A cidade contemporânea é um culminar de variáveis que comunicam entre si. As suas complexas relações e comunicações elevam o seu estatuto e qualidade de vida dos seus habitantes, estando intrinsecamente ligado ao crescimento urbano e económico da cidade. Desde a sua composição até às relações periféricas (serviços), estas conseguem delimitar ou potencializar o habitar no edifício.
A composição social e económica são os fatores que servem
de mote para a projeção artística do edifico. A localização na trama urbana e a
qualificação dos serviços periféricos criam uma imagem pré-definida da
construção, tendo em conta o mercado atual (valor do metro quadrado) e as
relações superficiais com a envolvente. Esta logica é mais demarcada em cidades
com alta densidade populacional, onde o preço do imóvel e a quantidade de
serviços provocam uma construção compactada e com área reduzida, em comparação
com habitações unifamiliares na periferia da cidade.
Um dos exemplos mais marcante é o Japão, maioritariamente na
região metropolitana de Tóquio, onde o custo de vida e o preço imóvel são elevados.
Devido a esta metrópole, onde existem vários subcentros que descentralizam e
expandem a zona urbana, existe uma elevada densidade de construções, limitando
a área de intervenção arquitetónica. Esta demarcação reduzida provoca uma
mudança construtiva, onde há uma maximização de espaço útil. Um dos exemplos
presentes nesta região é House in a Plum Grove, projetada por Kazuyo
Sejima, onde, para aumentar o espaço habitável da casa (devido ao tamanho
reduzido e custo elevado do lote), a espessura das paredes exteriores e
interiores foram reduzidas (50mm e 12mm, respetivamente).
Outra mudança construtiva presente em regiões com elevada
densidade populacional é a destilação do programa em edifícios multifamiliares.
Como a procura de habitação é elevada, os edifícios perto do centro de negócios
e serviços optam por acolher um programa onde se prioriza a quantidade de
apartamentos e não o seu tamanho. Esta abordagem provoca habitações que não
conseguem albergar o agregado familiar, obrigando-as a deslocar-se para a
periferia do núcleo urbano.
A abordagem urbana e a sua relação com a população
conseguem delimitar os modelos construtivos e, consequentemente, a vivencia dos
seus habitantes. A simples limitação de área bruta ou a sua relação com os
elementos urbanos geram soluções que evoluem de acordo com a economia e desenho
urbano.
João Leite
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Urbana”, lecionada ao Mestrado Integrado em Arquitetura, da Escola de Arquitetura/UMinho)
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