Se é verdade que o
turismo está cada vez mais em voga, não é menos verdade que o voluntariado
também está. E porque não juntá-los? Porque não conhecer e aprender? Porque não
distanciar-se e crescer?
«Viajar é uma maneira de
descobrir coisas novas sobre nós mesmos e aprender a vermo-nos com mais
clareza. O voluntariado é uma maneira de passar tempo dentro de outra cultura,
para se tornar parte de uma nova comunidade, experimentando a vida numa
perspetiva diferente.» É esta filosofia que procura definir a essência do
Turismo de Voluntariado. Uma nova forma de lazer em que os turistas voluntários
procuram envolver-se num desafio pessoal e motivador, que alia o prazer da
viagem e a descoberta de si mesmo e do outro.
Assim, nasce o conceito
de voluntariado. Os voluntários deslocam-se
porque querem fazer a diferença, porque não têm como objetivo deixar as coisas
como estão, como um turista que se desloca a um museu, porque têm
motivações pessoais, porque querem estar ativos, fazer algo de útil, adquirir
novos conhecimentos, ajudar os outros. São seres solidários e com vontade, altruístas
e generosos. É atitude e progresso. Resiliência e compaixão. É humano.
O Turismo de Voluntariado
procura, na sua essência, oferecer aos turistas voluntários uma experiência que
contribua não só para o seu desenvolvimento pessoal como, também, para o
desenvolvimento social, natural e económico da comunidade local.
Nas últimas duas décadas,
o Turismo de Voluntariado tem sido alvo do interesse dos investigadores do turismo.
A definição mais citada é a de Stephen Wearing. Para este autor, o termo
Turismo de Voluntariado aplica-se à atividade de turistas que, por diversas
razões, se tornam voluntários numa forma organizada para fazer umas férias que
podem envolver ajudar, ou aliviar pobreza material de alguns grupos na
sociedade, a recuperação de meios ambientes, ou a investigação de alguns aspetos
da sociedade ou meio ambiente.
Idealmente, quando se fala
da palavra voluntariado, pensa-se instantaneamente em África. É viajar para
África, ficar lá uma temporada. É o dar pão às crianças, pão e material
escolar. E o que tem de errado? Nada. Está tudo certo. Mas tem tanto de certo
como de quase irrealista. Vai do que querer ao fazer. Mas e se não for África?
E se não for pobreza? E se for ali na cidade mais próxima? Ou a 100 km de casa?
Portugal
assume-se cada vez mais como um dos emissores de turistas voluntários. Existem
diversas entidades portuguesas a apostar nesta segmentação. Assim, considerando
que a atividade turística assumiu uma dimensão global, se o Turismo de
Voluntariado for planeado e implementado de forma correta poderá trazer
igualmente benefícios a todos os envolvidos nestas práticas.
Existem já vários
projetos em atividade. A InComunidade é uma
cooperativa de solidariedade social, sem fins lucrativos, sedeada no Porto
desde 2012. Ambiciona contribuir para a promoção da dignidade humana em todas
as suas vertentes, garantindo o desenvolvimento de comunidades mais solidárias.
Outra ONG portuguesa, privada, independente e sem fins lucrativos é a AMI
(Assistência Médica Internacional), fundada em 1984. Assume-se como uma
organização humanitária inovadora no país, com o objetivo de intervir
rapidamente em situações de crise e emergência e combater o subdesenvolvimento,
a fome, a pobreza, a exclusão social, e as sequelas de guerra em qualquer parte
do Mundo. Por sua vez, a Sol Sem Fronteiras é uma ONG para o Desenvolvimento
nascida em 1993. Tem como objetivo promover os ideais da fraternidade e
solidariedade entre povos, particularmente entre jovens de países diferentes.
A impacTrip,
uma agência de viagens de turismo solidário apresenta
experiências turísticas alternativas para redescobrir Portugal e criar um
impacto social e ambiental positivo. Mergulhar para limpar o Oceano Atlântico,
viajar de barco à vela ajudando jovens de instituições sociais, visitar Lisboa
com um guia sem-abrigo ou descansar numa aldeia tirada de um conto de fadas,
apoiando jovens deficientes nas suas terapias, são apenas alguns exemplos das
experiências de turismo solidário que oferece. Já as Pousadas da Juventude pelo
país oferecem alojamento e refeições em troca de trabalhos de manutenção,
jardinagem e trabalho comunitário.
Está aqui o futuro. Turismo e voluntariado.
Em Portugal e no Mundo. E porque não juntá-los? Porque não
conhecer e aprender? Porque não distanciar-se e crescer?
Inês Ferreira Peixoto
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2019/2020)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2019/2020)
Sem comentários:
Enviar um comentário