Um dos maiores desafios dos
gestores culturais na atualidade é a implantação de uma gestão compartilhada,
democrática e participativa, discutindo, elaborando e traçando novos rumos no
campo da cultura.
Estes desafios fazem parte dos
conflitos gerados ao longo das gestões do Centro Dragão do Mar, pois para que
haja uma boa gestão deste equipamento é necessário que o Estado esteja ao lado
das instituições gestoras não só incentivando e financiando economicamente com
o contrato de gestão, mas, sobretudo, controlando e fiscalizando a utilização
das verbas direcionadas a este espaço da cultura cearense.
Muito embora o modelo de gestão
do Dragão do Mar possua caraterísticas públicas, se faz necessário algumas
intervenções advindas da iniciativa privada, como: a otimização na utilização
de receitas, e a minimização de custos.
Uma gestão ativa, transparente, comprometida e
compartilhada tornará o Dragão do Mar um lugar de referência, atraindo públicos
e parcerias que permitam o desenvolvimento de ações e negócios culturais.
O Dragão do Mar é um equipamento que
representa uma forma de ação pública muito recorrente na contemporaneidade que
transforma perfis urbanos de modo privilegiado pela via da cultura.
Sua instalação trouxe inúmeras
consequências para a cidade, tais como: a democratização dos acessos, onde há
uma circularidade de pessoas de diferentes escalas sociais e também pessoas de
faixas etárias diversas, incorporando um status
de modus vivendi da contemporaneidade nas cidades.
A população passa a usufruir
de serviços agregados à implantação deste espaço cultural, como facilitação de
transportes, cinemas, teatros, ou seja, a um maior consumo de bens e serviços
derivados da economia do conhecimento, aliados aos novos hábitos de qualidade
de vida.
Compreendido como espaço de
ações permanentes e dinâmicas, o CDMAC tem sido alvo de descaso de gestores e
governantes, com mudanças de direções, presidências e coordenações, ocasionando
uma descontinuidade nos projetos e nas ações pensadas e planejadas a cada nova
gestão.
Portanto, é preciso que o
Dragão seja convertido numa política de Estado e não mais de governo, evitando
desta forma oscilações entre as gestões. O poder público deve equilibrar as
diferentes forças que disputam sua configuração atual, travando diálogos
democráticos entre Secretaria de Cultura do Estado - SECULT, CDMAC, IACC e
representantes da sociedade, conferindo ao equipamento durabilidade em
consonância com os interesses dos cearenses.
Os desafios e conflitos de gestão do Dragão do
Mar vêm sendo questionados pela mídia local, pesquisadores e influenciadores do
cenário cultural. Estes problemas de
gestão levaram ao fim de parcerias importantes, por exemplo, fechamento da
livraria Livro Técnico, lugar bastante frequentado pelos amantes de uma boa
leitura. O espaço era dedicado a encontros culturais, com um ambiente agradável
para seus frequentadores. Outra parceria desfeita foi com o Unibanco/Itaú,
mantenedor das salas de cinemas do Dragão do Mar, que era uma importante parceria
público-privada.
Apesar desta problemática que
o Centro Dragão do Mar vem enfrentando não podemos deixar esquecido que este
equipamento ainda continua sendo um difusor cultural do nosso estado, um ícone,
uma referência cultural.
Desta maneira, percebe-se que
a gestão cultural deste equipamento deve dialogar com os saberes afins, como
instrumento de reflexão e gerenciamento, aderindo a formatos mais liberais e
diversificados.
Deve-se, contudo, implantar uma política de
gestão cultural democrática, compartilhada e inclusive participativa, onde as
demandas sejam estudadas criteriosamente, usando a tradição, a memória e as
marcas culturais do povo em favor da criação artística, criando, inovando e
buscando novas demandas culturais e profissionalizando os setores gerenciais e
logísticos da produção cultural, criando propostas de exposição que movimentem
a própria produção local.
Os
desafios são grandes e apontam para um novo formato de gestão compartilhada das
políticas públicas culturais entre sociedade civil e poder público. Parcerias
com outras secretarias e atividades alinhadas com metas estabelecidas auxiliam
na melhoria nos segmentos culturais e sociais
Portanto, é preciso conhecer
as demandas, suas marcas culturais e incluir em suas ações essas demandas como
produtoras e promotoras de cultura e de arte. É mais do que gerir o espaço, é gerir
os sonhos e as expectativas do povo, não apenas como demanda, mas como produtor
de cultura e de arte.
Altamir
Cartaxo Braga
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