O
Caminho Português de Santiago é um conjunto de rotas utilizadas por milhares de
peregrinos das mais diversas origens, já desde o século IX, que procuram chegar
ao local onde se encontra o túmulo do Apóstolo Santiago, o Maior. Estes
peregrinos são, na sua maioria, espanhóis, portugueses, alemães e italianos,
com motivações para além das religiosas.
Os
caminhos portugueses dividem-se em cinco itinerários: o Caminho Central; o
Caminho da Costa; o Caminho Interior; o Caminho Nascente; e o Caminho de
Torres. Os dois últimos são os menos conhecidos. No verão de 2018, o Caminho
Central e o da Costa registaram um crescimento de 20% de peregrinos em relação
ao ano de 2017, que se traduz em cerca de 50 mil de pessoas a realizar os
percursos do território nacional. Um dos grandes benefícios dos caminhos é
potencializar não só a economia das cidades mas também das aldeias por onde
passam.
Figura 1 – Mapa
do Caminho Português de Santiago
Os
caminhos de Santiago representam, para muitos estabelecimentos de regiões com menos
reconhecimento turístico, a maior parte do seu rendimento e, consequentemente,
são a principal razão pelo qual estes continuam em funcionamento. Já o combate
à sazonalidade é também um problema que aparenta ser solucionado pela
realização dos itinerários pelos peregrinos, uma vez que, nas épocas baixas, estes
correspondem a uma parte bastante significativa da ocupação hoteleira. As
infraestruturas hoteleiras e os alojamentos locais são os estabelecimentos que
mais sofrem as consequências da sazonalidade.
O
Caminho Francês é, atualmente, o mais percorrido. Porém, esta massificação da
rota francesa surge como oportunidade para os caminhos portugueses, que acabam
por se tornar uma alternativa aos turistas que procuram uma experiência mais
calma. Na atualidade, o Caminho Português de Santiago é, assim, o segundo
caminho mais utilizado pelos peregrinos, sendo que o Porto é a segunda
principal cidade de início de peregrinação.
Podemos
deste modo questionar o que poderá ser feito para o Caminho Português de
Santiago atingir a mesma potencialidade turística do Caminho Francês. A devida
sinalização dos diferentes itinerários é uma das medidas mais relevantes para
explorar a potencialidade deste produto turístico. A identificação dos pontos
que constituem os caminhos é um aspeto essencial para a orientação dos
peregrinos.
A
sinalética é representada pelo símbolo universal do Caminho de Santiago, a
Vieira Estilizada, que equivale aos vários caminhos europeus para a cidade de
Santiago de Compostela, assim como várias setas amarelas, bastante conhecidas
entre os peregrinos. É de referir que existem também em funcionamento, ao longo
destes itinerários, uma vasta rede de albergues e pontos de apoio ao peregrino
(help points), locais estes
exclusivamente destinados a quem percorre os caminhos até Santiago de
Compostela.
Figura 2 –
Vieira estilizada
Figura 3 – Seta amarela
Desta
maneira, seria importante para as localidades por onde passam os peregrinos
aumentarem o número de albergues, que se demostram como a alternativa de
alojamento mais acessível, e disporem de sinalética suficiente e de fácil
visibilidade, que, a juntar ao seu património já existente, transforma estes
espaços, numa oferta turística completa, especialmente direcionada e atrativa para
as pessoas que procuram chegar a Santiago de Compostela. Para além disso, a
existência de as infraestruturas especializadas nos caminhos de Santiago
facilita aos peregrinos a sua viagem, podendo originar nos mesmos o desejo de
repetir a experiência.
Fátima Cunha
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