Inicialmente, o vírus era visto como um problema apenas chinês, e, mais tarde, do Sudeste Asiático. No entanto, devido a uma combinação de diferentes fatores, a epidemia espalhou-se rapidamente para outras partes do mundo e foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como uma pandemia (Piper, 2020). A interconexão existente entre os países obviamente facilitou esta expansão. Atualmente, já se registaram mais de 123 milhões de pessoas infetadas por todo o mundo, 21 milhões destes casos ainda se encontravam ativos a 21 de março de 2021 (Worldometer, 2021).
Diversos
países afetados optaram por impor medidas de contenção, nomeadamente controlos
sobre viagens, e sobre encontros sociais e atividades comerciais, de forma a
retardar a propagação do vírus e achatar a curva, ou seja, diminuir a taxa de
novas infeções para evitar sobrecarregar os sistemas de saúde. Foram também
projetadas medidas para proteger indivíduos imunologicamente comprometidos,
tratar vítimas e obter imunidade de grupo, isto é, um número suficientemente
grande de indivíduos recuperados ou protegidos do vírus e, portanto, imunes
para impedir a propagação contínua e efetiva do mesmo (Guan, Wang, Hallegatte,
Davis, Huo, Li, Bai, Lei, Xue, Coffman, Cheng, Chen, Liang, Xu, Lu, Wang,
Hubacek & Gong, 2020).
Janeiro
foi o pior mês destes tempos que se fazem sentir no mundo, com Portugal a tomar
o primeiro lugar em número de infeções (Lusa, 2021). A solução foi confinar em
nome da saúde pública, mas a que custo?
Estar
fechado um dia inteiro em casa, sabendo que só podemos sair em necessidade
extrema, dá uma quota-parte negativa à nossa vida. Já todos ouvimos falar daqueles planos de
exercício físico online, mas já
estamos fartos de os fazer. Levar o cão à rua já não parece ser o suficiente
para espairecermos as ideias. O estar constantemente fechado em casa, vinte e
quatro horas sobre vinte e quatro horas, sete dias por semana, dá uma sensação
de não haver um amanhã. A repetição do quotidiano traz um cansaço psicológico,
assim como o enclausuramento de agregados de família inteiros forçados a passar
todos os seus dias em extrema proximidade.
Enquanto
as precauções para cuidar da nossa saúde física são importantes, é importante
reconhecer maneiras de proteger a sua saúde mental e emocional dos muitos stresses
da pandemia. Tirar uma pequena folga ou pausa (mesmo se não estiver a ir fisicamente
a um lugar diferente) pode ser benéfico para a sua saúde. Com o turismo
tradicional impossibilitado, muitas pessoas viram-se para novas formas de
turismo para aliviar o stress, fugir à rotina e recuperar energias,
alterando a tipologia do turista. Conceitos como staycation, workcation,
nano-breaks e turismo virtual têm aumentado de popularidade (Mishra & Talwar
(2020); Menjivar (2020)).
Staycation consiste
em tirar férias na sua própria cidade, enquanto uma workcation significa
tirar férias enquanto continua a trabalhar remotamente. Assim, se está a
trabalhar remotamente, porque não aproveitar para trabalhar num ambiente
diferente, talvez mais espaçoso, com comida típica que aprecie ou que deseja
experimentar? Se tem uns dias de descanso, porque não ser turista na própria
cidade e redescobrir a mesma com novos olhos? Nano-breaks, como o nome
indica, são viagens de curta duração, normalmente de apenas uma noite. Este
conceito significa que o simples ato de ir de férias, ainda que apenas por uma
noite, é relaxante.
No
entanto, estas opções não são viáveis para todas as pessoas. A crise económica despontada
pela pandemia pode ter trazido complicações financeiras, ou a existência de um
membro do agregado familiar de idade avançada ou de alto risco pode tornar a
ideia de umas férias, ainda que perto de casa, demasiado arriscada para muitas
famílias. A boa notícia é que pode ainda ter férias divertidas e gratificantes
sem sair de casa, com o turismo virtual.
Cecília Teixeira
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2020/2021)
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