sexta-feira, março 05, 2021

DESENVOLVIMENTO REGIONAL: DIFERENÇA ENTRE O LITORAL E O INTERIOR

         O índice sintético de desenvolvimento regional apresenta-nos uma visão geral do nosso território referente ao desenvolvimento na área da competitividade, coesão e qualidade ambiental.

Em 2018, de acordo com o INE, as zonas com o índice sintético de desenvolvimento regional mais elevado eram as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, Cávado, Aveiro e o Alto Minho, destacando-se que estas mesmas zonas se localizam junto a zona litoral do nosso território.

Tendo em conta os dados do INE, podemos aferir que, a nível da competitividade, destacam-se as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, Aveiro e Cávado. É notável um destaque, a nível da competitividade, na zona litoral face a zona interior.

Relativamente a nível de coesão, novamente vemos um destaque paras as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, Cávado e ainda a Região de Coimbra. Novamente, vemos um contraste entre a região litoral e o interior, localizado na zona norte e centro.

Relativamente à qualidade ambiental, e contrariamente aos índices anteriores, existe um destaque para as regiões interiores e para as regiões autónomas, realçando-se as Terras de Trás-os-Montes, Beira Baixa, Madeira, Alto Alentejo e os Açores.

“Tendo em conta” os dados anteriores, vemos uma grande discrepância entre a região litoral e interior a nível do desenvolvimento e das suas vertentes, mas também é notável a existência de desertificação humana de algumas regiões. Este problema é uma realidade que se vem a desenvolvendo ao longo dos últimos anos e caso não haja uma mudança tornar-se-á pior e com uma visibilidade maior. Esta desertificação humana e discrepância de desempenho entre a zona este e oeste do nosso território advém de muitos problemas, nomeadamente:

ü Existência de uma população envelhecida, provocada pela baixa natalidade. Este problema deve-se à migração dos jovens para o litoral;

ü Baixa atividade económica e falta de oportunidades de emprego. Em várias zonas, está presente apenas a atividade local, que em muitos casos é explorada por uma classe de meia-idade ou até mesmo idosa;

ü Falta de criação de infraestruturas novas e a falta de desenvolvimento das existentes, como, por exemplo, a implantação de universidades ou a criação de atividades estratégicas (Festivais, zonas turísticas, …);

ü As principais rotas e canais de exportação localizam-se no litoral. Deste modo, isso acrescenta uma despesa extra às empresas, no transporte até aos canais de exportação.

Mais de metade da população portuguesa reside na zona litoral. Devido a todos os fatores referidos anteriormente. Deste modo, existem variadas áreas de atuação de modo a tornar a ocupação do nosso território assim como o seu desenvolvimento mais uniforme. A meu ver, os modos de atuação são divididos em duas fases.

A primeira foca-se na criação de soluções que proporcionam um retorno dos jovens para as cidades do interior, e que estas sejam a escolha de muitas famílias como local de residência.

A segunda foca-se na criação de uma rede que envolve educação, saúde, empreendedorismo, entre outras vertentes, que proporcionem qualidade de vida e oportunidades semelhantes ou melhores às presentes no litoral.                                                                                         

Este problema já é discutido há alguns anos, e deste modo algumas medidas foram discutidas e implementadas, nomeadamente:

ü A  redução do IRC para as empresas que estiverem localizadas no interior do país, assim como a disponibilização de apoio noutras vertentes. Como, por exemplo, apoio à exportação dos produtos produzidos;

ü Apoios ou benefícios de modo a incentivar o investimento privado, criando empregos de qualidade e crescimento profissional, como, por exemplo, a facultação de ou baixo custo de terrenos para a implantação das empresas;

ü Apoio e benefícios para os casais com vários filhos, com o fim de aumentar a natalidade e a fixação no interior;

ü Disponibilização de um acesso facilitado à educação, saúde e passatempos/entretenimento.

Novas medidas devem ser tomadas, contudo deverá haver a conscientização da preservação da alta qualidade ambiental que existe na zona interior do território português. Se houver uma boa gestão das medidas impostas, em conjugação com o meio ambiente, acredito que futuramente haverá uma grande procura da zona interior como escolha de local de residência pois o interior possui algo que o litoral dificilmente adquirá, que é a Alta qualidade ambiental.

 

Silvana Manuela Ribeiro Dias


Bibliografia

https://www.brunobobone.com/o-desenvolvimento-assimetrico-portugues/


(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Urbana”, lecionada ao Mestrado Integrado em Arquitetura, da Escola de Arquitetura/UMinho)

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