A relação entre centros de comércio tem como princípio o livro
The Law of Retail Gravitation, de William Reilly. Correlacionando com a
lei da gravitação universal, esta teoria defende que o consumidor é mais ou
menos atraído a um centro de comércio através de uma relação inversa de
proporção entre a população do centro de comércio e o quadrado da distância
entre ambos. Este modelo criado em 1931, alvo de várias críticas que permitiram
desenvolver a teoria com avaliações de maior complexidade, contemplam mais variáveis
e aplicações em contexto real.
A realidade da atração entre polos (cidades), é hoje um
fator que está intrinsecamente relacionado com a capacidade de cada economia se
propagar no raio de incidência comercial. Quanto maior for a sua capacidade
comercial, maior serão as receitas, ceteris
paribus.
O fator distância e tempo de deslocação, são variáveis
justapostas por valores hierárquicos de consumismo. A procura poderá ser tão
exigente que adquirir certo produto poderá, de certa forma, anular o custo da
viagem pelo benefício da aquisição do pertence. Porém, a viagem é sempre tomada
em consideração como prejuízo. Segundo a revisão de Converse, em 1949, o
expoente da distância da cidade intermédia à cidade tenderá a fixar-se em 2,
quando anteriormente era compreendido entre 1,5 e 2,5 valores.
Nos primórdios da vida urbana, o
homem centrou as atividades comerciais no núcleo das cidades, atraindo
consumidores para o seu centro como maneira de adquirir bens e serviços. Deste
modo, gradualmente, na vida citadina esse núcleo central tornou-se um ponto
essencial para o fluxo interno, atraindo os residentes do local.
Ao contrário de zonas turísticas,
existem cidades que por si servem de propaganda própria, consideradas como megalópolis,
o expoente máximo da materialização física da urbanização em grande massa e
escala. Um dos grandes exemplos, destes casos, é a cidade de Nova Iorque. O seu
valor turístico passa a ser totalitário a partir do momento que será possível
percorrer a estrutura viária na malha quadrilátera de um bloco de prédios, ou
sentir a ascensão de cada quarteirão pelos ares, o que passa a ser tema de guia
turístico apresentando cada parcela da cidade. Manhattan apresenta-se congestionada anualmente por visitantes que
retratam a paisagem citadina pelos recantos da ilha, aglomerados utilizadores
espaciais e consumidores de serviços. A atração desta megalópolis é de escala
mundial, pelo fascínio de uma potência económica elevada pelos seus
investidores diários, sendo possível sentir a área de afeto do outro lado do
mar atlântico.
Esta atração de uma maior
população a frequentar determinado ponto geográfico a fim de adquirir produtos,
tem como base o modelo gravitacional da localização dos serviços comerciais, ceteris paribus. Naturalmente, se o
núcleo da cidade for maior, a sua área de abrangência aumenta e a sua
diversidade de compradores igualmente, não se restringindo só ao quadrilátero
urbano que compete territorialmente com cidades vizinhas. A sua escala de
influência económica transcende os oceanos.
Os locais de atração turística,
podem, então, ser espaços exclusivos de lazer, como usufruir da zona litoral de
um país, ou assumir o seu património como monumentalidade da parte histórica da
cidade. Porém, nem um nem outro se revelam possíveis perante a situação
pandémica que se instaura nos dias de hoje. No entanto, prevê-se que exista um
aumento significativo no fluxo interno de visitantes diários após o fim do
confinamento.
Em épocas sazonais, o turismo
causa congestionamento nas ruas mas, após alívio da situação de pandemia mundial,
as pessoas irão mediar a escolha de uma viagem futura pelo local mais próximo e
mais prazeroso, aplicando um modelo de pensamento diretamente ligado ao modelo
de Reilley.
Isto é, as decisões que os fluxos
populacionais tomarão serão determinadas pela sua capacidade económica para fugir a zonas de sobrepopulação sazonal. Mais uma vez, não só somos
condicionados pelo nosso raio de alcance monetário, como de interesse de saúde
sanitária individual. Certamente, não escolheríamos Times Square para passar a passagem de ano.
Vasco Mendes
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Urbana”, lecionada ao Mestrado Integrado em Arquitetura, da Escola de Arquitetura/UMinho)
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