segunda-feira, abril 30, 2012

Contributo das Feiras do Fumeiro para o Desenvolvimento Regional

O desenvolvimento regional é fundamental para ultrapassar a crise que Portugal atravessa e, com esse objectivo, cada região tenta desenvolver-se através do seu potencial turístico aproveitando algo que a diferencie das outras, como a sua história, monumentos, gastronomia. Quando a região não dispõe desse factor diferencial, ele é inventado, como, por exemplo, Óbidos que criou o festival do chocolate com o objectivo de atrair um número maior de turistas, mas o chocolate não tem nenhum relacionamento com a história da cidade.
Várias regiões usam, para atrair turistas, as Feiras do Fumeiro que, apesar de serem realizadas em muitas regiões têm sempre bastante afluência. Normalmente, quando há um grande número de regiões que apresentam o mesmo tipo de oferta turística, acabam por não ter sucesso nos seus projectos ou umas terem mais que outras pois o turista não tem interesse em visitar vários sítios para ver uma coisa que já viu no primeiro sitio onde esteve.
Existem, em Portugal, vários locais onde se realizam Feiras do Fumeiro, sendo estes Montalegre, Melgaço, Baião, Vinhais, Vieira do Minho, Boticas, entre outros. Por haver várias Feiras do Fumeiro, principalmente no norte do país, os municípios que as realizam tentam evidenciar outro aspecto que caracteriza a região juntando-o com o fumeiro, como é o caso de Melgaço, onde se realiza a Feira do Fumeiro e do Alvarinho, que é o vinho típico da região. Deste modo o turista já se pode sentir mais tentado a visitar a feira pois, além de provar o fumeiro (que pode já ter experimentado noutra feira), pode também provar o vinho típico da região.
 As Feiras do Fumeiro proporcionam ao turista um ambiente e uma vivência muito típicos dos espaços rurais, coisa que vários desses visitantes não estão habituados pois vivem num ambiente citadino, onde o convívio com os outros habitantes é muito reduzido. Este é um dos factores que mais atrai os visitantes destas feiras pois aproveitam para relaxar e se distanciarem por algum tempo da vida stressante da cidade.
Estes eventos são muito vantajosos para a cidade que o organiza e para a região pois, além de atrair vários turistas durante a feira, podem provocar neles vontade de regressar noutras alturas do ano, aumentando o turismo da região e contribuindo bastante para a economia local.
A mostra dos produtos leva a que os visitantes, se gostarem deles, os comprem durante o ano e não apenas durante a feira e, por isso, a economia da região beneficia com a Feira do Fumeiro assim como os produtores, que vendem os seus produtos em maior número. São estes os grandes objectivos destas feiras: a mostra dos produtos regionais e da região em si. Se gostarem da feira e da região, os visitantes podem voltar nos anos seguintes e, ainda, levar outros visitantes, fazendo com que a feira tenha cada vez mais sucesso e que o turismo da região aumente, assim como a venda dos seus produtos.
Deste modo as Festas do Fumeiro são muito benéficas para o desenvolvimento das regiões, pois servem para que estas sejam mais conhecidas no exterior e suscitem o interesse dos turistas para que as visitem e, também, adquiram produtos que sejam nelas produzidos.
Para que as regiões se desenvolvam é necessário que se mostrem para o exterior e que encontrem formas de atrair visitantes. Existem várias formas de fazer com que isso aconteça e a realização das Feiras do Fumeiro é uma boa forma pois, além de darem a conhecer a região, fazem com que os visitantes provem a gastronomia e os produtos regionais podendo aumentar bastante a sua comercialização fora da região e até do país.
O facto de haver vários locais a realizar este tipo de feiras pode ser um factor negativo pois se não houver algum factor que os diferencie, como já foi referido anteriormente, os turistas podem não se sentir motivados a visitar todas ou grande parte das feiras do fumeiro.

Rui Pereira

(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)

A Estação Ferroviária do Arco de Baúlhe – um Exemplo de Valorização Histórico-Cultural de uma Região

Encerrada em 1990 por questões económicas, a Linha do Tâmega foi em tempos uma ligação muito importante entre os municípios de Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto e Amarante. O tráfego ferroviário de passageiros e mercadorias passou de um realidade que durou cerca de 81 anos para uma mera miragem interpretada como o atrasar do processo de desenvolvimento da sub-região do Tâmega.
Foi enorme o investimento feito na linha, quer no material dos próprios carris quer nos belos materiais que compõem ainda hoje as inúmeras estações que a alimentaram durante o século XX. A realidade actual é deprimente: a maioria das estações e apeadeiros foram esquecidos e estão a ruir. O que fazer para contrariar este fenómeno?
A estação do Arco de Baúlhe será talvez aquela que melhor estado de conservação demonstra, podendo servir mesmo de exemplo e modelo de reabilitação de espaços carregados de cultura e história. Tanto os espaços exteriores como os interiores mereceram a atenção da autarquia de Cabeceiras de Basto nos momentos de recuperação da estação, projecto este que visou a reconverção no Museu “Terras de Basto”. O Núcleo Museológico de Arco de Baúlhe ocupa as antigas instalações de estacionamento de material circulante da estação e reflecte os costumes, as práticas culturais e os momentos de história protagonizados pelo povo das Terras de Basto.
A antiga estação do Arco de Baúlhe é nos dias correntes ponto de paragem para turistas que visitam e usufruem das qualidades da sub-região do Tâmega mas também para as visitas de estudo das escolas locais, onde os alunos aprendem um pouco da história dos antepassados mais chegados.
Ao contrário do que seria de esperar, a estação não morreu mas, graças ao excelente trabalho da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, ela permanece cheia de vida e tem forte presença na vida e no orgulho dos habitantes da região. O museu criou algum emprego qualificado (guias) mas também algum pouco qualificado (manutenção e limpezas dos espaços interiores e circundantes), atrai turistas para a região, que “vestem a pele” de consumidores do comércio e dos serviços locais. Para além de tudo isto, é bom ter noção que caso este cenário nunca se tivesse desenvolvido teríamos hoje mais uma estação arruinada e portanto um ponto negro no mapa.
Embora o exemplo de Cabeceiras de Basto seja muito bom, não é único. Uma das modas nos processos de recuperação de linhas de ferro desactivadas é as ciclopistas. A linha do corgo é um excelente exemplo no Norte de Portugal, dada a construção da pista de ciclismo de 6 km que liga Vila Pouca de Aguiar a Vidago, paralela à linha férrea que ligou estes dois pólos urbanos e encerrou a 1 de Janeiro de 1990. Mas para além destes exemplos surgem outros, desde a conversão das estações em moradias, espaços de comércio e serviços locais. A principal preocupação deve passar por jamais deixar os espaços destinados ao abandono e à ruína. O panorama geral da Linha do Tâmega é preocupante pois apenas duas ou três estações são utilizadas, num percurso de 58 km. É necessário dar vida aos locais que no passado foram alvos de grandes investimentos por parte do Estado Português e que ainda reflectem belos traços de arquitectura estrutural, passando por aí também a valorização dos valores culturais, históricos e territoriais das populações assim como o seu contributo para a economia local.

André Filipe Castro Pereira

(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)

domingo, abril 29, 2012

Desenvolvimento Rural em Portugal

O conceito de desenvolvimento rural tem sido um motivo de reflecção na Europa e um pouco por todo o mundo. O conceito poderá ser definido, de uma forma simples, como a melhoria das condições de vida dos residentes nas áreas rurais, integrando a economia, a cultura e a política destas regiões. Onde temos que considerar a relação com a natureza, a responsabilidade cívica em áreas que não são densamente povoadas e que dependem do urbano, ou seja, o seu perfil de desenvolvimento depende da dimensão das cidades de proximidade.
O rural não é todo ele homogéneo, nem deve ser encarado como tal. Devemos olhar para cada caso específico com um objecto de análise, física e humana do espaço, tal como é difícil chegar a um consenso na definição de rural, talvez porque existam ‘vários rurais’, e cada um deles com características únicas; as tradições, a paisagem, a economia, a agricultura entre outros factores que contribuem para grandes diferenças num pais tão pequeno. Até se torna desconcertante em alguns casos mencionar o desenvolvimento, pois este não existe e parece não ter forma nem lugar. No entanto, noutros locais, este desenvolvimento é visível e muito bem aceite pelas suas populações.
Relativamente aos programas de financiamento, as políticas mais relevantes no contexto europeu são as políticas agrárias da PAC (Politica Agrícola Comum), que está idealizado para englobar todos os países, independentemente da sua escala, mas que não vai de encontro ao financiamento das pequenas explorações, uma realidade bem presente no Norte de Portugal, (minifúndios). Contamos ainda com o programa das políticas estruturais de desenvolvimento regional e as políticas de coesão económica e social do QREN (Quadro de Referência Estratégica Nacional). Este disponibiliza um pacote de ajudas destinadas ao sector agrário e meios rurais, através do FEDER (Fundo de Desenvolvimento Regional), do LIDERII (Ligação entre acções de Desenvolvimento da Economia Rural), entre outros, com o principal objectivo de fomentar o desenvolvimento rural.
Em Portugal muito se tem debatido a necessidade de desenvolver o espaço rural, sendo este vasto e bastante diversificado, grande parte em condições de abandono, com uma população bastante reduzida e idosa, pois existem aldeias onde não nasce uma criança há mais de cinquenta anos. Temos assistido a vários projectos de reabilitação ou valorização do património rural, com o principal propósito de incentivar o turismo, o TER (turismo em espaço rural). O TER é sem dúvida uma oportunidade de desenvolvimento rural, aliado a uma divulgação adequada e a bons produtos turísticos, que podem dinamizar uma área rural, na criação de emprego, na procura dos produtos locais, entre outras actividades que ajudam no desenvolvimento económico dessas localidades. Mas esta actividade turística em espaço rural não tem só vantagens. A mudança dos hábitos quotidianos dos habitantes locais é um dos principais transtornos.
A agricultura e a silvicultura deveriam ser valorizadas em Portugal, sobretudo com o objectivo de promover um melhor desenvolvimento rural. Embora o espaço rural não seja apenas agricultura ou silvicultura, pois sempre estiveram presentes, sendo estas fontes de rendimento das populações e de subsistência, formas de desenvolvimento sustentável, aproveitando recursos sem os esgotar e preservando a paisagem na utilização de terrenos cultiváveis.
Actualmente em Portugal temos assistido ao apoia do governo aos jovens agricultores através do PRODER (Programa de Desenvolvimento Rural), defendendo que a revitalização do tecido produtivo no sector da agricultura, em Portugal, é uma prioridade do desenvolvimento económico. Sendo um excelente princípio, na minha opinião, basta olharmos para os países mais desenvolvidos para perceber que a agricultura é uma base económica importante.
Mas os jovens agricultores representam 2,9% dos agricultores em Portugal, o que relativamente aos outros países da União Europeia é insuficiente. Contudo, estes trazem mais conhecimento ao sector, mais inovação, novas ideias, que são sempre bem-vindas. Na minha opinião, a agricultara deve fazer parte do plano de desenvolvimento rural em Portugal, de uma forma sustentada, impulsionando a economia rural na criação de emprego, na fixação de população, sendo esta, uma forma de autonomia local e regional no território rural do nosso país.

Alice Prata

(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)

quinta-feira, abril 26, 2012

Company cultures

"Company cultures are like country cultures. Never try to change one. Try, instead, to work with what you've got." 

Peter Drucker

(citação extraída de SBANC Newsletter, April 24, 713-2012, http://www.sbaer.uca.edu)

terça-feira, abril 24, 2012

Haverá soluções para o despovoamento no Interior de Portugal?

Há certas situações em Portugal que parecem não ter volta a dar, um país de assimetrias, sem soluções que as contrariem. O espaço rural em Portugal representa cerca de 80% do território, com diversificados recursos naturais e humanos, que seriam suficientes para suportar um qualquer investimento nesta área. No entanto, há muitas insuficiências económicas e muito poucas apostas em espaços rurais, colocando a vida dos autóctones numa situação desconfortável, sem acesso às mais diversas oportunidades.
O caso do Interior de Portugal, com uma população que depende ou dependia, diga-se assim, maioritariamente da actividade agrícola e que viu a modernização desta actividade afectar o seu bem-estar, ou seja, já não seria precisa tanta mão-de-obra como outrora, nem Portugal desde a entrada na União Europeia produz o mesmo que no tempo do velho escudo.
Associado à falta de produção agrícola, cresceu a indústria, que no fundo foi o motor para o êxodo rural, tal era a sua concentração no litoral. Entre 1960 e 1973 essencialmente, Portugal atingiu uma “fase de ouro” na indústria, em todo o tipo de serviços, têxteis, calçado, plásticos, entre muitos outros. No entanto desde aí, até aos dias de hoje, que o sector secundário tem vindo a piorar e a conhecer cada vez mais deficiências. Ainda assim, parte deste sector a possibilidade de eliminar algumas assimetrias regionais. Para tanto, é necessário fixar indústria no interior do país e se Portugal apostar na inovação da tecnologia ainda podemos ter uma palavra a dizer num mundo tão globalizado.
A total inexistência da indústria no interior, só é contrariada com alguns pequenos estabelecimentos de ordem familiar sem nenhuma técnica avançada, mas que ainda assim assumem alguma importância no rendimento mensal desta população. Ao acreditarmos que a actividade industrial nesta região seria capaz de absorver mão-de-obra local, de aproveitar os recursos locais, ligados nomeadamente à agricultura, essa seria também uma forma de combater o êxodo rural e o abandono de campos agrícolas. Atendendo a que uma indústria sediada numa região onde não existem mais infra-estruturas seria uma óptima forma de a desenvolver, promovendo o aparecimento de outros serviços e oportunidades de emprego. Numa população com melhores condições de vida acaba por ser necessário crescerem serviços que completem essas condições. Há por isso um desenvolvimento saudável da região.
Através do Programa de Desenvolvimento Regional, atribuíram-se subsídios de apoio à instalação de empresas no interior de Portugal, benefícios fiscais às empresas, facilidades de crédito e apoio à formação profissional. No entanto, consta-se neste novo orçamento de estado que esses benefícios tiveram um ponto final. Quando estávamos no caminho certo para combater as assimetrias, voltamos a virar para o caminho errado.
O interior tem a vantagem de estar próximo da fronteira e mais facilmente conquistar o mercado europeu. Há um esforço por parte do poder local em contrariar o que tem vindo acontecer estes últimos anos, mas a necessidade de contrariar tem de passar a ser nacional. Temos que pensar no interior do país como uma prioridade. Os benefícios fiscais eram uma boa política para atrair empresas mas, se já não é possível, devemos pensar noutras soluções, o caso do turismo, por exemplo. Será certamente uma actividade que pode contribuir para o desenvolvimento do interior. Temos cultura, património, ideias e iniciativas. Porque não colocar tudo isso em prática?
Parte de nós enquanto portugueses e não apenas de quem lá vive e sente na pele “virar costas” à procura do litoral como oportunidade. Além disso, o turismo em espaço rural tem ofertas únicas e distintas do comum ‘sol e praia’. É um contacto mais directo com a natureza. É um turismo mais familiar e mais próximo da população. É conhecer por dentro Portugal.“(…) É necessário incentivar acções de promoção das áreas rurais que tenham como finalidade principal a atracção dos naturais dessas áreas, que muitas vezes aí mantêm património assinalável e que poderão valorizar. Esta questão poderá ser equacionada no contexto do turismo em espaço rural, cujo conceito deverá ser alargado, no sentido da diversificação da oferta e da manutenção das características essenciais do mundo rural (…)” (Jorge Gaspar, Geografia e Ordenamento do Território).
Há casos de sucesso a este nível que tive oportunidade de visitar. As Casas do Coro, em Marialva, são um exemplo de aposta que pretende contrariar a falta de dinamismo na região. Pela mão de gestores privados, mantêm a arquitectura externa da casa original e reformam por dentro, adaptando cada espaço e proporcionando sempre o maior conforto. Relativamente a empresas sediadas no interior do país, conhece-se também o famoso caso e muito bem prestigiado dos Cafés Delta: exporta para 35 países; emprega cerca de 3 mil pessoas; e cerca de 50% da população local de Campo Maior trabalha na empresa. São dois exemplos de sucesso no interior de Portugal. Haverá muitos outros certamente. Questiono-me, então, porque não olhar para os bons exemplos e segui-los?
Em suma, há potencialidades e há pessoas qualificadas para atingir bons resultados no interior português, só é preciso que haja oportunidades e incentivos nacionais que contrariem a actual situação.

Rita Freitas

(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)

"Convocatoria a las actividades académicas 2012 en México de la AMECIDER"

«ESTIMADOS SOCIOS Y AMIGOS DE LA AMECIDER E INTERESADOS EN EL DESARROLLO REGIONAL:

Como es ya una tradición para nosotros, después de 17 años, representa una gran satisfacción para la Asociación Mexicana de Ciencias para el Desarrollo Regional A.C., el hacer de su conocimiento el lanzamiento de la Convocatoria Completa del 1er Congreso Iberoamericano sobre Desarrollo Regional: Posicionamiento Mundial y Estrategias, que se realizará en conjunción con el 17° Encuentro Nacional sobre Desarrollo Regional en México, AMECIDER 2012; evento que se llevará a cabo del 3 al 6 de septiembre de este año 2012, en la Ciudad de México, D.F.

El documento completo podrá revisarlo en el siguiente enlace electrónico a la página de la AMECIDER, considerando que la fecha máxima para inscribir su ponencia es el 14 de mayo próximo:


A todos los interesados, se les comunica que la participación en el 17° Encuentro será conforme a todas las bases establecidas en la Convocatoria General que aparece también disponible en una versión en PDF dentro del mismo sitio web de la Asociación, con el objeto de aligerar el peso de los mensajes y que les sea posible descargarlo en línea para una mejor consulta.

Con el más vivo interés de contar con su participación en este amplio foro de discusión y de propuestas viables e indispensables para el logro del tan necesario desarrollo regional y local del país, damos a usted la más cordial bienvenida.

Atentamente

"La Región Hoy"
Ciudad Universitaria, D.F. 23 de abril de 2012

DR. ADOLFO SÁNCHEZ ALMANZA
PRESIDENTE DE LA AMECIDER»

(reprodução de mensagem que me caiu entretanto na caixa de correio electrónico, reenviado por APDR)

segunda-feira, abril 23, 2012

XXXVIII Reunión de Estudios Regionales (Bilbao) – 22/23 noviembre de 2012

«Anuncio importante: XXXVIII Reunión de Estudios Regionales (Bilbao) – 22/23 noviembre de 2012


La XXXVIII Reunión de Estudios Regionales se organiza este año por la Asociación del País Vasco y Navarra de Ciencia Regional y por el Departamento de Economía Aplicada V (Universidad del País Vasco), Orkestra-Instituto Vasco de Competitividad y la Deusto Business School, en forma de un International Meeting bajo el lema The Challenge of Regional Development in a world of changing hegemonies: Knowledge, competitiveness and austerity”. Las fechas son del 22 al 23 de noviembre de 2012 y el lugar de celebración, Bilbao.

Os adjuntamos los trípticos anunciadores y podéis encontrar mayor información en http://www.reunionesdeestudiosregionales.org/. Os rogamos hagáis la máxima difusión posible entre vuestros contactos.
Os recordamos, además, que es preciso registrarse on line para gestionar las cuestiones personales (inscripción y comunicación) relativas al Congreso. Este requisito no será necesario si ya fue realizado en Reuniones anteriores.
Disculpen las molestias que les pueda ocasionar la recepción de este mensaje desde diferentes listas de distribución.

Reservad vuestras agendas!!!

Comité Organizador de la XXXVIII RER»

(reprodução de mensagem que me caiu entretanto na caixa de correio electrónico, proveniente da entidade identificada)

Enoturismo: as Rotas do Vinho em Portugal na valorização das regiões

O Enoturismo é uma actividade de turismo relativamente recente associada à utilização dos recursos vitivinícolas de uma região, na qual o interesse pelo vinho se repercute no conhecimento do produto e até do local e do contexto em que é produzido. Desta forma, o Enoturismo pode ser considerado um produto turístico que se encontra inserido, em simultâneo, no Turismo em Espaço Rural (TER), Turismo de Natureza e ainda no Turismo Cultural. Neste sentido, e apesar da principal motivação do enoturista ser a prova de vinhos de determinada região, aqui também se poderá integrar o contacto directo com o património paisagístico e arquitectónico intimamente ligados com a cultura da vinha e a produção de vinhos.                                       
Uma das faces mais visíveis da prática do Enoturismo em Portugal são as rotas do vinho. Criadas em 1993 e apoiadas pelo programa Dyonisios da União Europeia, estas são constituídas por um conjunto de locais, organizados em rede, devidamente sinalizados, dentro de uma região produtora de vinhos de qualidade, que possam suscitar um efectivo interesse turístico, incluindo 5 locais cuja oferta inclua vinhos certificados, centros de interesse vitivinícola, museus e empreendimentos turísticos, ou seja, qualquer rota deverá ter como objectivo essencial a promoção do desenvolvimento económico, social, cultural e ambiental da região por ela abrangida.             
Apesar das rotas do vinho terem sido criadas com objectivos muito específicos de organização em rede, de desenvolvimento económico, social e cultural da região por elas abrangidas, a verdade é que existem algumas debilidades e alguns obstáculos ao bem funcionamento destas rotas. Enquanto produto turístico, as rotas do vinho em Portugal deparam-se com alguns problemas, nomeadamente ao nível da sua consolidação, uma vez que na falta de regulamentação específica, estas rotas temáticas vêm dependendo das iniciativas dos próprios aderentes, através da formação de Associações de Aderentes, de entidades reguladoras vitivinícolas, como as Comissões de Viticultura Regionais, ou ainda de organismos ligados ao turismo, como as Regiões de Turismo.
Outro dos obstáculos prende-se com a sua actuação, que é bastante dispersa e possui um número significativo de aderentes passivos, em que várias quintas das rotas não recebem turistas e em que em muitas delas não existe um horário para receberem os turistas. Para além disso, há uma falta de competências em turismo por parte dos aderentes, onde por vezes se denota uma comunicação e informação pouco eficazes, que entrelaçados ao alheamento das populações locais e ao reduzido trabalho de “networking” relegam estas rotas muitas vezes para segundo plano.                          
Desta forma, e tendo em conta que o Enoturismo é um produto turístico que tem de ser encarado como tal, significa que a gestão das respectivas rotas requer, fundamentalmente, competências na área turística, pois estas rotas não devem ser vistas como roteiros, mas sim como redes que se integram noutras redes ao nível da oferta turística e vitivinícola, no qual é necessário apostar fortemente na componente experiencial. Uma rota não se deverá afirmar apenas como um número limitado de elementos. A sua imagem global é da responsabilidade de todas as partes envolvidas, até porque a experiência do turista em torno de uma rota vitivinícola não é simplesmente a soma dos resultados das quintas de forma individual” (Brunori e Rosi, 2000), mas a visão global de uma realidade naturalmente indivisível.                                          
Hoje em dia torna-se cada vez mais importante, e até mesmo fundamental, dinamizar, revitalizar e desenvolver actividades tradicionais que se haviam perdido no tempo de forma a valorizar as potencialidades de cada região. O bom funcionamento das rotas do vinho em Portugal irá permitir, por um lado, que os visitantes contactem mais facilmente com o mundo rural e, por outro lado, contribuirá para a preservação da autenticidade das regiões através da divulgação do seu artesanato, do património paisagístico, arquitectónico e da gastronomia, contribuindo, ao mesmo tempo, para o combate à desertificação e aos constrangimentos de algumas zonas mais rurais do nosso país.

Jorge Nunes

(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)

sexta-feira, abril 20, 2012

Falta de planeamento do território: aumento da temperatura no meio urbano

O urbanismo português caracteriza-se, ao longo dos tempos, essencialmente por duas vertentes, a vertente vernácula e a vertente erudita. A vertente vernácula possuiu como característica fundamental a ligação com o território, que passa pela escolha de localizações com características específicas. A vertente erudita passa pela utilização de um sistema ortogonal (características de regularidade).
O actual processo de urbanização, ocorrido por acção antrópica, substituindo o ecossistema natural por estruturas urbanas tem como resultado impactes ambientais a vários níveis, principalmente no que concerne ao clima urbano e consequentemente o desconforto térmico e podendo mesmo causar problemas a nível da saúde.
Estudos efectuados por diversos autores (Oke e Hannell, 1970; Mendonça, 1994; Monteiro 1997; Pitton, 1997; Viana e Amorim, 2008; Amorim, 2005 e 2010; Lima, 2011) demonstram que o fenómeno das ilhas de calor (fenómeno climático do aumento da temperatura que ocorre em centros urbanos, devido à elevada capacidade de absorção das superfícies urbanas) não ocorre apenas nas grandes metrópoles, mas também nas cidades de pequenas e médias dimensões. 
Esta situação deve-se à falta de planeamento dos locais que são alterados, que originam diversos problemas, como, por exemplo, a falta de vegetação ao longo do edificado que prejudica o albedo (quanto maior a vegetação, maior é o poder reflector), logo existe uma maior absorção de calor. A construção de estradas, bem como o desvio de águas por bueiros e galerias e muitas das vezes construções em locais inapropriados, não tendo em conta os cuidados mínimos quanto ao relevo, ao declive e aos locais de nascentes de água, são outros dos muitos problemas. Tal como Amorim (2000) defende, a falta de vegetação nas áreas verdes e nos locais destinados ao lazer também interfere negativamente na qualidade de ambiental dos espaços urbanos. Surge ainda a utilização de materiais na construção, que são inadequados para a região.
Para o combate ao calor que advém do exterior são utilizados refrigeradores, ar-condicionado, entre outros, o que leva a um aumento do consumo de energia, logo a problemática ambiental é inseparável da problemática económica e social.
Alguns locais existentes nas cidades são extremamente inadequados no que concerne ao conforto térmico e torna-se fundamental tomar medidas para que estas situações de temperaturas elevadas sejam amenizadas.
Para melhorar o ambiente térmico urbano estas medidas poderiam passar, por exemplo, por:
- aumento de áreas verdes nas cidades, com a plantação de árvores;
- incremento de corredores verdes;
- utilização de materiais de construção adequados;
- o incentivo a utilização de transportes públicos, o que levaria a uma diminuição da emissão de poluentes;
- Ter em conta a construção em altura, pois quanto mais elevados os edifícios e mais próximos, maior é barreira para a circulação do vento.
O processo de urbanização tem um papel fundamental para a explicação do aumento da temperatura verificado nas cidades, pois a produção do clima urbano é o resultado da radiação recebida e da radiação reflectida pelos locais construídos. Torna-se fulcral pensar e repensar o planeamento das nossas cidades. O urbanismo bioclimático surge como uma resposta a esta necessidade de mudança.

Cláudia Teles

(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)

Como pode promover a energia eólica o desenvolvimento regional?

Como sabemos, desde cedo que o homem utiliza o vento como força motriz para a realização de várias tarefas, que foram sendo cada vez mais fáceis de executar à medida que o homem dominava e percebia o seu potencial de ajuda às actividades humanas.
Hoje em dia, todo o seu potencial está voltado para a produção de energia eléctrica, face à sociedade em que hoje vivemos, ao desenvolvimento tecnológico que usa cada vez mais energia o que provoca um aumento substancial na sua procura, por um lado, e, por outro, levanta um sem fim de questões ambientais pela utilização dos combustíveis fósseis. Devido a estas questões ambientais, à necessidade de Portugal cumprir as obrigações assumidas no protocolo de Quioto e à necessidade de reduzir a sua dependência energética do estrangeiro diminuindo também o défice da balança comercial Portugal, sentiu necessidade de apostar cada vez mais em fontes de energia limpas e inesgotáveis.
Em 2010 a aposta na energia eólica em Portugal reflectia-se em quase 300 parques eólicos, com cerca de 2120 turbinas com uma capacidade de 3897,4 MW, distribuídos pelo continente e ilhas. É a norte do rio Tejo que se encontram a maioria destes parques, aproveitando as condições favoráveis do vento e altimetria, como é o nordeste transmontano. Viseu, Viana do Castelo e Castelo Branco apresentam valores bastantes significativos em relação às restantes regiões de Portugal, o que significa uma mais-valia no desenvolvimento destas regiões já que apresentam problemas relacionados com o envelhecimento, abandono e pobreza das populações.
De facto, Viana do Castelo é um bom exemplo da força que a energia eólica possui para dinamizar as economias locais, exemplo que pode ser adotado por outras regiões que possuam as mesmas condições. Em 2008 depois de já instaladas duas unidades fabris da multinacional alemã ENERCON, a fábrica de pás de rotor e a de torres de betão e com inauguração marcada para esse ano de mais três unidades, as fábricas de geradores síncronos e a de mecatrónica e mais tarde um centro de logística & transporte e um centro administrativo e de formação, o município viu-se na necessidade de encontrar mecanismos para a atracão de mão-de-obra, tal era a necessidade. Uma das soluções pensada foi a de criar carreiras de transportes coletivos alternativas para recrutar trabalhadores dos municípios vizinhos. Isto deveu-se aos 200 milhões investidos pelo grupo ENERCON, criando 2000 empregos diretos e milhares de empregos indiretos, relacionados com a construção e exploração de parques e fornecimento de matérias-primas. Só este pólo industrial representa 2,5% do PIB regional (Minho-Lima).
Mas não é só pelas fábricas construídas que as regiões beneficiam com o aumento da produção de energia através do vento, por um lado, existe a compensação monetária destes parques aos municípios, que representa 2,5% dos rendimentos dos parques e, por outro lado, as terras onde são instalados os parques representam mais um rendimento para o dono das mesmas, já que as aluga a quem explora os parques. Se estes forem instalados em terrenos agrícolas, o dono das terras além de receber o respetivo aluguer pode ainda produzir nas mesmas visto que elas podem ser trabalhadas até à base das torres, duplicando assim o rendimento do proprietário.
Os parques eólicos podem também ser aproveitados turisticamente para dar a conhecer as regiões onde estão implantados. Em Celorico da Beira temos um exemplo de como podem funcionar os parques eólicos no desenvolvimento turístico das regiões, nomeadamente para quem gosta de pedestrianismo. No parque eólico da Serra do Ralo, foi estabelecido um percurso pedestre temático – “Trilho da Serra do Ralo” – sobre energia eólica que dá a conhecer aos visitantes não só a beleza natural da serra mas também como funciona um parque eólico com possíveis visitas a um aerogerador. Foram estabelecidos como objetivos deste parque a promoção do pedestrianismo, a sensibilização das pessoas para a preservação da natureza, a criação do interesse turístico ao redor do parque eólico e informar sobre a energia eólica.
Este tipo de projetos, se forem pensados a uma outra escala, englobando um vasto número de parques eólicos de diferentes regiões, podem servir como uma grande área temática, com a criação de rotas para dar a conhecer ao público não só essas áreas serranas muitas vezes esquecidas, mas também servir como fonte de informação acerca de uma fonte energia limpa, com tudo o que lhe está adjacente.
Sendo assim, a energia eólica é mais uma janela de oportunidades que se abre para o desenvolvimento das regiões.

Nuno Azevedo

(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)

quarta-feira, abril 18, 2012

"The Tourist Potential of the Minho-Lima Region (Portugal)"

«Dear Prof. Cadima Ribeiro,

We are happy to inform you that the book Visions for Global Tourism Industry - Creating and Sustaining Competitive Strategies, ISBN 978-953-51-0520-6, edited by Murat Kasimoglu has been released online.

The permanent web address of your chapter entitled "The Tourist Potential of the Minho-Lima Region (Portugal)" can be reached by clicking on the link

http://www.intechopen.com/articles/show/title/the-tourism-potential-of-the-minho-lima-northern-portugal-region-

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We look forward to going forward with you into a bright future - a future where all scientists can harvest the benefits of sharing their ideas and connecting with their colleagues around the world.

Kind regards,

Ms. Vana Persen
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(reprodução parcial de mensagem que me caiu entretanto na caixa de correio electrónico, proveniente da entidade identificada)

segunda-feira, abril 16, 2012

Eixo Atlântico: "Carta - Congreso CECICN - pt"

«Exmo./a Senhor/a:
 
Como sabe, neste momento estão a discutir-se as regras do jogo tanto políticas como financeiras para o próximo período de programação 2014-2020; discussão que ocorre num momento especialmente difícil, tanto para a Península Ibérica como para o próprio processo de construção europeia.
Lamentavelmente, o contexto da crise atual está a provocar que a construção da Europa social e dos cidadãos, impulsionada por Jacques Delors, esteja a ser substituída pela Europa dos resgates, dos mercados e dos cortes.
Nós, os territórios de fronteira apostamos agora o nosso futuro: ou impulsionamos uma saída da crise que recupere o espírito da construção Europeia na qual temos trabalhado nos últimos 20 anos ou deparamo-nos com uma situação cada vez mais complicada, com os nossos territórios submetidos a decisões puramente economicistas que não terão em conta as particularidades inerentes a todo o território de fronteira.
Face a esta situação, a CECICN (Conferência da Rede Europeia de Cidades Transfronteiriças e Inter-regionais) na qual se integra o Eixo Atlântico, tem elaborado ao longo do último ano um documento estratégico sobre cooperação territorial destinado às Instituições comunitárias e Autoridades nacionais e regionais, onde defendemos as propostas que consideramos que devem integradas no próximo período de programação, em matéria de cooperação territorial. Este documento que denominamos por "Documento Estratégico sobre a Cooperação Inteligente", e que pretendemos que seja um género de Livro branco da cooperação, que pode descarregar-se através do seguinte link e que estará disponível em português e espanhol no próximo mês de maio.
Neste contexto, no próximo dia 25 de Junho na Corunha, organizamos o primeiro congresso europeu de fronteiras intitulado "Congresso das fronteiras europeias: cooperação inteligente", cujo programa anexamos. Este congresso pretende reunir pela primeira vez todas as fronteiras europeias para fazer ouvir a nossa voz num momento crítico.
Não só considero que assistir a este congresso pode ser do seu interesse, como também será muito importante para nós poder contar com as suas contribuições e reflexões nos debates que ocorrerão nos workshops, que foram planeados, precisamente, para dar margem e oportunidade a que todos os assistentes manifestem as suas posições. Estas serão posteriormente enviadas às Instituições europeias e dirigentes políticos. Para se inscrever pode aceder ao formulário de através do seguinte link, em "Registro". 

Por último, agradecia que tal como estão a fazer os nossos parceiros por toda a Europa, divulgue esta informação por todas as pessoas ou entidades que trabalhem no âmbito fronteiriço e da cooperação, e que possam estar interessadas em participar no mesmo, ou pelo menos conhecer o documento.
Sem outro assunto de momento, na expectativa de nos encontrarmos na Corunha, receba os meus mais cordiais cumprimentos,
Xoán V. Mao
Secretário Geral do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular»

(reprodução de mensagem que me caiu entretanto na caixa de correio elec trónico, proveniente da entidade identificada)

A importância dos Institutos Politécnicos no Desenvolvimento Regional: o caso do Instituto Politécnico de Bragança

Os Institutos Politécnicos (IP) estão enquadrados no Ensino Superior Politécnico que se faz representar pelo Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), e tem uma forte representatividade na vida social de uma determinada Região ou Cidade. Os  IP são meios de desenvolvimento importantes a vários níveis, criando uma dinâmica ao nível populacional, económico, e uma comunicação saudável entre todos os agentes económicos incorporados dentro de uma determinada Região. Em Portugal a complementaridade entre todos os Politécnicos e Universidades cria um desenvolvimento de toda a área fazendo com que se multiplique a oferta de mão-de-obra qualificada para vários segmentos de mercado, sendo possível uma adaptação ao mercado externo sempre que exista essa oferta ou procura.
O Instituto Politecnico de Bragança (IPB) é um exemplo prático de como a existência de um meio de formação qualificado pode ajudar no desenvolvimento de uma Região, tornando o Nordeste transmontano uma região competitiva ao nível da oferta qualificativa e na atração de população jovem, isto para um meio que lida diariamente com a sombra da desertificação na sua sociedade. O IPB conta para isso com várias Escolas ligadas aos campos da Educação, Saúde, Tecnologia e Gestão, Comunicação, Administração e Turismo, e por fim a Escola Agrária. Claro que estas Escolas, por abordarem áreas e métodos de estudos diferenciados, tornam a qualificação pessoal muito mais diversificada, ajudando assim numa maior oferta para a região em termos de mão-de-obra qualificada. Muita desta mão de obra qualificada acaba por se tornar Professor ou investigador nesta instituição de estudo, levando a que a região venha a ganhar a vários níveis. Um exemplo pratico é a captação de investigadores com o fim de desenvolverem trabalhos práticos ao nível regional, contribuindo assim para um conhecimento mais enriquecedor de toda área, com isto vai haver um acréscimo de população em toda a área, e ainda haverá um economia local que funcionará e enriquecerá com este aumento.
O IPB está localizado com o seu polo principal em Bragança, contudo existe uma Escola, a de Comunicação, Administração e Turismo, em Mirandela, que fica a cerca de 50 quilómetros de Bragança. Esta descentralização do IPB para Mirandela foi feita com o intuito de tornar esta cidade um elo de ligação entre toda a região transmontana, e como forma de dar alguma relevância a uma cidade que se pensava que no presente iria ser mais importante em toda a região.
Podemos concluir então que os IP são importantes para a dinamização das regiões e complementam algumas Universidades já existentes, levando a cabo vários projetos de intercâmbio entre a sociedade e as instituições. O IPB não foge á regra e faz-se representar nestes parâmetros de formar viril, contribuído para todo o enriquecimento de uma Região e para solidificação de uma imagem de marca entre a cidade e esta instituição, o que leva a pensar que o caminho traçado é o ideal para desenvolver outras regiões que se enquadrem neste tipo de situação.

Luis Marques

(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)

domingo, abril 15, 2012

A Política dos Solos e o Sistema Económico

É do conhecimento geral que a crise financeira iniciada no ano de 2008 fomenta muitas opiniões e debates bem como está na origem de muitos documentos escritos sobre essa matéria por muitos autores, alguns publicados, em que, na generalidade, podemos destacar no seu discurso quatro pontos fundamentais: em primeiro, o consenso de que esta crise foi gerada pelo sector imobiliário, devido ao inflacionamento excessivo do preço dos imoveis; segundo, que este aumento dos preços levou a uma procura de investimento pelas famílias mais jovens, pela via hipotecária; terceiro, a constante “financeirização do imobiliário” veio diminuir em alguns países o importante mecanismo de planeamento e ordenamento do território e as políticas urbanistas; quarto, a rutura do financiamento hipotecário levou a uma destruição da estrutura económica dos países em que o sector imobiliário e da construção representam elevadas percentagens do produto interno bruto (PIB).
Este paradigma de crise imobiliária veio gerar muitas preocupações na economia e nas questões de planeamento e ordenamento do território, pois é uma questão sensível e que flutua nos ciclos económicos e imobiliários, e também está muito ligada com o valor dos solos e a ocupação destes, uma vez que no passado existiu uma politica dos solos virada para o sector privado e os seus proprietários, sendo a parte estatal muito prejudicada e sem opinião. Esta visão está a mudar e, hoje em dia, já se conhecem novas leis e politicas que mudam esta antiga onda de pensamento e que visam uma melhor redistribuição de mais-valias e um melhor equacionamento dos valores dos solos e o seu uso, bem como a perequação usada nos instrumentos de gestão territorial.
Estes assuntos revelam-se de extrema importância se repararmos e analisarmos os dados que revelam que nos anos 90 o valor dos créditos hipotecários para a economia portuguesa seria de cerca de 5 milhões de euros e que em 2008 passaram para 140 milhões de euros, isto é, tivémos um aumento da ordem dos 2.000%.
A escalada dos preços do imobiliário não pode ser explicada por um aumento dos custos de construção, pois estes mantiveram-se estáveis. Encontra-se a explicação nos custos do solo, que inflacionaram estes preços de forma drástica.
É sem duvida do conhecimento que grande parte do motivo do crescimento da divida que afeta a economia portuguesa teve origem no crédito hipotecário, e pode-se dizer que o mercado imobiliário serviu de canal de transporte de capitais financeiros da economia produtiva para agentes não-produtivos dedicados à especulação dos valores do solo e suas benfeitorias edificadas.
Portugal enfrenta hoje uma era em que vários ciclos se invertem. Inverte-se o ciclo financeiro, com o contrair do crédito hipotecário, depois de duas décadas de expansão. Por ligação, inverte-se também o ciclo imobiliário e também o ciclo da construção, que era outrora o motor da economia e nos dias de hoje prepara-se para ser substituído por outro sector.
Este paradigma conduz a novos desafios para o planeamento urbanístico e para o ordenamento do território. É importante também conduzir estes processos e esta política o mais corretamente possível, e recorrendo aos mecanismos técnicos, tendo também sempre presente a economia e as políticas urbanísticas.
A conceção da nova Lei dos Solos vem tentar dar solução e incrementar novas técnicas e politicas que visam, com base em documentos e medidas anteriormente propostas pelo CNADS, datado de 2009, e pelas medidas preconizadas pelo Programa Nacional de Politica de Ordenamento do Território (PNPOT), bem como em todo o conhecimento adquirido pelos anteriores pensamentos e experiências realizadas e resultados obtidos, uma melhor gestão, um melhor equilíbrio na distribuição e ocupação dos solos e também um desenvolvimento mais compacto e policêntrico, uma participação mais visível da comunidade nas políticas de solos e nas mais-valias geradas pelo planeamento urbanístico da administração pública; e, ainda, clarificar o conceito de menos-valia urbanística, adequar os Instrumentos de Gestão Territorial ao contexto do mercado imobiliário, reforçando a sua transparência, sendo estes pontos importantes que a nova lei dos solos possa ajudar e contribuir para uma melhor Politica de Solos.
É sem dúvida importante darmos mais importância a estas matérias muito sensíveis e de grande impacte social e económico, que podem dar origem a grandes mudanças na estrutura económica e produtiva de um país ou de uma sociedade.

Bruno Araújo

Bibliografia
AMARAL, P. (2011) – Análise das relações da política de solos com o sistema económico, Documento técnico, DGOTDU, 5/2011.

(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)

Impacto do Rally de Portugal na economia e no desenvolvimento local?

Este é um tema que surgiu em conversa com os meus amigos no Fafe World Rally Sprint, uma semana antes do início do Vodafone Rally de Portugal. Será que o Rally tem impacto na economia e no desenvolvimento regional?
O impulso final para escrever sobre este assunto foram as declarações na televisão do Presidente do ACP, Carlos Barbosa, que manifesta um grande interesse em que o Rally de Portugal retorne ao Norte, mas que no próximo ano era manifestamente difícil devido à ‘falta de tempo’. Carlos Barbosa realça o facto de que desde 2007, e de uma consistente, o Vodafone Rally de Portugal é o acontecimento desportivo com maior retorno económico desde o Euro 2004. Mesmo tendo diminuído o orçamento para 3,5 milhões de euros, a expectativa é de que a prova tenha um retorno de 95 milhões de euros em 2012.
No âmbito do Protocolo Especifico de Cooperação entre o ACP e o Centro Internacional de Investigação em Território e Turismo da Universidade do Algarve, foi realizado em 2010 um estudo, que contou com a coordenação de Fernando Perna, com base numa amostra de 908 pessoas, sendo 228 residentes do Algarve e Baixo Alentejo e 680 não residentes no Algarve e Baixo Alentejo. Nos 3 dias de trabalho de campo, as entrevistas foram feitas em seis zonas de espetáculo, Santa Clara, Silves, Almodôver, São Brás de Alportel, Loulé e Estádio do Algarve. Retirei desse estudo os dados que, na minha perspetiva, eram relevantes para as minhas questões. Dos adeptos não residentes no Algarve e Baixo Alentejo, 53,65% eram portugueses, sendo 35,5% do Norte, 31,1% do Centro, 23% de Lisboa e 6,75% do Alentejo. O segundo grupo com maior número de aficionados era espanhol, com 34,6%, sendo 37,7% da Andaluzia, 18% da Galícia, 9,2% da Estremadura e 6,6% da Catalunha. O terceiro grupo mais significativo era o dos Ingleses, com 3,3%.
Os impactos económicos diretos estimados neste estudo relativos à despesa total associada ao Rally de Portugal 2010, no Algarve e Baixo Alentejo, foram, no caso dos residentes, de 1.318.403 euros, e dos não residentes, de 45.505.705 euros. Os gastos das equipas intervenientes foram 1.819.795 euros, o Road Show no Porto (gastos dos espectadores) situaram-se em 1.523.250, num total de 50.167.153 euros. Valor equivalente em publicidade proveniente das transmissões da comunicação social, Imprensa e TV nacional, 7.864.115 euros, TV internacional 27.167.804 euros, num total de 35.031.919.
No meu ponto de vista, talvez exista um enviusamento na amostra, nela só estão representados cerca de 25% dos residentes, o que acho muito improvável. Se o Rally se desenrolasse no Norte, a percentagem de residentes a assistir seria muito superior. São considerados residentes aqueles que fazem uma viagem de uma a duas horas e voltam para casa e saem no dia seguinte para mais uma etapa ou vão de mota e saltam de classificativa para classificativa mal passam as equipas mais importantes e ainda outros que dormem em tendas, sacos cama, ao relento e dentro do carro, enquanto aguardam pela passagem dos concorrentes. Neste grupo também estão inseridos muitos espanhóis, porque só andado de ‘casa às costas’ é que se consegue acompanhar o rali o mais possível, sendo o principal gasto com o combustível a alimentação e bebidas, que muitas vezes vêm de casa ou são compradas num supermercado.
Embora não tenha acesso à ficha técnica deste estudo, é possível que exista um enviesamento da amostra, provocado por um elevado número de entrevistas feitas no Estádio do Algarve, que alteraria por completo o peso das despesas em cada item, como alimentação e bebidas, alojamento, transportes, Merchandising, animação e compras.
O valor ‘médio’ apontado no estudo, para os não residentes, é de cem euros por dia, que acho exagerado. Assim como os valores estimados como ganhos de publicidade devido às transmissões da televisão e imprensa nacional e estrangeira, embora o retorno publicitário para os principais patrocinadores como a Vodafone esta sempre assegurado.
No meu ponto de vista, o Rally tem um baixo impacto na economia local, embora exista um elevado número de assistentes. Deveria ser feito um estudo junto dos hoteleiros para fazer uma estimativa mais aproximada do número de camas ocupadas relacionadas com o Rally. O retorno em termos turísticos a longo prazo é algo que não se sentiu nos locais anteriormente usados no Norte e Centro de Portugal nas provas do Rally de Portugal. A publicidade proveniente do visionamento na televisão em Portugal e no estrangeiro, associada a paisagem característica destes locais, a sua gastronomia, o seu artesanato e outras potencialidades endógenas, seria uma forma de desenvolver a economia da região em que se desenrola o Rally. Não nos devemos centrar apenas na prova e no aspeto desportivo desta, porque só tem uma duração de três dias, mas sim nas potencialidades do território em que esta se desenrola.

Paulo Azevedo

Bibliografia (Sítios):

(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)

Da energia ao desenvolvimento regional

A energia ocupa atualmente uma grande parte das preocupações mundiais, não só pela necessidade da sua sustentabilidade mas também porque faz parte do paradigma de crescimento e desenvolvimento da sociedade atual. Ela é, por isso, indispensável à nossa sobrevivência. Esta situação tem vindo a provocar o aumento exponencial do consumo de energia o que, consequentemente, provocou um aumento na procura, principalmente pela economias emergentes mas não só, também à medida que ficamos cada vez mais dependentes de novas tecnologias.
Este consumo global de energia, principalmente obtida através da queima de combustíveis fósseis, sendo um recurso limitado e proveniente de regiões muito instáveis, provoca nos países importadores uma total dependência, estando sempre sujeitos às variações de mercado destas matérias-primas. Para colmatar esta situação a União Europeia definiu em 2007 uma nova política energética, denominada estratégia 20-20-20, ou seja, reduzir em 20% a energia com origem em combustíveis fosseis, aumentar em 20% o peso das energias renováveis e reduzir em 20% as emissões de gases com efeito de estufa. Portugal, seguindo orientações de políticas europeias, definiu em 2010 as grandes linhas estratégicas para a energia, com a resolução do conselho de ministros n.º 29/2010 (que veio substituir uma anterior), de 15 de abril a ENE 2020 (Estratégia Nacional para a Energia), que assenta fundamentalmente em cinco eixos:
Eixo 1 – agenda para a competitividade, crescimento e a independência energética e financeira;
Eixo 2 – aposta nas energias renováveis;
Eixo 3 – promoção da eficiência energética;
Eixo 4 – garantia da segurança de abastecimento;
Eixo 5 – sustentabilidade económica e social.
Então, como é que a energia pode funcionar como uma alavanca para o desenvolvimento regional, principalmente com as energias renováveis? Como referem Dell, G., Egger, C. e Öhlinger, C., a proximidade das regiões aos diversos agentes contribui claramente para a realização dos objetivos energéticos propostos, neste caso, das políticas europeias e nacionais. Em contrapartida, a existência destes mesmos objetivos favorece o desenvolvimento regional, dando também um impulso necessário à economia local. Então, por um lado, temos a energia a ‘pedir’ projectos de nível regional ou local aos intervenientes ativos para a sua produção, nomeadamente através de pequenas e médias empresas que servirão como âncoras de atração para outro tipo de empresas, nomeadamente as de investigação & desenvolvimento. Por outro lado, assistimos à capacidade de fixação e atração de cada vez mais pessoas para estas unidades de produção, quer seja de pessoal especializado ou não, mesmo estando localizadas longe dos grandes centros urbanos.
Muitos destes projectos são capazes de atrair não só mão-de-obra que depois servirá para dinamizar toda uma economia local mas também toda uma indústria turística, sempre à espreita de novos mercados. Temos como um exemplo desta situação a barragem do Alqueva (central hidroeléctrica), que além de dinamizar o sector primário dinamizou turisticamente toda a região, e com um potencial de crescimento enorme. Independentemente da localização geográfica de cada um, quem é que nunca foi ao Alqueva em jornada para o dia inteiro?
Podemos dizer então, com toda a certeza, que a aposta nas energias renováveis é uma mais-valia para o país, já que reduz a dependência energética externa, ajudando-o também a diminuir os gastos pela redução na aquisição de direitos de emissão de CO2 e, por outro lado, é uma mais-valia para as regiões porque vai incentivar o investimento, criando riqueza e emprego.
Nuno Azevedo

(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)

“Potenciais Impactos para Guimarães do Acolhimento da Capital Europeia da Cultura 2012: uma análise baseada em experiências anteriores”

«Prezados colegas:

Atrasado, mas, enfim, está on-line o seu artigo. Em breve, o outro número estará publicado.
«Veja no seguinte endereço:

http://200.129.168.8/ojs/index.php/usp/issue/current

Já estamos aceitando o envio de novos artigos. Segue, logo abaixo, as normas para publicação.

Att
--
Prof. Dr. João Batista Neto
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NORMAS
As normas técnicas para publicação na Revista Eletrônica de Turismo Cultural são as mesmas para a publicação na Biblioteca Digital da USP e estão disponíveis no seguinte site:
http://www.teses.usp.br/info/diretrizesfinal.pdf
Lembrando que no caso de artigos, eles devem ter:
* No máximo, 20 páginas;
* Margens direita e inferior com espaçamento de 2,0 cm;
* Margens superior e esquerda com espaçamento de 3,0 cm;
* Tamanho do papel é A4;
* Alinhamento justificado;
* Espaçamento duplo;
* Fonte Times New Roman 12 para o corpo do texto;
* Fonte Times New Roman 10 para citações e títulos para as imagens e gráficos;
* Espaço de 0,6 cm entre os parágrafos.»

(reprodução de mensagem que me caiu entretanto na caixa de correio electrónico, proveniente da entidade identificada)

sábado, abril 14, 2012

Ex-SCUT A22 e a recessão do Algarve Internacional

O Turismo constitui o motor económico do Algarve, fruto da conjugação de uma série de factores climáticos, territoriais e paisagísticos. Afluem ao Sul de Portugal todos os anos milhares de turistas de nacionalidades distintas mas sobretudo ingleses, espanhóis, alemães e holandeses. A Região assumiu nos últimos anos valores de crescimento populacional e qualidade de vida comparáveis à Grande Lisboa e ao Grande Porto mas que ameaçam estagnar graças à barreira criada pelo Governo português: as portagens na Ex-SCUT A22, que liga Vila Real de Santo António a Lagos. A Via do Infante foi até Dezembro de 2011 um acesso privilegiado para turistas nacionais e internacionais pelas suas excelentes condições, onde se incluía a gratuidade de utilização. A autoestrada tem perante a economia do Algarve um papel crucial dado que actua como uma espécie de convite de entrada naquele que pode ser apelidado como o “El Dorado” português, dada a facilidade e o conforto que proporciona ao utente na entrada numa das áreas mais cobiçadas da Península Ibérica.
 É perante este cenário positivo que em Dezembro de 2011 o Governo Português decide acabar com a SCUT A22, passando a cobrar a utilização da via de acesso àquela que é uma das regiões com maior peso na economia nacional. Passados três meses, já se podem tirar as ilações quanto às medidas tomadas na via: em comparação com o primeiro trimestre de 2011, a A22 perdeu cerca de 56,3% do tráfego (Público, 2012). Ou seja, turistas internacionais que gastaram durante anos o seu dinheiro em território português têm agora de pagar um imposto de entrada se o quiserem continuar a fazer. Faz sentido privar turistas de entrar gratuitamente no Algarve quando a competitividade territorial entre regiões nunca se fez sentir de forma tão forte e necessária? O turista vai obviamente optar por zonas do mediterrâneo espanhol onde as acessibilidades são excelentes, ao invés de um Algarve “fechado” pela Ex-SCUT. Mas como se não bastasse de políticas mal empregues, o sistema de pagamento das portagens ainda apresenta deficiências funcionais e de extrema complexidade, resultando em filas intermináveis de viaturas à espera de efectuar o pagamento que deixam qualquer turista com a cabeça em água e arrependidos de escolher o Algarve como destino.
Perante este cenário de pura restrição e selecção de turistas,  tem diminuído a procura do Algarve como destino, os negócios de hotelaria entram em recessão assim como todo o comércio regional, e o desemprego dispara. O turista internacional que paga portagem leva más impressões da região para o seu país, com promessas de não regressar, situação verificada na Páscoa de 2012, com o caos instalado na portagem da Ex-SCUT na ponte do Guadiana.
É imcompreensível como se mantém uma medida que em apenas três meses causou mais estragos do que convenientes. Vale realmente a pena cobrar ao turista por gastar dinheiro, considerado nestes tempos fundamental em Portugal? O Algarve está a enfraquecer e só quem vive a cultura algarvia parece tomar medidas para tentar contrariar a situação. Exemplo disso é a campanha “Há um Algarve sem Portagens”, em Espanha, onde se ensina aos turistas rotas alternativas às portagens da Via do Infante, que tanto os confundem. Muitas são as vozes que pedem o fim do sistema de portagens na A22, numa tentativa de voltar aos tempos em que o Algarve era um destino muito procurado pelos turistas estrangeiros e com eles o seu capital se tornava essencial e de extrema importância na economia regional mas também nacional. 

André Filipe Castro Pereira

(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)