sexta-feira, março 19, 2021

Custos de construção aumentam 1,8% em termos homólogos

Em tempos de pandemia pela Covid-19, os preços das habitações situam-se nos 2.147 euros por metro quadrado na média do país. Nos últimos três meses do ano, o crescimento trimestral foi de 2,7%. Como consequência deste aumento, os custos de construção subiram.

Este processo é feito em cadeia, ou seja, o preço dos materiais e o custo da mão-de-obra apresentaram, respetivamente, variações de 2,7% e de 0,6% face ao período homólogo de janeiro de 2021, sendo estimado que os custos de construção de habitação nova tenham aumentado 1,8%.

Aumento do custo dos materiais  ----- aumento do custo da mão-de-obra.



 






Gráfico: Índice de Custos de Construção de Habitação Nova (portal do INE)


Muitos esperavam que a pandemia fizesse descer os preços das casas, mas isso não aconteceu. Porquê?

A resposta está, sobretudo, em dois fatores: pouca oferta e baixas taxas de juro.

Há diferenças significativas entre as várias regiões do país, no entanto o ranking dos distritos mais caros continua a ser liderado por Lisboa, com 3.346 euros por m2, seguido de Faro, com 2.368 euros por m2 e do Porto, com 2.140 euros por m2.

Os preços mais económicos encontram-se na Guarda (628 euros por m2), Portalegre (644 euros por m2), Castelo Branco, (695 euros por m2) e em Bragança (761 euros por m2). Com estes dados, nota-se uma preferência dos portugueses pelas grandes cidades.

Embora todas as regiões tenham assistido a um aumento no decorrer do ano, continuando Lisboa a ser a cidade mais cara para viver, foi no Norte onde o impacte se sentiu de forma mais intensa, com um aumento de 10,6%. Segue-se a Região Autónoma dos Açores - 8,8% -, a Região Autónoma da Madeira - 7,8% -, o Algarve - 7,2% - e o Centro - 5,7%.


Quadro: Síntese da evolução do preço das casas à venda, Portugal (portal idealista)


Um estudo da imobiliária Decisões e Soluções revelou que se registou um aumento de 30% na procura de moradias, bem como uma valorização das regiões do interior. Segundo esta rede de consultoria imobiliária, durante a pandemia derivada de Covid-19, os portugueses começaram a valorizar mais a área dos imóveis e o espaço exterior, além de que o teletrabalho veio permitir a deslocalização para outras zonas que antes eram impensáveis. Isto mostra o que mudou na relação das pessoas com os seus imóveis durante o período de isolamento social forçado pela pandemia do coronavírus.

Revela ainda que, à medida que a pandemia avança, a subida dos preços das casas tem sido cada vez menos acentuada, face ao ano anterior, já analisado em cima. Os preços das casas vão acabar por se ajustar em função do mercado, prevendo-se que exista uma descida de valor nos grandes centros urbanos, como Lisboa e Porto, e um aumento nas zonas limítrofes e interiores.

Com o gráfico seguinte, é de notar que Portugal é dos países europeus com mais crescimento habitacional dado que a estimativa refere que as pessoas preferem mais as casas do que os apartamentos e a procura foi maior, mantendo se no topo da lista.

 

Em suma, os custos de construção aumentam derivado à subida dos custos dos materiais, mas tudo por causa da procura ativa das pessoas por moradias. Com isto, a pandemia fez crer que a população está a procurar mais o interior.


FÁTIMA RAQUEL DA SILVA OLIVEIRA

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Urbana”, lecionada ao Mestrado Integrado em Arquitetura, da Escola de Arquitetura/UMinho)

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