domingo, março 17, 2019

A livraria Lello e seu impacto no turismo no Porto!

Com valor histórico e arquitetônico, a livraria Lello foi erigida em 13 de Janeiro de 1906 e tem sido reconhecida como uma das mais belas do mundo devido à sua personalidade e singularidade. Após ter sido inspiração para J.K Rowling ao escrever Harry Potter, o local ganhou maior visibilidade.
Os vôos de baixo custo têm intensificado o número de visitantes nas cidades europeias – no ano de 2017, o Porto recebeu 2,5 milhões de turistas. Embora tenha ocorrido um grande aumento no número de turistas, os mesmos consideram o Porto uma cidade tranquila, sem grandes caos ocasionado pelo turismo massificado, com exceção da livraria Lello, onde pessoas fazem fila todos os dias, apesar do tempo de espera de mais de 20 minutos, em média. Neste mesmo ano, a livraria recebeu 1,2 milhões de visitantes e faturou mais de 7 milhões.
         A livraria se adaptou ao novo contexto da cidade, preservando e mantendo a história e características do local e se reestruturou para receber os visitantes. Houve um período em que a livraria atenuou muito sua venda de livros, e então surgiu a ideia de cobrar taxa de entrada, que atualmente custa cinco euros, que podem ser revertidos em desconto na compra de livros, o que garantiu que a livraria permanecesse fiel ao seu princípio de vender livros.
         O impacto negativo do crescente turismo na livraria é que clientes habituais –principalmente os portugueses – deixaram de frequentar a livraria. Mas se, por um lado, a livraria deixou de receber seus clientes tradicionais, por outro, o aumento no número de visitantes gerou novas oportunidades de emprego. Em 2015, a livraria possuía apenas 9 funcionários e, no ano de 2018, esse número passou para 49 e com reforço de mais 10 colaboradores no verão.  
         A Lello é hoje a livraria de rua que mais vende livros em Portugal e seus administradores a consideram uma “embaixada da cultura portuguesa” para os estrangeiros. E seu fluxo intenso tem atraído turistas para outros comércios num raio de 1,2 quilômetros quadrados, o que garante ofertas de trabalho não só na livraria mas também em outros comércios, e como consequência o desenvolvimento econômico e social da cidade.

Carolina Almeida

Bibliografia:
MANDIM, David. Lello vende 1200 livros por dia. "Somos o maior exportador cultural do país". Diário de Notícias. Portugal, 24 agosto, 2018.
OLIVEIRA, Sara. "Livraria Lello: a maior parte do visitantes são turistas". Portugal, 30 maio, 2017. < http://ulpinfomedia.pt/2017/05/30/livraria-lello-a-maior-parte-dos-visitantes-sao-turistas/> acesso 8 março, 2019.
STAFF, Der Spiegel. "How tourists are destroying the places they love". Alemanha 21 agosto, 2018 acesso 08 de março. 2019.

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

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