sábado, abril 11, 2020

Hostels – um Aliado do Turismo ´Low Cost`

As preferências pelo alojamento têm vindo a sofrer mudanças. Se, há algum tempo, o alojamento era um dos entraves em termos de custos para os viajantes mais jovens, tal não se verifica na atualidade com o aparecimento dos hostels. Estes representam um segmento de indústria low cost, que está associado ao crescimento do turismo jovem a nível mundial. Estas faixas etárias da população procuram viajar a preços baixos e ter contacto com os viajantes das diferentes culturas das suas idades.
O alojamento low-cost foi impulsionado pelas companhias aéreas de baixo custo. Estas estão sempre a lançar novas rotas a preços muito apetecíveis, o que significa que o setor hoteleiro tem de se reajustar a esta nova realidade, para impulsionar o seu crescimento e agarrar este novo mercado.
Segundo Dubin (2003) e Rashid-Radha (2015), o termo hostel descreve um tipo de alojamento barato para aqueles que não procuram o luxo nem a privacidade a que estão habituados num hotel comum. Este tipo de alojamento fornece preços convidativos, e socialização. Podemos dizer que os hostels são semelhantes às pousadas da juventude portuguesas, mas com um público-alvo mais abrangente.
Normalmente, em Portugal, os hostels situam-se nos grandes centros urbanos próximos das zonas mais requisitadas por turistas. Muitas vezes, são edifícios no centro histórico, centenários e com algumas caraterísticas do património da cidade, que são requalificados e modificados para dar início a novos projetos modernistas. Volante (2011) constatou que os proprietários dos hostels em Portugal são jovens empreendedores das mais diversas áreas que transpõem as suas experiências das viagens neste ramo turístico.
A preferência dos clientes por este tipo de alojamento está nas vantagens que apresenta, o preço chamativo que oferece, a localização do alojamento face aos transportes públicos, bem como a facilidade de reserva. O tipo de cliente mais habitual neste tipo de alojamento é o Backpacker. Esta é a denominação utilizada a nível internacional para os turistas que viajam de forma independente, flexível e económica. Estes hóspedes apresentam um perfil informal e privilegiam o enriquecimento pessoal e cultural. Quem os recebe tem um papel fundamental na medida em que tem de os fazerem “sentir-se em casa”, visto que quase todos os espaços são partilhados, sendo muito importante que estes se sintam bem.
Estando este segmento de indústria em expansão, os investimentos neste ramo, em Portugal, têm vindo a dar frutos. Segundo avança uma notícia do jornal público, em 2019, Portugal tinha 9 dos melhores hostels do mundo. Desde logo, o hostel “The House Sandeman”, nas caves, em Gaia, arrecadou o prémio do “melhor novo pequeno hostel do mundo”. E para os viajantes solitários também parece não haver melhor do que Portugal, que põe os hostels portugueses no top 10.
Até hoje, no site hostelworld.com, existem 389 hostels em 87 cidades de Portugal. Isto revela a crescente tendência deste tipo de alojamento, que já não deve estar só nos principais centros urbanos de Portugal, mas também noutras cidades. Os hostels são um aliado do turismo low cost uma vez que o setor hoteleiro teve de se adaptar aos baixos preços praticados pelas companhias aéreas, e teve, também, de se ajustar a esta realidade de forma a atrair turistas.
Cada vez mais, este segmento da indústria está a ter sucesso, porque os hostels já não são procurados só por uma questão de preço, mas também pelas questões de cultura e trocas de experiência que proporcionam. Os bons resultados dos hostels portugueses nos “hoscars” revelam que os jovens empreendedores devem continuar a potenciar estes espaços e, desta forma, dar novas vertentes e experiências às cidades portuguesas.

Mariana Fernandes Soares

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2019/2020)

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