A
feira afonsina cativou o meu interesse no sentido em que consegue movimentar
uma massa populacional todos os anos até à cidade-berço. A própria população
vimaranense também desempenha um papel fundamental, vestindo-se a rigor e
representado o ambiente de época medieval. Desde 2011, todos os anos, na
terceira quinta feira do mês de junho, Guimarães remonta aos tempos medievais
em pleno Património Mundial da UNESCO, o centro histórico que, dotado de uma
arquitetura mediável, é transformado numa feira medievel onde é possível
encontrar figurantes e personagens vestidos a rigor, respeitando um tema
alusivo ao retrato de outros tempos, abrangendo locais como Largo da Oliveira,
Praça do Município, Praça de Santiago e Largo Cónego José Maria Gomes, que
durante quatro dias (desde 2016) estão repletos de atrações para os visitantes,
como dezenas de mercadores vestidos consoante a época retratada, e workshops, entre outros momentos de
animação.
A Feira Afonsina, no que toca a
investimento autárquico no passado ano, teve direito a 200 mil euros, com um
retorno económico de 30 mil euros, contudo, o objetivo principal do evento não
é o lucro mas sim a promoção da cidade e da sua história – avança a vice-presidente
da Câmara de 2018 para o Correio do Minho. O evento conta com o suporte de
entidades locais: no ano de 2015, estavam inscritos 230 voluntários, 19 grupos
de animação, 29 associações e 52 estabelecimentos comerciais que aderiram à
feira. Nos últimos anos, a cidade de Guimarães tem contado com cerca de
250 000 visitantes que vão em busca de uma experiência única, num ambiente
que representa tempos de outrora.
O evento procura encontrar uma conexão
do turismo, através da atração de visitantes, com a cultura, através da
associação a grandes eventos históricos. Por exemplo, no ano passado o tema
central foi a recriação do Tratado de Zamora, simbolizando o início da dinastia
afonsina e a independência do condado portucalense. Em 2017, foi recriado em
pleno centro histórico o batizado de D. Afonso Henriques. É possível assim aos
turistas aproveitar um bom momento de entretinimento com as diversas atividades.
A nível gastronómico, é também possível experienciar comida regional, ao mesmo
tempo que é possível aproveitar uma boa dose de cultura.
Em
2016, o tema da feira foi o “Reencontro de Valdevez”, evento histórico que
remonta a 1141, onde o melhor cavaleiro de D. Afonso Henriques e o melhor
cavaleiro do seu primo, D.Afonso VII de Castela, disputaram um torneio medieval
a cavalo, onde Portugal acabou por sair vitorioso e os cavaleiros leoneses foram
detidos, de acordo com o código da cavalaria medieval. Este tema, para além de
providenciar os visitantes cultura, foi também uma peça importante na conexão
política inter-regional entre os municípios de Guimarães e Valdevez: em 2016, o
vereador da cultura da Câmara Municipal de Guimarães afirmou, numa notícia do
jornal Público, que se tinha em vista um reforço da sinergia entre os
municípios, de forma a uma melhor representação histórica da Feira Afonsina. Em
busca de manter consistência neste ponto de política inter-regional, o
presidente da Autarquia avançou na mesma notícia que a colaboração com outras
cidades será para continuar em futuras versões, como forma de dar “dimensão” ao
evento.
Em
suma, a feira é um evento que consegue combinar cultura, gastronomia e turismo
com uma viagem ao passado. O património cultural da cidade também dá o seu
requinte à experiência do turista.
Francisco Maia
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “economia e Política Regional”, do curso de Mestrado em Geografia do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
Francisco Maia
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “economia e Política Regional”, do curso de Mestrado em Geografia do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
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