O nosso paladar é, por vezes, a razão pela qual nos aventuramos a outros lugares e partes do mundo. A vontade de querer conhecer, experienciar e saborear o produto de diferentes culturas é um motor do turismo que não pode ser ignorado. O turista gastronómico viaja à procura da autenticidade dos lugares, através da bebida e da comida (Barroco e Augusto, 2016).
Como
vertente do turismo cultural, o turismo gastronómico é o turismo desencadeado
pela vontade dos turistas exercerem práticas gastronómicas de uma determinada
localidade (Gândara, 2009).
Olhando
para Portugal, não há que duvidar que possuímos uma riqueza gastronómica ímpar
e de reconhecimento mundial. O turismo no litoral em Portugal é obviamente mais
procurado que no interior. No entanto, em termos gastronómicos, existe uma
distribuição equivalente de qualidade de produtos gastronómicos por todo o
país. Segundo Oliveira (2007), embora o “boom” do turismo rural tenha acalmado,
tem ainda potencial de crescimento, pois foi utilizada uma estratégia precária,
onde pouco proveito se tirou da importância que a gastronomia tem para os
turistas, podendo ter-se aproveitado para combinar melhor o turismo rural e o
gastronómico.
Por
estas razões, é necessário ter em conta e apoiar os serviços de gastronomia,
pois podem ser potenciadores de turismo em zonas menos escolhidas por turistas
e ainda aumentar ainda mais a procura no litoral.
Existem
várias iniciativas que procuram apoiar e ajudar a dar visibilidade à
gastronomia portuguesa. Temos o exemplo da AGAVI e a Comboios de Portugal. A
AGAVI é uma associação sem fins lucrativos fundada em 2010 e que se tem vindo a
afirmar como um ponto de encontro e interação entre diferentes entidades
económicas com o objetivo de promover o dinamismo agroalimentar. A Comboios de
Portugal vende bilhetes em conformidade com rotas, como é o exemplo da Rota da
Lampreia, que estabelece uma viajem às regiões da Beira Baixa e Tomar, onde o
turista pode usufruir de sabores próprios das localidades. Estes tipos de
iniciativas são importantes pois não precisamos viajar para destinos exóticos
ou longínquos para experimentar sabores incríveis. Temos de apreciar o que é
nosso e viajar dentro do nosso país deveria ser sempre uma opção em mente.
O
norte de Portugal sofre em termos de acessos de comboio, mas não perde para o
sul do país no que diz respeito a riqueza e qualidade gastronómica. Na minha
terra de infância, em Fão, todos os anos é feita a “Festa da cerveja e do
marisco”, que atrai milhares de turistas ao conselho de Esposende ao longo de
uma semana. Estes pequenos eventos, existem por todo o país, todos com igual
qualidade e riqueza cultural.
Desde
o peixe sempre fresco ao “cozido à portuguesa”, o nosso cantinho tem uma vasta
oferta de verdadeiras pérolas gastronómicas. Temos o exemplo da Dieta
Mediterrânica que, segundo o Turismo de Portugal, está classificada como
Património Mundial pela Unesco.
Como
podemos observar, Portugal é uma “mina de ouro” para a gastronomia e não
precisamos ir muito longe para descobrir delícias que nos façam “viajar” no
nosso pensamento. É, portanto, importante dar valor à nossa cultura
gastronómica, apoiá-la e o mais importante de tudo, usufruir.
Daniel Brito
Referências:
Oliveria,
S. (2007). O turismo Gastronómico e o Enoturismo como potenciadores do
Desenvolvimento Regional.
Turismo
de Portugal. Retirado em https://www.visitportugal.com/pt-pt/tipo-experiencias/gastronomia-e-vinhos
(último acesso 20/03/2021).
Barroco,
C. e Augusto, L. (2016). O turismo gastronómico em Portugal: Formas de
comunicar os produtos endógenos da região Dão Lafões e Alto-Paiva. Revista
Anais Brasileiros, 2, 23-39.
Gândara, J. (2009). Reflexões sobre o Turismo
Gastronômico na perspectiva da sociedade dos sonhos. Segmentação do
mercado turístico–estudos, produtos e perspectivas. Barueri: Manole, 4-27.
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2020/2021)
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