As rotas do legado Al-Andalus convidam
à descoberta da Andaluzia, transversalmente influenciada pela presença
muçulmana na região entre os séculos VIII e XV. De recordar que, em seus inícios, ocupou grande parte da Península, chegando
inclusive aos Pirenéus, parte considerável de Aragão e, progressivamente, foi diminuindo
com o culminar do Califado nasrida de Granada em 1492.
Mencionar as rotas é exclusivamente
referir um marco e singularidade conceitual expresso em termos históricos, culturais,
patrimoniais, sociais, e de tradições, com uma relevância magistral e
diversificada. Estas permitem redescobrir a civilização hispano-muçulmana
através da sua arte, sua cultura e relações históricas sociais com o mundo
árabe, bacia do mediterrâneo e América Latina.
Certamente, a união de vários fatores,
desde um marco geográfico limitado, a Península Ibérica, sete séculos de
ocupação histórica, contacto com várias regiões até à convivência de três
religiões em simultâneo permitiu o desenvolvimento de uma prodígia interlocução
a nível intercultural na sociedade e história.
O traçado
das rotas inclui trilhos que antes foram idealizados com um propósito: para
comunicar o Reino de Granada com o resto da Andaluzia, Múrcia e Portugal, na
necessidade de suprir a capital. Na atualidade, demonstram uma base e
inspiração histórica que hospeda cidades da Andaluzia que têm muito a dizer e oferecer.
Enquanto
algumas rotas são uma clara representação das ligações para suprir as
carências, outras adquirem o seu reconhecimento por terem sido percorridas por
personagens ilustres, como Washington Irving e Ibn al-Jatib, em diferentes
momentos da cronografia.
No que concerne ao turismo, a
rede de rotas em matéria histórica, cultural e paisagística apresenta-se como
uma oferta vitalmente impulsionadora pelo amplo potencial andaluz: desde a
existência de monumentos inigualáveis, palácios majestosos, estilos
efervescentes, referências históricas, literárias e lendárias intimamente
conectados à civilização andaluza. Neste mesmo sentido, a interculturalidade
transposta pode aportar ao mundo atual um dos meios de melhor conhecimento e
compreensão entre os povos, e estabelecer laços de solidariedade que contribuam
para um futuro e inter-relações otimizadas.
Certamente, é nesta cariz que
se realizam as rotas turísticas e culturais, nas quais se destacam a do
Califato, que une as cidades de Córdoba e Granada através da província de Jaén,
a rota de Washington Irvin, localizada entre Sevilha e Granada, a rota dos Nazaríes,
que conecta Jaén e Granada, a rota dos Almohades e Almorávides, conectando Cádiz e Granada, e a de al-Mutamid, de Sevilha ao Algarve.
Além do leque diversificado de
ideias, cultura e religiões que compõem o interesse principal, de igual pendor
é a utilização de tais rotas para um desenvolvimento sustentável, respeitando
ambos patrimónios o cultural e o natural.
No
decorrer do caminho, o viajante toma maior consciência da função histórica que
Espanha e Andaluzia desempenharam como ponte cultural entre Oriente e Ocidente,
e melhora a sua compreensão de outras culturas, para a construção de um mundo
mais unido e com menos desavenças. Neste sentido, este tipo de turismo, quiçá
algo atípico, pode ser determinante, não só pelo marco identitário cultural que
exalta, bem como peloo apelo à solidariedade, tolerância e união. Num mundo
cada vez mais sublevado e estandardizado na oferta turística, penso que se
torna primordial investir numa cultura de paz e num turismo que se desenvolva
nesse mesmo conceito, atraindo atenção turística de mente aberta em que diferentes
ideais, religiões e origem se conjugam harmonicamente, promovendo o diálogo,
aspeto de que se carece, infelizmente, na atualidade.
Em suma, é extremamente importante refletir
sobre as potencialidades e valores regionais para a consolidação de uma
autêntica política de turismo, em que o usufruto da sua cultura, gentes e
história sejam uma potencialidade regional e contributo à serenidade mundial.
Elsa
Rodrigues, PG40408[1]
Bibliografia:
[1] Aluna
do 1º ano de Mestrado de Património Cultural, artigo produzido no âmbito da
Unidade Curricular de Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento
Regional proposto pelo docente José Cadima.
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