Atualmente, quando refletimos sobre as férias
de verão, percebemos que esta época é o expoente máximo do turismo
e, ao mesmo tempo, é sinónimo de diversão e repouso para uma grande
parte da população. Contudo, existe ainda uma boa parte da população com deficiências
ou incapacidades (física, visual, auditiva e intelectual) que sofre de “dores
de cabeça” devido à falta de acessibilidade para que
possam desfrutar de produtos turísticos de forma a desenvolver um Turismo
Inclusivo.
Foi a partir desta problemática e
aproveitando todas as potencialidades que o verão traz consigo que a Câmara
Municipal de Vila Franca de Xira (Lisboa), em parceria com os Serviços
Educativos do Museu Municipal do mesmo local, implementaram a 10 de julho de
2018 o projeto “Roteiros sem Barreiras”.
Este, consiste num programa de visitas destinado a pessoas com deficiências ou
incapacidades físicas e visuais e possui seis percursos de participação gratuita.
O
projeto pretende proporcionar à população do concelho, fora dele e fora do
país, o contacto táctil e visual de monumentos localizados em Alhandra, Alverca
e Vila Franca de Xira que marcam a história do concelho. Este, realiza-se entre
os meses de junho a setembro, sendo a sua próxima edição em junho deste ano. Contudo,
uma questão é levantada: “Porque será que esta iniciativa é tão importante em
pleno século XXI?”. A resposta seria a
criação de “um turismo mais inclusivo e acessível para todos”.
A
plataforma Accessible Portugal, que
apoia o sector do Turismo Inclusivo, afirma que “cerca de 80 milhões de
cidadãos da UE são, em maior ou menor grau, afetados por alguma deficiência, e prevê-se
que este número venha a aumentar para 120 milhões até 2020”. Ao mesmo tempo, em
Portugal existe “cerca de 1 milhão de cidadãos” na mesma situação.
Estes
valores numéricos são a base de influência do trabalho realizado pela Câmara Municipal
de Vila Franca de Xira, onde sempre que visito este concelho por ter família paterna
lá a residir fico sensibilizada por observar um local que estimula e une o seu
Património Cultural ao Turismo Inclusivo e se preocupa com toda a sua comunidade
e com todos aqueles que os pretendem visitar, neste caso os turistas, dando-lhes
as melhores condições de acessibilidade possíveis.
Portanto,
na minha opinião, o que torna este projeto especial é a capacidade de unir
cidadãos com deficiências ou incapacidades físicas e visuais que não querem ser
vistos como uma fração de negócio que só é consentido devido aos direitos
humanos, mas sim desejam ser recebidos da mesma forma como são recebidas as
pessoas sem qualquer problema, tendo os mesmos direitos e as mesmas oportunidades.
Neste
caso, o que se produziu foi um espaço pensado ao pormenor para que a comunidade
e os turistas tivessem um acompanhamento e, ao mesmo tempo, pudessem usufruir
de um Património Cultural que deve ser vivido e aprendido de forma segura, confortável
e simples.
Atualmente,
é necessário olharmos atentamente para a Constituição da República Portuguesa,
onde a acessibilidade inclusiva é um direito primordial estabelecido de forma a
garantir a todos uma situação de igualdade. Assim, precisamos valorizar e dar a
conhecer projetos como este, de forma a que outras instituições culturais
possam realizar o mesmo género de iniciativas de forma a ajudar as suas
comunidades e a desenvolver um Turismo mais Inclusivo.
Inês Pereira
Referências
Concelho promove Roteiros sem Barreiras. (junho de 2018). Obtido de Câmara Municipal de
Vila Franca de Xira. Retirado de: https://www.cm-vfxira.pt/pages/50?news_id=3893.
Consultado a 23/02/2019
Roteiros sem
Barreiras em VFX. (12 de julho de 2018). Obtido de Jornal O Mirante:
Semanário Regional. Retirado de: https://omirante.pt/semanario/2018-07-12/sociedade/2018-07-11-Roteiros-sem-barreiras-em-VFX . Consultado a 23/02/2019
Roteiros Sem
Barreiras: Seis Percursos . (2018). Obtido de Museu Municipal de Vila Franca de Xira.
Retirado de: http://www.museumunicipalvfxira.pt/pages/3346?news_id=4041. Consultado a 9/03/2019
Turismo
Acessível. (s.d.). Obtido de Accessible Portugal. Retirado de: http://accessibleportugal.com/turismo-acessivel/.
Consultado a 9/03/2019
(Artigo de opinião produzido no
âmbito da unidade curricular de “Património Cultural e Políticas de
Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do
ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
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