S. João do Porto, “o santo mais venerado do Porto”, é
um dos marcos mais importantes da cidade e com uma enorme influência no turismo
local. A festa popular, que tem lugar na noite de 23 para 24 de Junho, trata-se
de uma festividade católica onde é celebrado o nascimento de São João Baptista,
mas esta festa tem uma origem anterior, que provem de uma festividade pagã que
celebrava o solstício de Verão.
Esta festividade é de uma enorme importância para a
atividade turística local, pois o número de visitantes na cidade na noite de S.
João tem atingido valores recorde, o que influencia diretamente não só a
ocupação hoteleira como também e principalmente o comércio e restauração da
cidade. A importância desta festividade é de tal forma evidente que a Câmara Municipal
do Porto decidiu, a partir de 2017, prolongar a duração das festas durante um
mês inteiro, iniciando o programa no dia 25 de Maio até à noite de 23 para 24
de Junho.
Em 2017, o Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP)
revelou que na noite de S. João os empreendimentos hoteleiros, de 4 e 5
estrelas, do concelho do Porto tiveram uma taxa de ocupação superior a 90%, e o
mesmo organismo considera que a romaria é uma das que mais turistas
estrangeiros atrai à cidade. No mesmo ano, calcula-se que mais de 500 mil
pessoas tenham estado na noite de 23 de Junho nas ruas do Porto, a festejar o
São João.
As comemorações têm vindo a ser cada vez mais
direcionadas para um aumento da participação da comunidade portuense e também
dos turistas, sejam estes nacionais ou estrangeiros, na continuação das
tradições sanjoaninas: a cascata comunitária e as largadas de balões de São
João são dois exemplos disso mesmo. É tradição ainda mais presente o percurso
da noite da romaria que liga a rotunda da Boavista, a Avenida dos Aliados, a
Ribeira, Miragaia e toda a marginal até à Foz, o Castelo do Queijo e, por fim,
de novo percorrendo os mesmo locais de regresso à Boavista, sempre andando de
bailarico em bailarico e martelando a cabeça das pessoas com os contemporâneos
martelos de plástico ou massajando a cara de outrem com o tradicional
alho-porro.
O lançamento dos balões de São João é, juntamente com
os bailes e fogo-de-artifício, uma das principais atrações para os
participantes. Esta tradição provém da festa pagã de celebração do solstício de
Verão, estando ligada ao culto do sol e do fogo. Existe, ainda que não
oficialmente mas oficiosamente, uma “competição” entre o fogo-de-artificio
lançado na margem da Ribeira do Porto e o fogo de artificio lançado em Gaia,
motivo de discussão recorrente entre os populares.
As cascatas de São João são também provenientes da
tradição pagã pois representam “a vida de uma aldeia após a colheita, a
gratidão pela abundância da vida” e são motivo para visitar a zona das
Fontaínhas e todas as “ilhas” que constroem, com a colaboração de todos os
moradores, as tradicionais cascatas.
Os manjericos são também eles parte de uma tradição
que ainda se mantêm nos dias de hoje na comemoração do São João do Porto. Estes
representam “a erva dos namorados”, e os namorados devem oferecer às namoradas
um manjerico nesta noite com uma pequena bandeira, onde estão escritos versos
populares alusivos ao amor, encarando esta oferenda como um voto ou um pedido.
A namorada deve cuidar do manjerico durante um ano até às festas do ano a
seguir, onde deve receber um novo em substituição.
As tradições desta romaria são tão presentes na
população portuense e são tão bem aceites e replicadas pelos visitantes na
noite de São João que em 2017 o Aeroporto Francisco Sá Carneiro teve de
suspender todos os voos durante um período de tempo, pois o número de balões de
ar quente que tinham sido colocados a sobrevoar a cidade do Porto tinha
aumentado exponencialmente em relação a anos anteriores, o que coincide com o
aumento do número de turistas na cidade, e poderiam ser um perigo para pilotos
ou até mesmo causar acidentes de aviação.
No dia 24 de Junho realiza-se a regata de São João no
Porto, onde os tradicionais barcos rebelo, que eram utilizados para o transporte
do vinho do Porto, passeiam-se pelas margens do rio Douro.
É por todos estes motivos importante a manutenção,
conservação e divulgação de todas estas tradições por parte do turismo do Porto
e Região Norte, e são notórios os esforços feitos pela Câmara Municipal do
Porto no sentido do desenvolvimento do evento de forma a atrair cada vez mais
participantes e, consequentemente, dinamizar a economia local através das
origens culturais da cidade.
Pedro
Suspiro Ferreira
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
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