Na
sua obra intitulada A Fúria das Vinhas, António Moita Flores comenta que
“Quem subir ao alto de Vargelas ficará com a certeza de que chegou ao ponto
mais belo do céu. O Douro visto daquele píncaro é o Paraíso prometido em todas
as lições de catequese.” Assim como Moita Flores, popularmente, a região
vinhateira do Douro é considerada uma das belezas que Portugal tão
orgulhosamente possui.
Cada
pedra, cada muro, cada socalco, cada vinha sussurra a difícil e íngreme beleza
do Alto Douro Vinhateiro. A sua milenar história é refletida no suor e esforço
de um povo, assim como no curso natural do rio Douro. E é através desta beleza
única demarcada pelo trabalho árduo, quer da Natureza, quer do ser humano, que se
garante um toque especial nas viagens a esta região.
Por
muitos anos, a riqueza desta região de Portugal foi subvalorizada. Apesar de o
Alto Douro Vinhateiro ser considerado Património Mundial da UNESCO desde 2001,
muitos portugueses desconhecem o encantamento que estas paisagens podem
fornecer. Embora ainda se verifique esta situação, o turismo na região do Alto
Douro Vinhateiro tem vindo lentamente a aumentar. Como demonstrado pela
Presidente da Junta de Freguesia de Pinhão (Alijó), Sandra Moutinho, observa-se
que o número de turistas está a aumentar de ano para ano, além de se verificar
um aumento de número de camas nesta região.
Esse
crescimento de turistas é realizado por todas as vias, quer a via fluvial, quer
a via rodoviária, quer a via ferroviária. De todas as formas de viagem é
possível observar todo o encanto que a região vinhateira traz. Porém, a viagem
de comboio efetuada na Linha do Douro dá um certo toque histórico e especial
que as outras vias não são capazes de transmitir.
Primeiramente,
a Linha do Douro surge nos finais do século XIX, numa época delineada pelas
políticas e práticas de industrialização e modernização do país. Esta linha ferroviária
tinha como intuito o desenvolvimento e crescimento das áreas geográficas mais
restritas pertencentes ao Vale do Douro. Ao longo da sua construção, foram
sentidas diversas dificuldades devido à morfologia do terreno desta região. Mas
apesar disso, a Linha do Douro viu a sua conclusão a 8 de dezembro de 1887, com
a sua extensão máxima até à Barca d’ Alva, uma estação que servia a Linha
Internacional de Pocinho a La Fuente de San Esteban. Mas o seu início
esperançoso começou a decair com o decorrer dos anos, quando os
caminhos-de-ferro da Linha do Douro começavam a demonstrar sinais de
“envelhecimento”, devido à falta de interesse e investimento do Governo
português.
Visitar
o Alto Douro Vinhateiro através da Linha do Douro, talvez seja uma das melhores
experiências que um turista irá ter. Além de presenciar esplêndidas paisagens
de socalcos e de vinhas, também poderá visitar as famosas vinícolas vistas
durante a viagem através de visitas guiadas, com um extra de poder realizar uma
prova de vinhos.
Por
outro lado, o turista poderá “saltar no tempo” a bordo do Comboio Histórico do
Douro, pois esta velha locomotiva a vapor leva a reboque cinco carruagens
históricas para atravessar a região entre Peso da Régua e Tua. Com esta viagem,
é possível presenciar a arquitetura do século XIX e XX nas estações, além de
vislumbrar os tão conhecidos azulejos que decoram o exterior da estação
ferroviária de Pinhão.
Por
último, a viagem através da Linha do Douro poderá fornecer experiências
gastronómicas únicas, nos pequenos restaurantes situados perto das estações
ferroviárias desta linha. Como exemplo, o restaurante Calça Curta, que fica em
frente da estação do Tua, permite vivenciar e degustar uma deliciosa e típica
refeição (como carne de javali ou de veado) sobre o rio Tua. Noutra perspetiva,
esta viagem ao Alto Douro Vinhateiro permite a sobrevivência do comércio local
desta região.
De
facto, uma viagem à região Alto Douro Vinhateiro traz novas experiências e
conhecimentos para os turistas. Descobrir uma região tão pouco explorada, mas
dita como uma das mais belas do país, certamente será uma aventura
inesquecível, pois, nas palavras do poeta Miguel Torga, o Alto Douro Vinhateiro
é “um excesso de beleza (…) Um poema geológico. A beleza absoluta.”.
Cátia Sofia Almeida Alves
Sítios:
https://www.viaverde.pt/particulares/viagens-vantagens/descobrir-portugal/artigos/uma-viagem-de-charme-no-comboio-historico-do-douro
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2019/2020)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2019/2020)
1 comentário:
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