No momento de crise que o nosso
país atravessa, é necessário que sejam feitos investimentos em várias
actividades com o objectivo de desenvolver as várias regiões. O turismo está a
ser uma grande aposta de Portugal pois praticamente todas as regiões têm algo
que pode ser aproveitado para este fim. A maior parte das cidades aproveita a
sua história, os seus monumentos, para se promover.
É questionável se esta será a
aposta certa ou não havendo, quem defenda que as cidades e regiões não devem
sustentar o seu desenvolvimento apenas no turismo, devendo apostar em
desenvolver outros sectores de actividade para evitar que o país se desenvolva
apenas apoiado na sua oferta turística.
O turismo não pode nem deve ser
a principal aposta de todas as cidades uma vez que, sendo a oferta muito
parecida, o turista não tem interesse em visitar todos os locais. Uma forma de
ultrapassar este problema será a criação de rotas turísticas que compreendam os
vários locais de interesse para se visitar na região. Para isto, as cidades
terão que se promover umas às outras, fazendo com que o turista sinta vontade
de permanecer mais tempo na região.
Actualmente, não se verifica
este cenário porque as cidades olham para as outras como concorrência e não
como potenciais ‘aliadas’ na promoção do turismo da região. Ao haver uma
ligação entre os vários pontos de interesse turístico numa região, os turistas
sentir-se-iam tentados a permanecer mais tempo na região, representando um maior
contributo para o seu desenvolvimento.
Devido à variada oferta
turística de Portugal, é possível criar vários tipos de rotas turísticas e,
assim, atrair turistas com interesses muito variados. Podem ser criadas rotas
relacionadas com os castelos e outros monumentos da época medieval, rotas com
outros monumentos da história mais recente do país, rotas relacionadas com a
produção de vinho, rotas de turismo de natureza, entre outras.
Esta forma de organizar o
turismo poderia não só fazer com que os turistas permanecessem mais tempo na
região como poderia chamar mais turistas, pois a projecção da região para o
exterior seria muito melhor e deste modo o turista viria visitar vários locais
em vez de apenas uma cidade, o que tornaria a visita ao nosso país mais
proveitosa para ele.
Apesar de já existirem algumas
rotas, apenas funcionam como pontos de referência para os turistas, não havendo
qualquer ligação entre elas, pois cada ponto de interesse tenta promover-se
sozinho não existindo qualquer tipo de entreajuda entre eles. Mesmo os pontos
turísticos que pertencem à mesma região não trabalham em conjunto, o que não
favorece o desenvolvimento dessa mesma região. Se monumentos, museus, hotéis,
restaurantes se associassem, isso representaria uma enorme mais-valia para a
região pois permitiria ‘prender’ os turistas na região durante mais tempo, que
se sentiriam tentados a visitar mais locais de interesse que lhes fossem
aconselhados visitar nos locais onde iam.
Numa altura em que duas cidades
muito próximas vivem duas Capitais Europeias, da Cultura em Guimarães e da
Juventude em Braga, nota-se que não há qualquer associação entre elas, mesmo
entre os seus habitantes. Se estas cidades se associassem, isso poderia
contribuir para que os turistas que se deslocassem ao nosso país para visitar
uma das Capitais Europeias visitasse também a outra, podendo isso representar
que passaria mais tempo na região.
Deste modo, na minha opinião, o
turismo numa região deveria ser pensado como um todo, criando rotas turísticas
tanto na região como com outras regiões, e não cada local, cidade ou concelho
individualmente, pois assim o desenvolvimento dessa região seria melhor
conseguido, contribuindo, também, para o melhor e mais rápido desenvolvimento
de Portugal no seu todo, uma vez que o sector turístico é uma das principais
apostas para atingir esse objectivo.
Rui Pereira
(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)
Rui Pereira
(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)
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