A Rota Camilo é um
produto no domínio do turismo literário. Atualmente, integra a Casa-Museu do
Escritor e um trilho pedonal denominado de “Trilho da Cangosta do Estêvão”,
inspirado numa referência feita por Camilo Castelo Branco na sua mais conhecida
novela - “Maria Moisés”. O Trilho da Cangosta do Estêvão desenha-se entre a
Casa de Camilo – Museu, na freguesia de Seide, e o Centro da freguesia de
Landim, sendo ambas as visitas orientadas. Engloba, igualmente, em complemento,
uma experiência gastronómica inspirada na obra do escritor. Existem ainda dois
restaurantes associados, onde o Menu camiliano está disponível: o restaurante
Ferrugem e O Prato.
A finalidade deste
projeto é, essencialmente, centrar em Vila Nova de Famalicão a sedimentação
da sua política de intervenção cultural e científica a favor da língua e da
cultura portuguesas, apostar e
valorizar o património de Camilo
Castelo Branco como produto turístico de sucesso, não só localmente mas também
em todo território nacional.
Camilo Castelo
Branco é um dos nomes mais importantes da narrativa portuguesa de sempre, tendo
a sua figura e obras sido divulgadas por décadas, marcando várias gerações de
portugueses. O autor de “A Queda dum Anjo” ou “Amor de Perdição” deixou um
legado literário vasto e rico, e também uma pegada material na sua casa-museu e
em vários espaços físicos que percorreu ao longo da sua vida.
Mandada construir
por volta de 1830, a Casa de S. Miguel de Seide é hoje um tesouro vivo da
língua. Hoje, como casa-museu, reúne um amplo espólio de grande significado
histórico, o qual é fundamental para o conhecimento da vida e obra do escritor
e onde o visitante pode mergulhar na figura de Camilo Castelo Branco como
exemplo da importância da língua e cultura portuguesas.
Ao entrar na casa
podemos vivenciar o ambiente onde morou o escritor, conhecer o mobiliário que lhe
pertenceu e à sua família, bem como utensílios de uso pessoal. E, ainda, mais
de 3500 volumes de bibliografia, que incluem edições de originais e traduções,
bem como 787 livros que pertenceram à sua biblioteca particular. Há também
cartas da sua autoria, recortes de imprensa, jornais onde colaborou ou dirigiu
e perto de 1000 peças diversas de escultura, pintura e outras artes.
Complementada com
o Centro de Estudos Camilianos, a tarefa divulgativa do conjunto é grande e
esforçada. O edifício do Centro, obra de Álvaro Siza Vieira, compreende um
auditório, salas de leitura e exposições temporárias desta e outras figuras da
nossa literatura.
Figura 1
- Capa do desdobrável da Rota de Camilo
O Município
de Vila Nova de Famalicão, como tutor da casa de Camilo e do Centro de Estudos
Camiliano, criou esta rota turística em torno da vida e obra do romancista,
desenvolvendo várias parcerias com outras instituições da região norte. O
principal objetivo foi o de tirar partido da cidade do Porto enquanto porta de entrada
de milhares de turistas para dar a conhecer Camilo Castelo Branco. Para além
das autarquias de Famalicão e do Porto e da Direção Regional de Cultura do
Norte, fazem parte do projeto a Venerável Irmandade de Nossa Senhora da Lapa
(onde, para além do corpo de Camilo, estão guardados inúmeros objetos,
manuscritos e correspondência do escritor), o Centro Português de Fotografia
(antiga Cadeia da Relação, onde Camilo este preso por duas vezes) e a Livraria
Lello (Camilo foi o autor que mais obras forneceu para os prelos da Lello &
Irmão).
Camilo é um
escritor que ultrapassa as fronteiras de Vila Nova de Famalicão e tem um
potencial enorme em termos de promoção turística. Não se trata da promoção de
um território ou de um concelho, mas antes da promoção de um património e de
uma época. A quantidade e a qualidade das obras literárias que nos legou é uma
verdadeira herança que merece ser promovida.
Pedro
Costa
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