conjunto de produtos e serviços turísticos que permitam o desenvolvimento destas atividades de forma sustentável e orientada para a conservação da natureza e sua fauna e flora silvestre.
As atividades cinegéticas e a caça, mais em específico, podem ser geridas de três formas: a partir de reservas Municipais, Associativas ou Turísticas, um método mais comum no sul do país. As atividades cinegéticas têm impacto direto e indireto na hotelaria e restauração. Gastronomicamente, a caça e a pesca têm um peso bastante significativo em muitas zonas do país, uma vez que oferecem matéria-prima para a mesma e havendo historicamente um sem número de receitas associadas a espécies cinegéticas.
Este tipo de turismo tem bastante relevância em zonas pouco desenvolvidas e regiões do interior do país que não têm tantas infraestruturas e empresas que apoiem e ajudem a fazer crescer as populações e a sua qualidade de vida. Tanto em Portugal como na vizinha Espanha, temos zonas bem cotadas e reconhecidas além-fronteiras como verdadeiros pilares deste tipo de atividades e consequente Turismo. Em Portugal, temos uma vila alentejana que é conhecida como “Capital Nacional da Caça”, a vila de Mértola. Esta é uma vila que se foi desenvolvendo em volta desse mesmo título e dos benefícios que dele advêm. Foi com este título, do qual se orgulham visto ser fruto de um trabalho de gestão muito cuidado e bem conseguida, que conseguiram também dar a mostrar a vila de Mértola, dinamizando-a com feiras e eventos temáticos de dimensão considerável e apelativos a vários tipos de turistas, mas essencialmente de apreciadores destas atividades cinegéticas.
Este é um tipo de atividade com exploração a cargo dos municípios, em muitas zonas e locais do país, e que por isto poderia motivar a um maior investimento por parte das câmaras, por forma a dinamizar as localidades e os negócios nas suas imediações. Uma gestão cuidada de espécies e terrenos com fins cinegéticos poderia tornar muitos lugares mais recônditos do nosso país em focos de grande atração pela sua beleza intrínseca, somada a uma vocação natural para este tipo de práticas e atividades de caráter cinegético, como a caça e pesca. Acho, por tudo isto, que seria um setor bastante importante e a apostar para muitas populações do país e localidades menos desenvolvidas, como forma e oportunidade para as mesmas terem outras fontes de rendimentos e possibilidades de negócio em volta da restauração, hotelaria e serviços em geral.

António Pedro Vilas Paula Pereira

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

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