As
Capitais Europeias da Cultura (CEC), eventos culturais de enorme prestígio a
nível europeu são consideradas valiosas oportunidades para regenerar cidades,
melhorar a sua imagem para os próprios residentes e impulsionar a actividade
turística na região. Estes eventos são dotados de uma programação variada e de
elevado nível de qualidade, estimulando o desenvolvimento cultural e regional
das regiões nas quais são realizados.
A
organização destes mega-eventos, como as CEC, são uma oportunidade única para
demonstrar a identidade das cidades em diferentes escalas, quer a nível
nacional como europeu. É muito importante a afirmação da identidade da cidade,
na respectiva marca que é adoptada para a CEC, uma vez que esta constitui um
conjunto de vantagens de promoção da cidade.
Em
todas as CEC foram desenvolvidos logotipos próprios para o evento e, em quase
todas as edições, os elementos gráficos reflectem a relação entre a cidade e o
programa cultural. No entanto, e como afirma Palmer (2004), na maioria dos
casos, foram sempre levantadas questões que vão de encontro aquilo que é a
relação entre a marca do evento e a marca cultural das próprias cidades. Para
isso, é fundamental ter uma especial atenção à forma como são desenvolvidos os
sistemas de identificação gráfica, pois os mesmos devem relacionar-se com a
história da própria cidade, bem como as suas raízes culturais.
A
cidade de Guimarães é, na minha opinião, um caso de sucesso no que concerne ao
sistema de identificação gráfica desenvolvido para o evento durante todo o ano
civil de 2012. A
imagem que marca Guimarães como CEC pode ser moldada e personalizada de acordo
com a vontade pessoal de cada um. Nela existe um conceito baseado no facto da
cidade de Guimarães ser considerada a cidade fundadora da nação, agregada ao
título já conquistado de Património da Humanidade no ano de 2001.
Num
símbolo que reúne marcos históricos importantes e com elevado valor patrimonial,
como é o exemplo da muralha, símbolo da conquista do Património da Humanidade,
o desenho de uma viseira de um elmo que presta homenagem à visão do primeiro
rei de Portugal – D. Afonso Henriques, e a importante figura da fundação de
Portugal sob a forma de um coração, evocando o orgulho do povo vimaranense em
relação à sua cidade, a relação entre a marca do evento e a cidade está
presente e este conceito base é detentor de um estilo gráfico perfeitamente
alterável.
Sendo
assim, e apesar de terem sido criadas 26 versões, com estilos gráficos
diferentes numa primeira fase, este é um numero que apenas enfatiza o facto de
não existir um conjunto fechado de opções, podendo ser um estilo gráfico que
reflicta a diversidade cultural não só da cidade vimaranense, como de Portugal
inteiro e de toda a Europa.
Em
suma, sou da opinião que a marca Guimarães 2012 apela à diversidade cultural,
marcando pela diferença ao não impor um estilo fixo. Esta realidade promove a
participação de residentes e visitantes na divulgação da marca uma vez que em
locais como o posto de turismo de Guimarães e nas lojas tradicionais existentes
no centro histórico da cidade são facultadas todas as ferramentas necessárias,
nomeadamente o coração (símbolo da CEC) em papelão, para que cada pessoa possa
fazer a sua representação do símbolo. Para além de permitir uma participação
activa no evento, esta é uma forma de promoção da cidade bastante interessante,
pois melhora a imagem da cidade, não só para os residentes como também para o
exterior e dá uma nova vitalidade cultural à cidade, impulsionando também a
actividade turística, permitindo à cidade de Guimarães tornar-se num marco
turístico a nível nacional e internacional.
Jorge
Nunes
(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)
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