quarta-feira, abril 04, 2012

Importância da marca Capitais Europeias da Cultura na promoção das cidades: o caso de Guimarães

As Capitais Europeias da Cultura (CEC), eventos culturais de enorme prestígio a nível europeu são consideradas valiosas oportunidades para regenerar cidades, melhorar a sua imagem para os próprios residentes e impulsionar a actividade turística na região. Estes eventos são dotados de uma programação variada e de elevado nível de qualidade, estimulando o desenvolvimento cultural e regional das regiões nas quais são realizados.
A organização destes mega-eventos, como as CEC, são uma oportunidade única para demonstrar a identidade das cidades em diferentes escalas, quer a nível nacional como europeu. É muito importante a afirmação da identidade da cidade, na respectiva marca que é adoptada para a CEC, uma vez que esta constitui um conjunto de vantagens de promoção da cidade.
Em todas as CEC foram desenvolvidos logotipos próprios para o evento e, em quase todas as edições, os elementos gráficos reflectem a relação entre a cidade e o programa cultural. No entanto, e como afirma Palmer (2004), na maioria dos casos, foram sempre levantadas questões que vão de encontro aquilo que é a relação entre a marca do evento e a marca cultural das próprias cidades. Para isso, é fundamental ter uma especial atenção à forma como são desenvolvidos os sistemas de identificação gráfica, pois os mesmos devem relacionar-se com a história da própria cidade, bem como as suas raízes culturais.
A cidade de Guimarães é, na minha opinião, um caso de sucesso no que concerne ao sistema de identificação gráfica desenvolvido para o evento durante todo o ano civil de 2012. A imagem que marca Guimarães como CEC pode ser moldada e personalizada de acordo com a vontade pessoal de cada um. Nela existe um conceito baseado no facto da cidade de Guimarães ser considerada a cidade fundadora da nação, agregada ao título já conquistado de Património da Humanidade no ano de 2001.
Num símbolo que reúne marcos históricos importantes e com elevado valor patrimonial, como é o exemplo da muralha, símbolo da conquista do Património da Humanidade, o desenho de uma viseira de um elmo que presta homenagem à visão do primeiro rei de Portugal – D. Afonso Henriques, e a importante figura da fundação de Portugal sob a forma de um coração, evocando o orgulho do povo vimaranense em relação à sua cidade, a relação entre a marca do evento e a cidade está presente e este conceito base é detentor de um estilo gráfico perfeitamente alterável.
Sendo assim, e apesar de terem sido criadas 26 versões, com estilos gráficos diferentes numa primeira fase, este é um numero que apenas enfatiza o facto de não existir um conjunto fechado de opções, podendo ser um estilo gráfico que reflicta a diversidade cultural não só da cidade vimaranense, como de Portugal inteiro e de toda a Europa.
Em suma, sou da opinião que a marca Guimarães 2012 apela à diversidade cultural, marcando pela diferença ao não impor um estilo fixo. Esta realidade promove a participação de residentes e visitantes na divulgação da marca uma vez que em locais como o posto de turismo de Guimarães e nas lojas tradicionais existentes no centro histórico da cidade são facultadas todas as ferramentas necessárias, nomeadamente o coração (símbolo da CEC) em papelão, para que cada pessoa possa fazer a sua representação do símbolo. Para além de permitir uma participação activa no evento, esta é uma forma de promoção da cidade bastante interessante, pois melhora a imagem da cidade, não só para os residentes como também para o exterior e dá uma nova vitalidade cultural à cidade, impulsionando também a actividade turística, permitindo à cidade de Guimarães tornar-se num marco turístico a nível nacional e internacional.

Jorge Nunes


(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)

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