terça-feira, março 17, 2020

O Caminho Português de Santiago e a sua potencialidade turística

O Caminho Português de Santiago é um conjunto de rotas utilizadas por milhares de peregrinos das mais diversas origens, já desde o século IX, que procuram chegar ao local onde se encontra o túmulo do Apóstolo Santiago, o Maior. Estes peregrinos são, na sua maioria, espanhóis, portugueses, alemães e italianos, com motivações para além das religiosas.
Os caminhos portugueses dividem-se em cinco itinerários: o Caminho Central; o Caminho da Costa; o Caminho Interior; o Caminho Nascente; e o Caminho de Torres. Os dois últimos são os menos conhecidos. No verão de 2018, o Caminho Central e o da Costa registaram um crescimento de 20% de peregrinos em relação ao ano de 2017, que se traduz em cerca de 50 mil de pessoas a realizar os percursos do território nacional. Um dos grandes benefícios dos caminhos é potencializar não só a economia das cidades mas também das aldeias por onde passam.

Figura 1 – Mapa do Caminho Português de Santiago

Os caminhos de Santiago representam, para muitos estabelecimentos de regiões com menos reconhecimento turístico, a maior parte do seu rendimento e, consequentemente, são a principal razão pelo qual estes continuam em funcionamento. Já o combate à sazonalidade é também um problema que aparenta ser solucionado pela realização dos itinerários pelos peregrinos, uma vez que, nas épocas baixas, estes correspondem a uma parte bastante significativa da ocupação hoteleira. As infraestruturas hoteleiras e os alojamentos locais são os estabelecimentos que mais sofrem as consequências da sazonalidade.
O Caminho Francês é, atualmente, o mais percorrido. Porém, esta massificação da rota francesa surge como oportunidade para os caminhos portugueses, que acabam por se tornar uma alternativa aos turistas que procuram uma experiência mais calma. Na atualidade, o Caminho Português de Santiago é, assim, o segundo caminho mais utilizado pelos peregrinos, sendo que o Porto é a segunda principal cidade de início de peregrinação.
Podemos deste modo questionar o que poderá ser feito para o Caminho Português de Santiago atingir a mesma potencialidade turística do Caminho Francês. A devida sinalização dos diferentes itinerários é uma das medidas mais relevantes para explorar a potencialidade deste produto turístico. A identificação dos pontos que constituem os caminhos é um aspeto essencial para a orientação dos peregrinos.
A sinalética é representada pelo símbolo universal do Caminho de Santiago, a Vieira Estilizada, que equivale aos vários caminhos europeus para a cidade de Santiago de Compostela, assim como várias setas amarelas, bastante conhecidas entre os peregrinos. É de referir que existem também em funcionamento, ao longo destes itinerários, uma vasta rede de albergues e pontos de apoio ao peregrino (help points), locais estes exclusivamente destinados a quem percorre os caminhos até Santiago de Compostela.

Figura 2 – Vieira estilizada

    Figura 3 – Seta amarela

Desta maneira, seria importante para as localidades por onde passam os peregrinos aumentarem o número de albergues, que se demostram como a alternativa de alojamento mais acessível, e disporem de sinalética suficiente e de fácil visibilidade, que, a juntar ao seu património já existente, transforma estes espaços, numa oferta turística completa, especialmente direcionada e atrativa para as pessoas que procuram chegar a Santiago de Compostela. Para além disso, a existência de as infraestruturas especializadas nos caminhos de Santiago facilita aos peregrinos a sua viagem, podendo originar nos mesmos o desejo de repetir a experiência.

Fátima Cunha

Referências:

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, lecionada ao Mestrado em Património Cultural, do ICS/UMinho)

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