terça-feira, março 17, 2020

ESPOSENDE ALÉM-MAR

Não só de praia se faz Esposende e cada vez mais isso é notável no concelho do norte do país que vê grande parte do seu turismo proveniente dos meses de verão, devido à costa marítima de excelência que possuí.
O parque Natural do Litoral Norte é uma das imagens de marca do concelho. A imensa riqueza paisagística leva a que muitos dos turistas que passam pelo município explorem esta área, tal como as praias que percorrem a costa, desde a foz do Rio Neiva até à Apúlia. No entanto, o concelho oferece muito mais do que as atividades náuticas direcionadas para os banhistas nos meses de verão, tais como o bodysurf ou o kitesurf. Esposende também passa pelo turismo que decorre de espaços que não estão essencialmente direcionados para o turismo de praia.
Para quem tem interesse em fazer percursos pedestres e estar em harmonia com a natureza, são muitos os locais de passagem que o concelho oferece. Também o património arqueológico está presente e disponível a ser visitado, sendo alguns os locais de referência e que merecem uma visita.
Esposende conta atualmente com uma rede extensa de percursos pedestres que atravessam o município. Mesmo pondo de lado os que estão direcionados para percursos junto à praia, existe muita mais variedade.
O percurso dos Caminhos da Fé é um dos muitos percursos promovidos pela Junta de Freguesia de Belinho, o qual leva a quem o percorre a conhecer diversos locais religiosos, mas também descobrir as paisagens da região.
O trilho do Castro de São Lourenço, que percorre o planalto de Vila Chã, é também um dos mais apetecíveis a quem visita Esposende pois permite explorar uma vertente menos conhecida relativamente ao património arqueológico existente no concelho. Desde a passagem pela Arriba Fóssil de Esposende, formada há cerca de 80 mil anos, aos dólmens da Portelagem e Cruzinha, às mamoas do Rapído, com cerca de 5 mil ano, até ao Castro de São Lourenço, por onde passaram os povos galaicos e assim deixaram vestígios que permanecem até hoje em Esposende, os quais são facilmente visitáveis e despertam interesse e sensibilizam as pessoas para a sua preservação nos dias de hoje.
Ao longo do Rio Neiva, também na parte norte do concelho e junto ao leito do rio, também é possível percorrer o Trilho das Azenhas das Antas, sendo que este faz um percurso de cerca de 11 quilómetros pelos engenhos que estão presentes ao longo do rio. Diversas azenhas podem ser vistas durante o percurso e não só. Também é possível ver o estuário do Rio Neiva e o Menir das Antas. Este percurso permite ver um retrato ao vivo de outros tempos, com a paz do campo e a presença dos pequenos moinhos que serviam de subsistência para quem ali vivia. A passagem por igrejas, alminhas e capelas também nos demonstra a devoção e tradições caraterísticas do Alto Minho.
Por último, fica a rota do Caminho dos Mareantes, um percurso relativamente pequeno pelo centro de Esposende, mas que permite ver alguns dos pontos de interesse relativos ao auge do comércio marítimo e à arte de marear, que sempre foi muito presente na localidade, passando pela Igreja da Misericórdia (erguida em 1595), classificada como Monumento Nacional, o Pelourinho de Esposende, que representa a autonomia dada aos homens livres de laços senhoriais, o Museu Marítimo de Esposende, existente desde 1906, o Edifício dos Paços do Concelho, o Palacete de Valentim Ribeiro, entre outros.
Esposende é de facto um concelho com diversos pontos de interesse que merecem a visita e reconhecimento, devido à história que possuem, mas também para que seja possível a sua valorização, fazendo assim que a história de Esposende não seja esquecida e a sua paisagem natural, além da que a costa nos oferece, seja preservada.

Pedro Alexandre Saraiva de Araújo e Alvim

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, lecionada ao Mestrado em Património Cultural, do ICS/UMinho)

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