O surf vem sendo uma modalidade em franco
crescimento em Portugal.
No nosso país, o número de surfistas praticantes (que
praticam surf pelo menos uma vez por
semana) situa-se entre os cinquenta e os setenta mil. A motivação para a prática
deste desporto tem registado um maior aumento nos últimos dois anos, desde que
um surfista português (Tiago Pires) conseguiu garantir a sua qualificação no
circuito mundial, onde apenas 46 surfistas são convidados a participar.
Em termos
económicos, a indústria do surf,
através dos lucros totais das diferentes empresas ligadas ao surf, do custo suportado pelos
praticantes da modalidade e as receitas provenientes da realização de
competições internacionais (que podem facilmente atingir um milhão de euros),
chega a um valor global de cento e cinquenta a duzentos milhões de euros,
representativos das mais-valias económicas para Portugal. Pode juntar-se a este
valor os benefícios decorrentes do aumento do turismo relacionado com a
modalidade, já notório no Litoral Alentejano mas também em Peniche e na
Ericeira, principalmente nesta última, uma vez que é a 1.ª Reserva de surf da Europa e a 2.ª do Mundo.
Esta é uma
modalidade que tem interesses múltiplos, que vão desde o desporto até à
hotelaria e ao turismo. Nos últimos anos floresceram centenas de escolas de surf. As maiores marcas internacionais
de produtos para a modalidade instalaram-se no nosso país, transformando-o num
importante importador e exportador de material de elevadíssima qualidade, de
que são exemplo pranchas, vestuário e acessórios. Desenvolveram-se conceitos
novos de alojamento conhecidos por surfcamps,
que hoje representam milhares de camas de hotelaria não tradicional.
Infelizmente,
todo este desenvolvimento da modalidade deve-se só à iniciativa privada, e não
a uma devida promoção internacional do destino feita pelo turismo de Portugal.
Sem qualquer agência de comunicação, a “promoção” vem sendo feita por aqueles
que nos visitam e assim se tornam os nossos melhores embaixadores do surf e do
sector turístico.
Alguns académicos,
defendem em artigos de opinião que o sector dos desportos náuticos devia estar
para o turismo português como os desportos de neve estão para muitos países da
Europa central, com uma particular vantagem: a neve tem uma carácter sazonal,
enquanto que o surf pode ser
praticado durante todo o ano, dinamizando assim a sazonalidade.
Com 800 quilómetros de
costa e ondas de todo o género, Portugal é um destino central para o novo
mercado do surf, com condições
excepcionais. É importante salientar que o “Oceano” é dos maiores ativos que
Portugal tem na sua economia e está na hora de o explorar em todas as suas
vertentes tal como já fora feito no passado. Não tenho duvidas em afirmar que
Portugal está a criar um verdadeiro cluster
económico associado ao surf.
Nuno
Campos
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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