O
Turismo constitui o motor económico do Algarve, fruto da conjugação de uma
série de factores climáticos, territoriais e paisagísticos. Afluem ao Sul de
Portugal todos os anos milhares de turistas de nacionalidades distintas mas
sobretudo ingleses, espanhóis, alemães e holandeses. A Região assumiu nos
últimos anos valores de crescimento populacional e qualidade de vida
comparáveis à Grande Lisboa e ao Grande Porto mas que ameaçam estagnar graças à
barreira criada pelo Governo português: as portagens na Ex-SCUT A22, que liga
Vila Real de Santo António a Lagos. A Via do Infante foi até Dezembro de 2011
um acesso privilegiado para turistas nacionais e internacionais pelas suas
excelentes condições, onde se incluía a gratuidade de utilização. A autoestrada
tem perante a economia do Algarve um papel crucial dado que actua como uma
espécie de convite de entrada naquele que pode ser apelidado como o “El Dorado” português, dada a facilidade
e o conforto que proporciona ao utente na entrada numa das áreas mais cobiçadas
da Península Ibérica.
É perante este cenário positivo que em
Dezembro de 2011 o Governo Português decide acabar com a SCUT A22, passando a
cobrar a utilização da via de acesso àquela que é uma das regiões com maior
peso na economia nacional. Passados três meses, já se podem tirar as ilações
quanto às medidas tomadas na via: em comparação com o primeiro trimestre de 2011, a A22 perdeu cerca de
56,3% do tráfego (Público, 2012). Ou seja, turistas internacionais que gastaram
durante anos o seu dinheiro em território português têm agora de pagar um
imposto de entrada se o quiserem continuar a fazer. Faz sentido privar turistas
de entrar gratuitamente no Algarve quando a competitividade territorial entre
regiões nunca se fez sentir de forma tão forte e necessária? O turista vai
obviamente optar por zonas do mediterrâneo espanhol onde as acessibilidades são
excelentes, ao invés de um Algarve “fechado” pela Ex-SCUT. Mas como se não
bastasse de políticas mal empregues, o sistema de pagamento das portagens ainda
apresenta deficiências funcionais e de extrema complexidade, resultando em
filas intermináveis de viaturas à espera de efectuar o pagamento que deixam
qualquer turista com a cabeça em água e arrependidos de escolher o Algarve como
destino.
Perante
este cenário de pura restrição e selecção de turistas, tem diminuído a procura do Algarve como
destino, os negócios de hotelaria entram em recessão assim como todo o comércio
regional, e o desemprego dispara. O turista internacional que paga portagem
leva más impressões da região para o seu país, com promessas de não regressar,
situação verificada na Páscoa de 2012, com o caos instalado na portagem da
Ex-SCUT na ponte do Guadiana.
É
imcompreensível como se mantém uma medida que em apenas três meses causou mais
estragos do que convenientes. Vale realmente a pena cobrar ao turista por
gastar dinheiro, considerado nestes tempos fundamental em Portugal? O Algarve
está a enfraquecer e só quem vive a cultura algarvia parece tomar medidas para
tentar contrariar a situação. Exemplo disso é a campanha “Há um Algarve sem
Portagens”, em Espanha, onde se ensina aos turistas rotas alternativas às
portagens da Via do Infante, que tanto os confundem. Muitas são as vozes que
pedem o fim do sistema de portagens na A22, numa tentativa de voltar aos tempos
em que o Algarve era um destino muito procurado pelos turistas estrangeiros e
com eles o seu capital se tornava essencial e de extrema importância na
economia regional mas também nacional.
André
Filipe Castro Pereira
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