A adoção do veganismo –
um estilo de vida que exclui de forma completa qualquer tipo de produto de
origem animal – tem experienciado um crescimento notável, procurado por
indivíduos que, por diversas razões, decidem aventurar-se neste caminho. Ao
contrário do que muitos acreditam, no entanto, o veganismo vai para além da
alimentação, influenciando o dia-a-dia de quem o pratica também ao nível do
vestuário, cosméticos e entretimento. Assim, não é nenhuma surpresa que o
veganismo afete também a forma como as pessoas praticam turismo.
Planear uma viagem é uma
tarefa que requer uma enorme capacidade de organização e preparação, ainda mais
limitada quando se adiciona a questão do veganismo. Com o intuito de melhor
servir estas necessidades, cada vez mais empresas relacionadas com o turismo
prestam atenção aos turistas vegan e
surgem mais agências de viagens especializadas no veganismo, que planeiam
roteiros focados na gastronomia vegan,
bem como passeios sustentáveis. Para quem prefere a independência do planeamento,
também o pode fazer, graças ao desenvolvimento dos meios digitais que
impulsionam o crescimento do número de sites
dedicados a viagens vegan (para
encontrar alojamento, restaurante e roteiro de atividades mais adequados).
Além disso, mais
companhias áreas têm o cuidado de oferecer opções de refeição vegan a bordo, e vários locais de
alojamento procuram fazer com que a estadia nos mesmos seja o mais agradável
possível para estes turistas. Entre estes, destaca-se o Hilton London Hotel,
que adotou diversas alternativas sustentáveis numa das suas suites, incluindo cartões-chave
vegetais, carpetes de algodão ecológico, e material de escritório totalmente
desprovido de vestígios animal. A roupa de cama, os produtos de limpeza, e as
cabeceiras das camas (tipicamente fabricadas a partir de couro) são outros
detalhes tidos em atenção.
O turismo vegan permite que os turistas que seguem
este estilo de vida consigam desfrutar das suas viagens sem qualquer receio,
tornando a cultura de outros países mais acessível, de forma que seja possível
desfrutar igualmente da experiência.
De forma a cativar
visitantes e turistas, muitos locais promovem atividades como festivais vegan, como é o caso do Viseu Vegan Fest, que inclui workshops (de detergentes e cosmética
natural), exibição de documentários, venda de roupa sustentável, e gastronomia
típica. Outro aspeto do turismo vegan
é o acesso limitado a ambientes naturais, o que possibilita o bem-estar, tanto
do turista como dos habitantes locais. Alguns exemplos de atividades
incentivadas são visitas a vinhas cultivadas de forma biodinâmica e fazendas de
agricultura orgânica, participação em excursões, aprendizagens culinárias com
plantas nativas, e passeios em prol da dinamização do comércio local.
O turismo vegan é maioritariamente adotado por
indivíduos vegan, independentemente
de o serem há pouco tempo ou não, pessoas vegetarianas em processo de
transição, pessoas meramente curiosas com este estilo de vida, e ainda pessoas
que demonstram uma enorme preocupação com o meio ambiente, já que alguns
estudos internacionais revelaram que o setor turístico é responsável por cerca
de 6% do total das emissões globais de CO2, e que, num estudo a 21 500
pessoas de todo o mundo que tinham feito uma viagem ou planeavam viajar nos próximos
12 meses, 86% afirmavam estar abertos a optar por atividades de turismo
sustentável (como referido em Estevão, 2021), com o qual o turismo vegan está relacionado. Acima de tudo,
estes turistas procuram fazer uma viagem que lhes possibilite uma alimentação
mais saudável, que permita a diminuição da sua pegada ecológica, e que lhes
proponha uma experiência ética e responsável para com o bem-estar animal.
Em Portugal, denota-se
também um aumento na procura pelo turismo vegan,
uma vez que, para além dos próprios portugueses que aderem a este estilo de
vida, Portugal recebe muitos turistas que procuram esta alternativa. As
localidades portuguesas consideradas mais vegan-friendly
são Lisboa, Porto e Funchal, sendo que Lisboa é ainda uma das mais aptas ao
turismo vegan da Europa, contando com
inúmeros restaurantes vegan e
vegetarianos, e promovendo eventos como o Veggie
World, Veganário e Veggie Vibes. Como não poderia faltar, foi também
adaptada a receita do típico Pastel de Belém, de forma a acomodar as restrições
vegan. O Porto, por sua vez, conta
com a versão vegan da Francesinha, o evento Veggie
Fest, e a criação de um mapa turístico, intitulado Veg & Go, que facilita a localização dos espaços vegan. Assim como muitos países à volta
do mundo, Portugal compreende a necessidade de adotar alternativas vegan-friendly, de forma a melhor
acomodar os turistas que visitam o país.
Marta Sofia Fernandes
Maia da Costa
Referências Bibliográficas
·
Almeida, H. (17 de julho
de 2019). Turismo Vegano: Como Funciona? Obtido de Veg Mag: https://vegmag.com.br/blogs/meio-ambiente/turismo-vegano-como-e-isso,
acedido em 17/03/2021
·
Curado, S. (18 de abril de 2019). Estas
são as localidades mais vegan-friendly de Portugal. Obtido de NIT:
https://www.nit.pt/fora-de-casa/na-cidade/estas-sao-as-cidades-mais-vegan-friendly-de-portugal,
acedido em 17/03/2021
·
Estevão, J. D. (4 de fevereiro de 2021).
Turismo sustentável – 20 formas de preservar o ambiente quando viaja. Obtido de
Lugares Incertos:
https://www.lugaresincertos.com/dicas-viagem/turismo-sustentavel-ambiente-viajar/,
acedido em 17/03/2021
·
Gonçalves, N. F. (s.d.). Turismo Vegano.
Obtido de Vegan Business: https://veganbusiness.com.br/turismo-vegano/, acedido
em 17/03/2021
· Turismo Vegan: Um Fenómeno Em Ascensão! (13 de agosto de 2019). Obtido de Associação Vegetariana Portuguesa: https://www.avp.org.pt/turismo-vegan-em-ascensao/, acedido em 17/03/2021
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2020/2021)
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