quarta-feira, abril 18, 2018

Glamping: o novo paradigma do turismo de natureza

Reconhecido como um dos dez produtos turísticos pelo Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT), o Turismo de Natureza designa todas as modalidades que se baseiam num contacto, mais ou menos direto, com o meio ambiente, como a prática de atividades desportivas ao ar livre, a contemplação da natureza e a observação de espécies animais no seu habitat, mas tendo sempre em atenção a preservação do meio.
Este segmento do turismo assume um papel de destaque na oferta turística do nosso país, sendo Portugal considerado um destino por excelência para a prática do turismo de natureza pelo seu riquíssimo património natural, pela enorme variedade de paisagens e elevada diversidade de habitats naturais. É importante salientar que, segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), cerca de 21% do território português é formado por áreas classificadas com fortes valores naturais e de biodiversidade a nível de fauna, flora e de qualidade paisagística e ambiental.
A motivação do turista que escolhe este tipo de modalidade é a vivência de experiências de grande valor simbólico, interagindo e usufruindo da natureza. Mas já lá vão os tempos em que este contacto com o ambiente implicava passar do conforto do lar para pernoitar numa tenda ao ar livre, desprovida de condições e sujeita a alterações climatéricas. Hoje em dia, já é possível dormir em tendas com o mesmo conforto e comodidade de um hotel de cinco estrelas, o chamado glamping. Esta nova tendência turística surgiu como tentativa de resposta às limitações do campismo tradicional, conjugando o conforto e glamour com a experiência de contacto com a natureza.
As opções mais populares são as tendas caraterísticas dos índios americanos, as Tipi, bem como os Yurts, as tendas tradicionais da Mongólia, no entanto, existem outras opções mais exóticas e fora do vulgar, como roulottes ciganas e até carrinhas de bombeiros. Em Portugal, o número de opções tem vindo a aumentar ano após ano e, de norte a sul e até nas ilhas, existem inúmeras propostas que proporcionam aos amantes da natureza momentos de absoluta descontração. A norte do país, mais precisamente em Entre Ambos-os-Rios (Ponte da Barca) e inserido no Parque Nacional da Peneda Gerês, encontra-se o Lima Escape, que disponibiliza aos seus visitantes dois tipos de tendas: as Tipi, decoradas com um estilo mais oriental e as Glamour Bell com 5 metros de diâmetro. Este empreendimento possui ainda uns antigos contentores marítimos revestidos a madeira suspensos no meio de carvalhais à beira do rio Lima. Também no Nomad Planet, em Fiães do Rio (Montalegre), os turistas podem desfrutar da vista panorâmica para o Parque Nacional da Peneda Gerês a partir de Yurts ou da casa da árvore Toca do Lobo. Este glamping criado há cerca de três anos, tem uma taxa de ocupação próxima dos 100% nos meses de verão e tem registado um aumento da procura de ano para ano, quer pelo mercado nacional quer pelo mercado internacional, principalmente o alemão, holandês, francês e espanhol.
A 925 m de altitude, numa localização privilegiada da Serra da Gardunha, virado a norte, com uma vista esplendorosa sobre a Serra da Estrela, encontra-se o Natura Glamping. As tendas são em forma Domos Geodésicos, uma espécie de iglô gigante, compostas por duas camas de casal, uma área de banho privativa com duche de hidromassagem, janela panorâmica, salamandra e ainda uma área de estar. Os valores por noite rondam os 120 euros, de segunda a quinta-feira; já ao fim de semana ultrapassam os 160 euros.
No sul do país, situado no coração do Algarve, a pouca distância da cidade de Silves e não muito longe do litoral e da Serra de Monchique, o Eco-Lodge Brejeira oferece uma experiência original: dormir numa roulotte cigana ou numa carrinha de bombeiros, que outrora foi utilizada pelos bombeiros alemães e que agora foi convertida numa pequena autocaravana.
Apesar do glamping ser uma alternativa ao campismo tradicional, percebe-se facilmente que não é uma alternativa propriamente barata. No entanto, dadas as comodidades que os alojamentos oferecem e que, em parte, são semelhantes às condições oferecidas pelos hotéis de luxo, acaba por ser uma opção mais económica para quem pretende uma experiência única!

Francisca da Silva Fernandes

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

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