Nos dias de hoje, o setor de hotelaria é um dos setores com o maior número de
ofertas de trabalho nos sites de
procura de emprego em Portugal. Desta forma, a questão levanta-se: Porquê?
A resposta a esta pergunta pode ser dada, em parte, pelas baixas
remunerações que caracterizam o setor e pelos horários
infindáveis e imprevisíveis que
este setor dispõe. Segundo a secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração
e Similares de Portugal, Ana Jacinto, através de inquéritos efetuados, o sector da hotelaria e restauração “tem um défice grande de mão-de-obra. Há cerca de um ano
e meio já ascendia a cerca de 40 mil pessoas”.
Sendo um setor que trabalha, na sua maioria, 24 horas, 7 dias da semana,
torna-se inevitável que necessite de uma grande massa de mão-de-obra. Contudo,
também é um facto conhecido que este sector tem a reputação de pagar baixos
salários e trabalhar em horários menos favoráveis, incluindo fins-de-semana e
horas noturnas. Por mais que o setor evolua, com a inovação digital e inovação
nos produtos e serviços, como por exemplo unidades tecnológicas a abrir portas
e ferramentas de gestão hoteleira, os recursos humanos continuam a ser uma mais-valia
no setor, maioritariamente a mão-de-obra qualificada.
Desta forma, personalizando o profissional de hotelaria, trata-se de
pessoas que devem ter facilidade de lidar com o público, dominar línguas
estrangeiras, capacidade de trabalhar em equipa, entre outros fatores. Estas
competências requerem pessoas com habilitações e desta forma torna-se
importante pagar melhor a quem têm de lidar com conflitos e imprevistos
diários. Estes fatores também implicam uma maior escolarização e formação, sendo
algo que está a ser melhorado pelo aumento do número de estudantes nas escolas
de hotelarias. Todavia, trabalhar na hotelaria é olhado, por muitas pessoas,
como baixa qualidade de vida e impossibilidade de ter estabilidade na vida
futura.
Através de dados do Instituto Nacional de
Estatística (INE) referentes ao turismo em 2018, Portugal recebeu 21,1 milhões de hóspedes, um crescimento de 1,7% face a
2017, e as despesas dos turistas em Portugal rondaram os 46 milhões de euros,
segundo o Banco de Portugal, podendo concluir-se que se trata de um setor em
crescimento constante. Assim sendo, é importante que esse crescimento acompanhe
todo o setor.
Observando estas informações, torna-se importante mudar atitudes. Segundo,
José Roquette, administrador do Grupo Pestana, "Não há dúvida que o setor
da hotelaria tem a tradição de pagar mal, e é preciso interiorizar que para
termos bons recursos humanos não há outra forma que pagar melhor". Esta é
uma conclusão importante. Há uma necessidade de melhorar as remunerações dos funcionários
no turismo, pois “cerca de 80% dos trabalhadores
da restauração e cerca de 60% dos trabalhadores da hotelaria recebem apenas o
salário mínimo nacional”, afirma o sindicato dos Trabalhadores da Indústria de
Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte.
Estando estes aumentos relacionados diretamente com os aumentos da
produtividade, visto que a produtividade do turismo em Portugal tem vindo a
aumentar progressivamente ao longo dos últimos anos, é justificável a melhoria
das condições de trabalho e principalmente a melhoria das remunerações.
Sónia Alexandra Meneses Leite
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2019/2020)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2019/2020)
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