Neste artigo de
opinião irei abordar o Carnaval de Torres Vedras, mais conhecido como o
"Carnaval mais Português de Portugal". Tendo um orçamento de 680 mil
euros para o evento de 2018, é considerado uma festa sem igual no contexto
nacional. Os números do ano transato revelam essa realidade dado que no Corso
Escolar, por exemplo, participaram 8000 pessoas, entre as quais se encontravam
crianças, professores e auxiliares, em representação de 72 estabelecimentos de
ensino. Também o Baile Tradição reuniu 850 seniores de 40 entidades dos
concelhos de Torres Vedras, Lourinhã, Mafra, entre outros. A eleição da Miss Matrafona contou com 44
concorrentes, num desfile que juntou milhares de pessoas. O Concurso de Grupos
de Mascarados, com cerca de 2200 pessoas de 41 grupos concorrentes, encheu de
cor e de criatividade o primeiro Corso Noturno.
Neste Carnaval, cerca
de 400 mil pessoas visitaram Torres Vedras, o que acaba por explicar o sucesso
que este evento revela ter na cidade, onde é uma referência na agenda
turístico-cultural do país.
Relativamente
às tradições, o carnaval de Torres Vedras é reconhecido por diversas atividades
típicas, como é o caso dos "Reis do Carnaval", que
diferem pela sua composição (sempre dois homens, por razões que a tradição
social explica) e pela pose sarcasticamente grandiloquente, pelos adereços
desconcertantes ou pela sua afirmação como referência a foliões. Não se
confundindo com um travesti, as "matrafonas" satirizam alguns dos
toques femininos mais vulgarizados, ora dão uma visão da mulher, nem sempre
inocente e nunca isenta, na ótica masculina. A imagem da mulher socialmente
"malcomportada" é um papel recorrentemente usado pelas
"matrafonas".
Os
carros alegóricos são uma das imagens de marca do Carnaval de Torres muito
devido à sua construção plástica e pela sátira a temas da atualidade nacional e
internacional e pelas suas grandes dimensões. Estas temáticas incluem inúmeras
figuras públicas da sociedade, da política e do desporto.
Os
carros eram inicialmente de tração animal, mas passaram depois a ser puxados
por tratores. Nos últimos anos, tem-se assistido à crescente introdução de
carros auto-motorizados.
Os cabeçudos (elemento
indispensável no Carnaval de Torres) são das primeiras “obras de arte”
presentes nesta festa. Originariamente feitos de pasta de papel, nunca deixaram
de engrossar, adquirindo novos e mais diversificados estilos, com expressão,
também, no seu acompanhamento musical - sempre grupos de Zés Pereiras.
Entrudo é o nome
dado a um boneco tradicionalmente feito de palha, que é queimado anualmente na
quarta-feira de cinzas, após o julgamento e leitura do testamento. A queima ou
enterro do Entrudo surge no encerramento do Carnaval, encontrando-se presente
no Entrudo dito rural ou tradicional, prática que sobreviveu no Carnaval urbano
de Torres Vedras.
A interação
entre o público e os mascarados é em grande parte feita através do arremesso de
"cocotes" (pequenos objetos feitos de papel e restos de serradura e
borracha) entre ambos. A música é também toda ela local, tentando manter as
raízes portuguesas.
A
preservação do meio ambiente e a sustentabilidade é um dos maiores aspetos que
têm vindo a ser considerados ao longo do tempo. Em 2013 e através do tema
“Reciclagem”, o evento vem a apelar ao sentido de responsabilidade ambiental
dos foliões e assume uma clara aposta na reciclagem dos resíduos produzidos. De
forma a complementar o trabalho que já era desenvolvido neste âmbito, o
Carnaval de Torres Vedras assume-se como um Eco Evento desde 2017, sendo o
terceiro ano consecutivo em que se compromete a reduzir o seu impacto
ambiental. A iniciativa proporciona formação e apoio no âmbito da gestão
adequada de resíduos, disponibilizando uma contrapartida financeira que é
calculada em função do desempenho ambiental do evento. Foi desta forma que
foram recolhidas e enviadas para a reciclagem cerca de 20 toneladas de resíduos
durante as duas últimas edições do evento. Este ano, a compensação que resulte
da quantidade de resíduos recolhidos seletivamente será entregue à Associação
Humanitária de Bombeiros Voluntários de Torres Vedras.
Pedro Moreira
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
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