sábado, março 20, 2021

Rota Histórica das Linhas de Torres

Com a viragem do século, muitas foram as mudanças em diversos sectores, como foi o caso do turismo cultural, em que se tentou diversificar a procura turística, criando experiências únicas. Esta experiências tinham e têm o intuído de dar a conhecer os espaços mais emblemáticos de uma cidade ou de um país. A partir destas surgiu o conceito de rota turística. Estas rotas permitem que haja um desenvolvimento a nível económico regional de zonas menos desenvolvidas, criando empregos, promovendo os produtos regionais, a restauração e a hotelaria. Por este razão, decidi abordar neste artigo de opinião a Rota Histórica das Linhas de Torres, que tem proporcionado um desenvolvimento local para os municípios que a integram.

A Rota Histórica das Linhas de Torres, era um sistema militar defensivo, que foi construído entre 1809 e 1810, por obra de Arthur Wellesley, Duque de Wellington, para defender o avanço das tropas napoleónicas, durante a invasão francesa, mais precisamente a terceira invasão, em 1810. Com a finalização desta obra contava-se com 4 linhas defensivas, com uma extensão de 85 km. Estas linhas contavam com mais de 152 obras militares, onde tinham 600 peças de artilharia e cerca de 140 000 homens a defender as linhas. Este sistema foi considerado um dos mais eficazes e baratos da história militar e é um elemento referenciador da arquitetura militar a nível Europeu e mundial.

Apesar destas linhas serem um elemento  referenciador desta região e terem um potencial económico para mesma, nem sempre lhes foi dado o devido valor, sendo que a rota em si só surgiu com o intuito de preservar e salvaguardar o património que se encontrava a degradar. Para salvaguardar este património, os municípios de Arruda, Loures, Mafra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira juntaram-se num projeto intermunicipal, com a colaboração do exército Português, que fez  algumas reabilitações ao património. Posteriormente,  deste projeto surgiu algo maior, que seria a Rota Histórica das Linhas de Torres, que continuava a procurar a salvaguarda e preservação dos monumentos, mas também pretendia a sua gestão e criação de um produto turístico.

O projeto para a salvaguarda do património foi criado em 2002. Deste, resultou a criação do logótipo, com o intuito de criar um centro interpretativo e um circuito. Em 2005, faz-se um colóquio, “ As linhas de Torres hoje: História e memória”, para conseguir parcerias que financiassem a recuperação do património. Estas iniciativas deram frutos em 2007 com criação oficial do projeto, fazendo com que se antecipasse as comemorações do bicentenário das invasões francesas de 2010 para 2008, com o intuito de dar visibilidade ao projeto. Apesar de ser um projeto que dá a conhecer o património desta região, este também proporciona diversas atividades, como a degustação de produtos regionais, prova de vinhos, recriações históricas, percursos pedestres, e atividades desportivas, como é o caso de trilhos de BTT e hípicos.

Por fim, esta rota aumentou o desenvolvimento nesta região, mas ainda assim é preciso melhorar várias questões, para que se desenvolva ainda mais o turismo e a económica local, como é o caso da melhoria das redes ferroviárias, que se encontram degradadas. A nível da sinalética, esta encontra-se incompleta e poderia ser melhorada por maior número de sinalética ou através de tecnologia que facilitasse o conhecimento da localização dos sítios. Um outro aspeto que possivelmente iria aumentar o fluxo turístico e o desenvolvimento económico local seria a classificação das Linhas de Torres como património mundial da UNESCO.

 

Catarina Medeiros

Referências

Fernandes, I. (2015). “O turismo de experiências no aproveitamento do potencial turístico das linhas de torres no concelho de Vila Franca de Xira”.Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. doi:https://recil.grupolusofona.pt/bitstream/10437/7017/1/TURISMO%20DE%20EXPERI%c3%8aNCIAS%20NO%20APROVEITAMENTO%20DO%20POTENCIAL%20TUR%c3%8dSTICO%20DAS%20LINHAS%20DE%20TORRES%20NO%20CONCELHO%20DE%20VILA%20FRANCA%20DE%20XIRA%20~1.pdf

Fernandes, S. (2014). “Linhas de Torres : A oportunidade”. Universidade de Coimbra. doi:https://estudogeral.uc.pt/handle/10316/27619

Ferreira, M. (2012). “Torres Vedras como Destino de Turismo Cultural e de City Break: Estratégias para as Linhas de Torres”. Instituto Politécnico de Leiria. doi:http://iconline-ipleiria.pre.rcaap.pt/bitstream/10400.8/631/1/Mestrado%20Mkt%20Prom.Turistica_Margarida_Ferreira.pdf

Maia, S. V., Martins, U. M., & Baptista, M. M. (2013). “Turismo cultural NO contexto URBANO: Rotas museológicas – os casos de AVEIRO e Ílhavo (Portugal)”. Revista Brasileira De Pesquisa Em Turismo.  doi: 10.7784/rbtur.v7i2.632

Reis, J. (2011). “A informação turística electrónica na Rota Histórica das Linhas de Torres como contributo para o consumo de experiências turísticas singulares”. Universidade de Lisboa. doi:https://repositorio.ul.pt/handle/10451/6521

Soares, R. (2017). “A Gestão da Rota Histórica das Linhas de Torres - revista a partir dos Modelos e Convenções Internacionais de Património”. Instituto Universitário de Lisboa. doi:https://repositorio.iscte-iul.pt/bitstream/10071/15331/1/rafael_martins_soares_diss_mestrado.pdf

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, lecionada ao Mestrado em Património Cultural, do ICS/UMinho)

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