Perante inúmeras e sucessivas paralisações parciais que se têm presenciado ultimamente (assim como a ocorrência da Greve Geral) é inevitável não questionar o impacto que estas provocam na economia do país assim como a nível social.
O ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira, afirmou, recentemente, que os trabalhadores têm direito à greve, mas esta tem inconvenientes paralelamente a nível económico e social cujos impactos o Governo irá tentar "minimizar".
A nível social, o investigador António Costa Pinto considera que uma greve geral transmite acima de tudo um significado "simbólico" do descontentamento da sociedade. Afirma ainda que "é natural" a existência de contestação social face às medidas de austeridade. Semelhantemente, Luís Bento (investigador do Centro de Pesquisas e Estudos Sociais da Universidade Lusófona) refere que uma greve geral constitui maioritariamente um "efeito normalizador das relações sociais", na medida em que se traduz como uma iniciativa que constituiu gritos de alerta e um aviso prodigioso para as classes privilegiadas, levando os governos a agir com uma maior prudência.
Relativamente às consequências económicas, Vieira da Silva, ministro da Economia, Inovação e Desenvolvimento, afirma que quando se paralisa a economia num sector origina-se sempre um impacto negativo na economia do país. No entanto, vários especialistas e investigadores afirmam que o impacto de um dia de greve geral sobre o Produto Interno Bruto (PIB) "não é possível" de calcular. Tal justifica-se pelo facto de os efeitos das greves gerais serem muito diversificados, variando de um sector de actividade para outro. Além disso existem ainda outros factores a considerar tal como o horário de laboração de cada empresa, a taxa de adesão, quais os sectores que aderiram à greve assim como as externalidades existentes. Conjuntamente, no cálculo deste impacto seria ainda necessário ter em conta que a economia não opera só nos dias úteis, a produtividade não é diariamente igual, em diversos sectores a produtividade “perdida” num dia de greve pode ser compensado nos dias seguintes, entre outros itens a examinar.
De um modo geral qualquer paralisação afecta o quotidiano das pessoas, originando sempre consequências mínimas em diversos sectores e serviços dos quais as pessoas são dependentes. Verifica-se ainda que o impacto da greve nos meios urbanos, que são mais complexos, é mais forte, mais acentuado, com uma maior abrangência e mais incidência. Conformemente, uma greve geral terá um impacto maior nas grandes cidades do que nos meios rurais, visto que as pequenas localidades beneficiam de soluções mais próximas e não dependem dos grandes serviços públicos contrastando com os grandes meios urbanos onde existe uma maior concentração de serviços e menores soluções.
Concludentemente, apesar da difícil mensuração, o economista João Loureiro afirma que a greve geral de um só dia não terá um impacto com grande significado em termos macro-económicos, não havendo uma quebra do PIB significativa. Generalizando, a greve geral têm impactos superiores a nível social, sendo interpretada principalmente como uma acção de protesto contra um conjunto de medidas de austeridade que mostra o descontentamento das pessoas. No entanto, uma greve, geral ou parcial, contraria as necessidades do país no presente momento: trabalho qualificado e uma maior produtividade.
Ana Raquel da Silva Nogueira
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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