O índice sintético de desenvolvimento regional apresenta-nos uma visão geral do nosso território referente ao desenvolvimento na área da competitividade, coesão e qualidade ambiental.
Em
2018, de acordo com o INE, as zonas com o índice sintético de desenvolvimento
regional mais elevado eram as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto,
Cávado, Aveiro e o Alto Minho, destacando-se que estas mesmas zonas se
localizam junto a zona litoral do nosso território.
Tendo
em conta os dados do INE, podemos aferir que, a nível da competitividade,
destacam-se as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, Aveiro e Cávado. É
notável um destaque, a nível da competitividade, na zona litoral face a zona
interior.
Relativamente
a nível de coesão, novamente vemos um destaque paras as áreas metropolitanas de
Lisboa e do Porto, Cávado e ainda a Região de Coimbra. Novamente, vemos um
contraste entre a região litoral e o interior, localizado na zona norte e
centro.
Relativamente
à qualidade ambiental, e contrariamente aos índices anteriores, existe um
destaque para as regiões interiores e para as regiões autónomas, realçando-se
as Terras de Trás-os-Montes, Beira Baixa, Madeira, Alto Alentejo e os Açores.
“Tendo
em conta” os dados anteriores, vemos uma grande discrepância entre a região
litoral e interior a nível do desenvolvimento e das suas vertentes, mas também
é notável a existência de desertificação humana de algumas regiões. Este
problema é uma realidade que se vem a desenvolvendo ao longo dos últimos anos e
caso não haja uma mudança tornar-se-á pior e com uma visibilidade maior. Esta
desertificação humana e discrepância de desempenho entre a zona este e oeste do
nosso território advém de muitos problemas, nomeadamente:
ü Existência
de uma população envelhecida, provocada pela baixa natalidade. Este problema
deve-se à migração dos jovens para o litoral;
ü Baixa
atividade económica e falta de oportunidades de emprego. Em várias zonas, está
presente apenas a atividade local, que em muitos casos é explorada por uma
classe de meia-idade ou até mesmo idosa;
ü Falta
de criação de infraestruturas novas e a falta de desenvolvimento das existentes,
como, por exemplo, a implantação de universidades ou a criação de atividades
estratégicas (Festivais, zonas turísticas, …);
ü As
principais rotas e canais de exportação localizam-se no litoral. Deste modo,
isso acrescenta uma despesa extra às empresas, no transporte até aos canais de
exportação.
Mais
de metade da população portuguesa reside na zona litoral. Devido a todos os
fatores referidos anteriormente. Deste modo, existem variadas áreas de atuação
de modo a tornar a ocupação do nosso território assim como o seu
desenvolvimento mais uniforme. A meu ver, os modos de atuação são divididos em
duas fases.
A
primeira foca-se na criação de soluções que proporcionam um retorno dos jovens
para as cidades do interior, e que estas sejam a escolha de muitas famílias
como local de residência.
A segunda foca-se na criação de uma rede que envolve educação, saúde, empreendedorismo, entre outras vertentes, que proporcionem qualidade de vida e oportunidades semelhantes ou melhores às presentes no litoral.
Este problema já é discutido há alguns anos, e deste modo algumas medidas foram discutidas e implementadas, nomeadamente:
ü A redução do
IRC para as empresas que estiverem localizadas no interior do país, assim como
a disponibilização de apoio noutras vertentes. Como, por exemplo, apoio à exportação
dos produtos produzidos;
ü Apoios ou benefícios de modo a incentivar o investimento
privado, criando empregos de qualidade e crescimento profissional, como, por
exemplo, a facultação de ou baixo custo de terrenos para a implantação das
empresas;
ü Apoio e benefícios para os casais com vários filhos, com o
fim de aumentar a natalidade e a fixação no interior;
ü Disponibilização de um acesso facilitado à educação, saúde e passatempos/entretenimento.
Novas medidas devem ser tomadas, contudo deverá haver a
conscientização da preservação da alta qualidade ambiental que existe na zona
interior do território português. Se houver uma boa gestão das medidas impostas,
em conjugação com o meio ambiente, acredito que futuramente haverá uma grande
procura da zona interior como escolha de local de residência pois o interior
possui algo que o litoral dificilmente adquirá, que é a Alta qualidade
ambiental.
Silvana Manuela Ribeiro Dias
Bibliografia
https://www.brunobobone.com/o-desenvolvimento-assimetrico-portugues/
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Urbana”, lecionada ao Mestrado Integrado em Arquitetura, da Escola de Arquitetura/UMinho)
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