A pandemia veio nos mostrar que virtualização é um elemento importante em termos do acesso ao património.
O
isolamento social decorrente da pandemia do Covid-19 trouxe a necessidade dos
museus se adaptarem aos espaços virtuais. De fato, o online foi mais potenciado do que nunca desde a suspenção das
visitas aos museus em meados de março do ano passado. Páginas e visitas
virtuais já não eram novidade, mas em tempos de confinamento essas instituições
apostaram na disponibilização de conteúdos que facilitaram a interação da arte
com o público.
Sem
os lucro da bilheteira, os museus são mais um ponto na lista dos afetados
economicamente pela estagnação que a pandemia nos trouxe. Por conta da doença,
a economia mundial está sendo afetada, e, com isso, museus têm recebido menos
recursos. Em contrapartida, continuam ativos, trabalhando, ainda que com suas
portas fechadas.
Recentemente,
fiz um passeio virtual super-interessante, realizado pelo Centro Cultural Banco
do Brasil no Rio de Janeiro, para conferir a exposição “Egito Antigo: do
Cotidiano à Eternidade”. São 140 peças que ajudam a ilustrar a vida cotidiana,
a religião e o pós-morte da civilização egípcia. Dividida em 3 seções e narrada
pelo curador Pieter Tjabbes, o tour também
pode ser feito através de celulares, computadores e tablets.
Da
mesma forma, para conhecer o Metropolitan Museu de Arte de Nova York (MET) não
é necessário viajar neste momento. O prédio do museu encontra-se fechado por
causa da pandemia do novo coronavírus, mas possui uma janela. No computador ou
no celular, é possível fazer uma visita virtual. Há diversos vídeos, textos e
fotos das obras em exposição, com um passeio de 360º pelo prédio.
A
visita online ao Museu do Louvre, em
Paris, possibilita ver em detalhe algumas das obras mais famosas do mundo.
Muitos
outros museus podem ser vistos, como o Reina Sofia, em Madrid, em Espanha e na
Argentina. O Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba) também tem
visita virtual.
Mas,
a abertura virtual dos museus em tempo de pandemia conseguirá atrair mais pessoas
aos museus no futuro? Alguns temem que as ações online ponham em risco a experiência presencial dos museus.
Entretanto,
a crescente produção de conteúdos online
garante a manutenção da atividade educacional e intelectual dos museus, e isso
deve continuar e prosperar mesmo após o período de pandemia. Todavia, o
reconhecimento do espaço físico, da estrutura e do alcance dessas instituições
é extremamente importante em tempos emergenciais, e deve ser visto como um
valioso recurso e potencial apoio que as comunidades museológicas que tanto
precisam neste momento.
Arine Galvão
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, lecionada ao Mestrado em Património Cultural, do ICS/UMinho)
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