Existe uma forte ligação entre o Turismo
e o Património Cultural. A inserção da atividade turística tem de ser realizada
num espaço que apresente certas caraterísticas que possam ser transformadas em
recursos ou atrativos para a atividade. Estes podem ser naturais ou artificiais,
inserindo-se no património cultural de uma região/país.
Por um lado, nota-se que o património cultural é de
extrema utilidade para a atividade turística, quando se observa o crescimento
de demandas nacionais e internacionais interessadas em conhecerem o legado
cultural dos destinos turísticos; por outro lado, o turismo é um grande
impulsionador da preservação do património pois a sustentabilidade de
uma região não depende apenas da comunidade residente mas, também, dos
turistas, que têm o seu papel a desempenhar no desenvolvimento sustentável, visando
a minimização dos impactes ecológicos, e promovendo benefícios para a
comunidade.
Apesar deste papel mútuo entre os
dois, muitas vezes o turismo é percebido como uma atividade negativa no que diz
respeito à conservação do património, devido aos danos ambientais e culturais
que pode causar, como por exemplo o desgaste inevitável de um local/monumento
devido ao número de visitantes. É pois aqui que entra o conceito de turismo
sustentável, como forma de encontrar medidas que atuem nessas partes negativas.
A Organização Mundial de Turismo
(OMT) adotou este conceito em todos os estudos de planeamento e desenvolvimento
turístico. Neste sentido, definiu turismo sustentável como aquele que “atende
às necessidades dos turistas de hoje e das regiões recetoras, ao mesmo tempo
que protege e amplia as oportunidades para o futuro. É visto como um condutor
ao gerenciamento de todos os recursos, de tal forma que as necessidades
económicas, sociais e estéticas possam ser satisfeitas sem desprezar a
manutenção da integridade cultural, dos processos ecológicos essenciais, da
diversidade biológica e dos sistemas que garantem a vida” (NETZ, 2003: 24).
Para o turismo sustentável ter no seu
desenvolvimento a garantia de que os recursos de que depende se mantêm ou se
valorizam, é preciso ter em conta três princípios fundamentais de
sustentabilidade:
A sustentabilidade ecológica, que garante que o plano de desenvolvimento em análise é compatível com a conservação dos processos biológicos indispensáveis, a biodiversidade e os recursos biológicos;
A sustentabilidade social e cultural, que assegura que o desenvolvimento aumenta o controlo das pessoas sobre os seus próprios destinos;
A sustentabilidade económica, que assegura o desenvolvimento economicamente eficaz, garantindo a utilização dos recursos pelas gerações futuras.
Uma vez que a atividade turística respeite estes três princípios, a mesma pode ser uma mais-valia para a preservação do património cultural.
É de conhecimento geral que o fator que mais impulsiona a atividade turística é a curiosidade em conhecer novos lugares e culturas diferentes, mas é necessário reconhecer que, nos dias de hoje, o turista não procura apenas observar os monumentos de determinado local, mas sim saber a história por de trás do mesmo, o que levou à sua criação, qual foi a sua utilidade e qual é o seu papel no presente. É então nesta relação entre turista e património cultural que o passado é revivido, aproximando assim as pessoas de países e culturas diferentes e tornando o turismo numa indústria cada vez maior.
À medida que esta atividade vai crescendo, o património cultural passa a ter um
papel cada vez mais importante e é neste contexto que se dá início à educação
patrimonial, com o objetivo de interpretar, preservar e valorizar o mesmo, de
forma a conservar os elementos históricos de determinada região. Sem o turismo,
o património não seria tão abordado e grande parte da população não teria
conhecimento da importância do mesmo.
À medida que a população local assiste à chegada de
estrangeiros que têm como intenção contemplar os seus monumentos e lugares
naturais, vão-se apercebendo que, de facto, têm algo de valor e começam mesmo
por se envolver em programas de proteção dessas áreas, bem como projetos para
promover os destinos junto dos visitantes, de modo a criar empregos nas
regiões. A utilização turística dos bens culturais equivale à sua valorização,
promoção e conservação, mantendo os locais em bom estado para as próximas
gerações.
É então possível afirmar que o turismo, uma vez que seja bem
praticado, possui inúmeras vantagens para a conservação do património cultural.
Por outro lado, não há turismo sem património e, por isso, é do interesse de
todos que se preserve o mesmo de forma a chamar visitantes que possam desenvolver
os locais, através da criação de empregos, por exemplo. Estes dois estão,
portanto, interligados e dependentes um do outro, tornando-os fatores
indispensáveis para o seu sucesso.
Sofia Marques
Referências
Gislon,
J. (10 de 10 de 2015). Arquitetura. História. Património. Turismo e o
Patrimônio Cultural: uma relação construída para interpretar, valorizar e
preservar. Obtido de
https://arquiteturahistoriaepatrimonio.wordpress.com/2015/10/10/turismo-e-o-patrimonio-cultural-uma-relacao-construida-para-interpretar-valorizar-e-preservar/
Matos, A. (2016). O papel do turista na conservação do
património cultural e natural: Diagnóstico da predisposição do turista para
se associar à Associação dos Amigos do Parque Nacional da Tijuca.
Coimbra.
Silva, R. (2013). TURISMO E VALORIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO.
Obtido de https://www.eumed.net/rev/turydes/15/valorizazao-patrimonio.html
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, lecionada ao Mestrado em Património Cultural, do ICS/UMinho)
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