O
turismo de natureza consiste numa vertente do turismo mais ligada e com base na
natureza de um certo local. Este tipo de turismo assenta na observação e na
prática de atividades turísticas em contacto com a natureza. Segundo o ICNF
(Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas), cerca de 21% do
território nacional é formado por áreas com forte valor natural, paisagístico e
de biodiversidade. Perante isto, podemos constatar que o turismo de natureza em
Portugal tem uma quantidade de território considerável que permite o seu crescimento.
Apesar
de o território português apresentar um valor significativo de áreas com grande
valor natural, e apesar de existirem vários
parques naturais, como é o caso do Montesinho e Douro, e de reservas naturais,
como, por exemplo, o Estuário do Tejo e as Berlengas, o Parque Nacional da
Peneda-Gerês (PNPG) apresenta-se, a nível nacional, como um local com grande
potencial para ser estudado nesta vertente do turismo natural, por toda a
preservação de espécies e de paisagem que se materializa nesta tão vasta área,
que abrange vários concelhos do Norte de Portugal. Para além disso, o PNPG é a
única área protegida com o estatuto de Parque Nacional em Portugal. Não
podemos, porém, esquecer que também as ilhas dos Açores e da Madeira têm um
grande potencial para o desenvolvimento deste tipo de turismo, por todas as
suas caraterísticas peculiares de natureza geológica e de biodiversidade, que
constituem um cenário brilhante.
Vamos
assistindo, nos últimos anos, ao aumento do número de agentes que têm
reconhecimento para a prática de Atividades de Turismo de Natureza. Em 2015, e segundo
o Registo Nacional de Agentes de Animação Turística, seriam cerca de 500
agentes. Tem aumentado também, segundo estatísticas do ICNF, o número de
visitantes a Áreas Protegidas em Portugal, porém, contrariamente a estes dados,
verificamos que no caso do PNPG as visitas guiadas têm vindo a diminuir de ano
para ano, aparecendo maior procura em anos anteriores. Não faz sentido,
portanto, que a área protegida de maior classificação em Portugal esteja em
aparente declínio no que diz respeito à sua aproveitação na vertente do
turismo. O PNPG, oferece, realmente, uma paisagem sensacional, vários trilhos
onde se pode ter a sorte (ou o azar) de se encontrar animais selvagens, e até várias
cascatas onde se pode refrescar nos tempos mais quentes. Portanto, o que falha
nesta área para que a procura pelo turismo de natureza acompanhado esteja a
diminuir?
Penso
que para que este desenvolvimento ocorra, as instituições que governam esta
área têm de delinear novas estratégias para aumentar o interesse do turista
naquilo que o PNPG tem para oferecer. No meu ponto de vista, deveria haver um
aperfeiçoamento nos serviços turísticos que servem de apoio ao visitante. Por
exemplo, a nível de sinalização, penso que deveria haver uma melhor sinalização
nos percursos pedestres, que por vezes se encontram pobremente sinalizados e
que fazem com que as pessoas se percam neles. É de notar também que estes
percursos precisam de constante limpeza para que a passagem por eles seja
realizável. Deveria também existir um melhoramento a nível dos serviços de
transporte, que se apresentam escassos nesta área, bem como nos postos de
informação do PNPG. Seria também de interesse para o aumento de turismo nesta
área uma maior oferta de restaurantes e hotéis ou de outros serviços de apoio
ao turista, com um maior alargamento do horário de funcionamento destes. Penso
também que, no caso do PNPG, a oferta de atividades de ocupação dos tempos
livres dos turistas não é muito alargada. Além disso, deveriam ser mais bem
aproveitados os recursos como, por exemplo, os rios, onde poderia existir um
maior aproveitamento dos desportos aquáticos.
Para
que este desenvolvimento ocorra é essencial que haja, por parte das
organizações competentes, estratégias traçadas a nível económico, social,
cultural e natural. Se estes níveis estiverem interligados irá então resultar
um bom aproveitamento do Turismo de Natureza nesta área, que beneficiará tanto
os turistas como o próprio PNPG, e também as aldeias desta área, que cada vez
têm menos habitantes.
Por
último, é importante mencionar que todo este desenvolvimento tem que ser
regrado e devidamente controlado, pois se este se tornar num turismo
massificado podem surgir problemas em relação à preservação da paisagem e das
caraterísticas locais, devido à degradação da natureza. Por isso mesmo, é
importante que nestas estratégias de desenvolvimento estejam também presentes
estratégias para a preservação da natureza, talvez por via de um maior controle
e de uma maior fiscalização, para que as gerações futuras possam ainda ver o
que de melhor a natureza nos dá.
Tiago
Dinis Cruz Santos Fernandes[1]
[1] Aluno do
mestrado em Geografia- Planeamento e Gestão do Território na Universidade do
Minho, nº PG38493.
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “economia e Política Regional”, do curso de Mestrado em Geografia do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
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