quarta-feira, março 24, 2021

As implicações da Covid-19 no panorama do mercado imobiliário português em 2020

  Neste primeiro ano de pandemia em Portugal, a COVID-19 marcou a economia com a maior quebra de que há registo. A paralisação ou restrição de grande parte das atividades dos mais variados setores (excluindo a saúde ou o alimentar de primeira necessidade) criou um impacte económico que pode ser traduzido pelos seguintes tópicos: 

i) Em 2020, o PIB caiu 7,6%

ii) Turismo com menos 63% de dormidas

iii) Mais 11 400 trabalhadores desempregados

iv) 'lay-off' simplificado de 2020 abrangeu 897 mil trabalhadores e 110 mil empresas

v) Desceram vendas no comércio a retalho

vi) Mais beneficiários do RSI

Estes fatores acabam por influenciar o mercado imobiliário português. Em termos de vendas, o mercado imobiliário em Portugal não tem ainda públicos resultados concretos do impacte da pandemia, pelo que tem sido mais à base da especulação, no entanto, no mercado de arrendamento já há material mais palpável para análise dos efeitos do COVID-19.

Quanto ao mercado de venda em Portugal, aparece num estudo realizado no idealista.pt por Tânia Ferreira, que afirma que: “Em algumas das maiores cidades de Portugal, como Lisboa e Porto, o preço unitário dos imóveis à venda ainda se encontra bastante estável. Uma das consequências mais evidentes da Covid-19 nessas cidades foi a redução de imóveis em oferta no mercado e, consequentemente, os preços ainda não caíram, pelo contrário, aumentaram ligeiramente. Lisboa foi a única cidade com uma procura acima da média do país. Também podemos observar um deslocamento da procura para as periferias das principais cidades”.

Quanto ao mercado de arrendamento, o maior fator influenciador foi o Turismo, com a sua queda de 63% nas dormidas no país. Esta falta de procura, aliada a não se terem colocado estas unidades de arrendamento a curto prazo no mercado de arrendamento de longo prazo, fez com que o stock não aumentasse como era esperado. Diz-se também no estudo realizado pelo Idealista que “muitos proprietários e empresários preferem esperar para ver o que acontece no mercado, simplesmente retirando os seus imóveis do mercado, ou mais recentemente adaptando seus negócios e colmatando a necessidade de alojamento para estudantes".

Um facto interessante em relação ao arrendamento em Portugal durante a pandemia é que com a restrição de movimentação apenas em território nacional, em conjunto com o respeito pelas indicações para se manter uma distância social maior, o arrendamento de casas de família no interior do país nos meses de verão foi o nicho específico mais beneficiado no mercado.

 

Manuel Romão

Referências:

DN. 2021. A pandemia e os trágicos números da economia portuguesa. [online] Available at: <https://www.dn.pt/sociedade/a-pandemia-e-os-tragicos-numeros-da-economia-nacional-13480491.html

Ferreira, T., 2021. O impacto da Covid-19 no mercado imobiliário no sul da Europa. [online] idealista.pt/news. Available at: <https://www.idealista.pt/news/imobiliario/habitacao/2020/11/03/45143-impacto-da-covid-19-no-mercado-imobiliario-no-sul-da-europa>


(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Urbana”, lecionada ao Mestrado Integrado em Arquitetura, da Escola de Arquitetura/UMinho) 

Sem comentários: