Com a viragem do século, muitas foram as mudanças em diversos sectores, como foi o caso do turismo cultural, em que se tentou diversificar a procura turística, criando experiências únicas. Esta experiências tinham e têm o intuído de dar a conhecer os espaços mais emblemáticos de uma cidade ou de um país. A partir destas surgiu o conceito de rota turística. Estas rotas permitem que haja um desenvolvimento a nível económico regional de zonas menos desenvolvidas, criando empregos, promovendo os produtos regionais, a restauração e a hotelaria. Por este razão, decidi abordar neste artigo de opinião a Rota Histórica das Linhas de Torres, que tem proporcionado um desenvolvimento local para os municípios que a integram.
A
Rota Histórica das Linhas de Torres, era um sistema militar defensivo, que foi
construído entre 1809 e 1810, por obra de Arthur Wellesley, Duque de
Wellington, para defender o avanço das tropas napoleónicas, durante a invasão
francesa, mais precisamente a terceira invasão, em 1810. Com a finalização
desta obra contava-se com 4 linhas defensivas, com uma extensão de 85 km. Estas
linhas contavam com mais de 152 obras militares, onde tinham 600 peças de
artilharia e cerca de 140 000 homens a defender as linhas. Este sistema
foi considerado um dos mais eficazes e baratos da história militar e é um
elemento referenciador da arquitetura militar a nível Europeu e mundial.
Apesar
destas linhas serem um elemento referenciador
desta região e terem um potencial económico para mesma, nem sempre lhes foi
dado o devido valor, sendo que a rota em si só surgiu com o intuito de
preservar e salvaguardar o património que se encontrava a degradar. Para salvaguardar
este património, os municípios de Arruda, Loures, Mafra, Sobral de Monte
Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira juntaram-se num projeto
intermunicipal, com a colaboração do exército Português, que fez algumas reabilitações ao património. Posteriormente, deste projeto surgiu algo maior, que seria a
Rota Histórica das Linhas de Torres, que continuava a procurar a salvaguarda e
preservação dos monumentos, mas também pretendia a sua gestão e criação de um
produto turístico.
O
projeto para a salvaguarda do património foi criado em 2002. Deste, resultou a
criação do logótipo, com o intuito de criar um centro interpretativo e um
circuito. Em 2005, faz-se um colóquio, “ As linhas de Torres hoje: História e
memória”, para conseguir parcerias que financiassem a recuperação do
património. Estas iniciativas deram frutos em 2007 com criação oficial do
projeto, fazendo com que se antecipasse as comemorações do bicentenário das invasões
francesas de 2010 para 2008, com o intuito de dar visibilidade ao projeto.
Apesar de ser um projeto que dá a conhecer o património desta região, este
também proporciona diversas atividades, como a degustação de produtos regionais,
prova de vinhos, recriações históricas, percursos pedestres, e atividades
desportivas, como é o caso de trilhos de BTT e hípicos.
Por
fim, esta rota aumentou o desenvolvimento nesta região, mas ainda assim é
preciso melhorar várias questões, para que se desenvolva ainda mais o turismo e
a económica local, como é o caso da melhoria das redes ferroviárias, que se
encontram degradadas. A nível da sinalética, esta encontra-se incompleta e
poderia ser melhorada por maior número de sinalética ou através de tecnologia
que facilitasse o conhecimento da localização dos sítios. Um outro aspeto que possivelmente
iria aumentar o fluxo turístico e o desenvolvimento económico local seria a
classificação das Linhas de Torres como património mundial da UNESCO.
Catarina Medeiros
Referências
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(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, lecionada ao Mestrado em Património Cultural, do ICS/UMinho)
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