Tem sido hábito dos municípios portugueses afirmarem-se como sendo uma Capital.
De norte a sul do país, cinquenta e três dos trezentos e oito municípios
assumem-se como entidades de referência. São vários os elementos que os
distinguem dos demais congéneres, desde a sopa de pedra, ao barroco, passando
pela cutelaria, leitão, vinho, mármore, entre muitos outros temas que fazem
parte da identidade das Terras. Não obstante
esta diversidade de factores, todos eles “perseguem” um mesmo objectivo: a
captação de visitantes.
Numa perpesctiva mais
minuciosa, podemos salientar alguns factores que levam alguns municípios a
afirmarem-se como Capital. Por um lado, são vários os acontecimentos
históricos que permitem a afirmação nacional do município, nomeadamente o seu
crescimento ao longo de décadas, incluse séculos, como é o caso da cidade de
Coimbra, a Capital do Saber Português. Por outro lado, existem também
aqueles múnicipios que procuram uma característica própria e invulgar susceptivel
de os diferenciar dos demais, para assim se poderem evidenciar, adoptando medidas
de promoçao do turismo específicas com o fim de atrair um número cada vez maior
de visitantes, promovendo simultaneamente a atividade e o crescimento económico
na localidade, como por exemplo a
Marinha Grande que é a Capital do
Vidro, aproveitando a indústria local e criando um mudeu do vidro de forma a
divulgar a produção local aos visitantes, conseguindo com isso captar mais
clientes.
Actualmente e, face ao
que antecede, é possível associarmos determinadas localidades a algo que as
identifique, por exemplo, Vinhai à capital do fumeiro, Mirandela à
capital da alheira, Favaios à capital do moscatel, Felgueiras e Ponte de Lima à
dupla capital do do vinho verde, Almeirim à capital da sopa de pedra, entre
muitos outras, mas há também aquelas que surpreendem a maioria das pessoas pelo
seu carácter invulgar, como é o caso de Linhares à capital do parapente.
Num ano em que a cultura, mais que
nunca, está levar o nome do nosso país a vários cantos do mundo, não podemos deixar
de fazer referência ao facto de termos, orgulhosamente, a Capital da Europeia
da Cultura, Guimarães, e a Capital Europeia da Juventude, Braga, concentradas
numa só região, mais concretamente, no coração Minho. Estes acontecimentos
também contribuirão para a divulgação e promoção da atividade local, atraíndo à
escala internacional inúmeros turistas.
Imaginemos agora se
cada município procurasse na sua terra e nas suas gentes um motivo de eleição
para se intitular de capital. Tal tornaria, aos poucos e poucos, o nosso
país mais competitivo, e contribuiria fortemente para a dinamização e
comercialização dos produtos locais.
Havendo possibilidade e disponibilidade das
entidades locais para a promoção da identidade de cada um dos seus municípios, o
seu crescimento e visibilidade nacional e internacional seria maior bem como,
constituiria uma medida de combate à desertificação e tentativa de coesão
territorial.
Da mesma forma que, ao longo de décadas, ou
mesmo séculos, as feiras locais serviram as populações trazendo vendedores com
produtos importantes, por outro lado, também influenciavam as trocas comerciais
entre agentes locais. Aproveitando esta ideia de que, em alguns casos, os
vendedores externos vinham às localidades trazer produtos, a existência de
localidades capitais de algum produto
ou serviço implica o acontecimento
contrário, passando a ser as gentes de fora da localidade a procurarem nesta
produtos únicos. Com isso, as gentes locais beneficiam pois os grandes
acontecimentos locais que promovem a divulgação da capital traz às localidades inúmeros visitantes, promovendo
claramente o crescimento do comércio local.
Seria de todo importante que os municípios
portugueses se concentrassem na promoção de produtos locais de forma a serem
reconhecidos como Capital, atraíndo a
sí o comércio e, consequentemente, promovendo o crescimento económico.
Manuel
Mendes
Listagem das Capitais de Portugal:
- Almeirim:
Sopa da Pedra
- Alvaiázere: Chícaro (*)
- Anadia: Espumante (*)
- Armamar: Maça da Montanha
- Barrancos: Presunto (*)
- Bombarral: Pera Rocha
- Bucelas: Arinto (*)
- Braga: Barroco
- Caldas da Rainha: Cerâmica / Comércio Tradicional (*)
- Caldas das Taipas: Cutelaria (*)
- Cartaxo: Vinho
- Castelo de Paiva: Águas Bravas (*)
- Celorico da Beira: Queijo da Serra (*)
- Coimbra: Saber Português
- Entroncamento: Comboio
- Estremoz: Mármore
- Favaios: Moscatel
- Felgueiras: Calçado / Vinho Verde (*)
- Ferreira do Zêzere: Ovo (*)
- Fundão: Cereja
- Golegã: Cavalo (*)
- Linhares: Parapente
- Lousã: Papel e Livro
- Marinha Grande: Vidro
- Marvão: Castanha
- Mealhada: Leitão
- Melgaço: Rafting (*)
- Miranda do Corvo: Chanfana (*)
- Mirandela: Alheira
- Montemor-o-Velho: Arroz
- Montijo: Porco
- Moura: Azeite Alentejano
- Óbidos: Chocolate
- Olhão: Marisco
- Ourique: Porco Alentejano
- Paços de Ferreira: Móvel (*)
- Paredes: Design (*)
- Penacova: Lampreia (*)
- Peniche: Onda (*)
- Ponte de Lima: Vinho Verde
- Portimão: Sardinha
- Póvoa da Lomba: Caracol
- Resende: Cereja (*)
- Rogil: Batata Doce
- Santa Luzia: Polvo
- Santarém: Gótico
- São Brás de Alportel: Cortiça
- São João da Madeira: Calçado (*)
- Valpaços: Folar
- Vila Nova de Famalicão: Automóvel Antigo (*)
- Vila Nova de Poiares: “Universal” da Chanfana / Artefacto e Gastronomia
- Vila Pouca de Aguiar: Granito (*)
- Vinhais: Fumeiro
- Alvaiázere: Chícaro (*)
- Anadia: Espumante (*)
- Armamar: Maça da Montanha
- Barrancos: Presunto (*)
- Bombarral: Pera Rocha
- Bucelas: Arinto (*)
- Braga: Barroco
- Caldas da Rainha: Cerâmica / Comércio Tradicional (*)
- Caldas das Taipas: Cutelaria (*)
- Cartaxo: Vinho
- Castelo de Paiva: Águas Bravas (*)
- Celorico da Beira: Queijo da Serra (*)
- Coimbra: Saber Português
- Entroncamento: Comboio
- Estremoz: Mármore
- Favaios: Moscatel
- Felgueiras: Calçado / Vinho Verde (*)
- Ferreira do Zêzere: Ovo (*)
- Fundão: Cereja
- Golegã: Cavalo (*)
- Linhares: Parapente
- Lousã: Papel e Livro
- Marinha Grande: Vidro
- Marvão: Castanha
- Mealhada: Leitão
- Melgaço: Rafting (*)
- Miranda do Corvo: Chanfana (*)
- Mirandela: Alheira
- Montemor-o-Velho: Arroz
- Montijo: Porco
- Moura: Azeite Alentejano
- Óbidos: Chocolate
- Olhão: Marisco
- Ourique: Porco Alentejano
- Paços de Ferreira: Móvel (*)
- Paredes: Design (*)
- Penacova: Lampreia (*)
- Peniche: Onda (*)
- Ponte de Lima: Vinho Verde
- Portimão: Sardinha
- Póvoa da Lomba: Caracol
- Resende: Cereja (*)
- Rogil: Batata Doce
- Santa Luzia: Polvo
- Santarém: Gótico
- São Brás de Alportel: Cortiça
- São João da Madeira: Calçado (*)
- Valpaços: Folar
- Vila Nova de Famalicão: Automóvel Antigo (*)
- Vila Nova de Poiares: “Universal” da Chanfana / Artefacto e Gastronomia
- Vila Pouca de Aguiar: Granito (*)
- Vinhais: Fumeiro
(*) Marcas registadas
[Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Desenvolvimento e Competitividade do Território” do curso de Mestrado em Economia, Mercados e Políticas Públicas (2º ciclo) da EEG/UMinho]
[Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Desenvolvimento e Competitividade do Território” do curso de Mestrado em Economia, Mercados e Políticas Públicas (2º ciclo) da EEG/UMinho]
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