A aldeia da
Branda da Aveleira localiza-se à entrada do Parque Nacional da Peneda-Gerês
(PNPG), nas encostas da serra da Peneda, na freguesia de Gave, concelho de
Melgaço, a cerca de 1100m de altitude, onde são ainda visíveis os vestígios da
era glaciar (Glaciação de Wurm). É uma das 7 Maravilhas
Naturais de Portugal® eleitas em 2010. Esta aldeia parece
ter parado no tempo. Não fossem algumas construções mais modernas, pensaríamos
que tudo se mantém como antigamente. Uns dias
de descanso nesta aldeia proporcionam um regresso às tradições agrícolas e
culturais mais antigas e momentos de total relaxamento no Vale do Minho.
O nome branda deve-se
à tradição secular da transumância do gado na vida da aldeia. É desde o século
XII que os brandeiros da Gave sobem com os rebanhos para os pastos desta
branda, libertando os terrenos mais baixos para o cultivo agrícola. No passado,
a branda da Aveleira acolhia a assembleia dos brandeiros anciãos, pois com os
pastores e seus rebanhos seguia também toda a cultura inerente a cada povo. Estes
permaneciam na branda durante todo o verão, só descendo até à povoação, a cerca
de 5km, para levarem mantimentos. Os pastores viviam
assim em total isolamento durante todo o verão. Este isolamento ainda é
bastante notório nos dias de hoje.
A aldeia é bastante
isolada e praticamente sem infraestruturas de suporte, para além das casas
rústicas e de um restaurante próximo, com horários limitados. O sinal de
telemóvel ou internet é quase inexistente.Quem
visita a branda da Aveleira terá paz e sossego. O visitante tem de estar preparado para se desligar
de tudo e desfrutar de um recanto natural com uma beleza imperdível.
A aldeia da Branda da Aveleira é
composta por 80 casas rústicas – cardenhas - que serviam de abrigo aos pastores
e seus animais. A aldeia é o testemunho de uma tradição agrícola e cultural de
grande valor antropológico.
Por volta dos anos 60
e 70, a emigração deixou a aldeia semiabandonada. Mas, anos depois, os
habitantes aproveitaram os fundos comunitários para requalificar as habitações
de que eram proprietários, destinando-as a oferta de Turismo de Aldeia. Atualmente,
podemos encontrar um conjunto de casas rústicas, típicas, algumas delas, cerca
de uma dezena, encontram-se restauradas, mantendo a traça original, mas
adaptadas, transformando a Branda da Aveleira numa aldeia turística.
Antes de iniciar o
passeio pela aldeia e pela envolvente, o visitante deverá recolher a informação
sobre os principais locais de interesse. Na aldeia, merece um olhar atento a
Capelinha da Senhora da Guia e o conjunto de casas rústicas típicas, designadas
por cardenhas, como referi. O pequeno lago que se encontra à entrada da aldeia
é um convite a banhos na época de verão.
Nesta zona, também,
não faltam sugestões de percursos pedestres. O visitante poderá desfrutar da
natureza, passear entre outeiros e leiras, afloramentos rochosos de granito e
xisto e regatos de água fresca. Percorrer o trilho megalítico que o levará ao Dólmen do Batateiro, o trilho da Aveleira,
percurso de montanha, ou o trilho da Peneda, entre o povoamento da Peneda e a
Branda da Bouça dos Homens. O visitante terá oportunidade, também, de observar
os vestígios glaciários na Serra da Peneda e aventurar-se à descoberta do lago
da Peneda, no cume da serra com o mesmo nome. Depois destas sugestões o
visitante poderá retemperar energias com a saborosa gastronomia local, da qual
se destacam a broa de milho, o fumeiro e o cabrito à moda da Serra.
Apesar de se tratar
de uma aldeia remota, a aldeia da branda da Aveleira teve a capacidade de se
renovar e qualificar e de promover o que tem de melhor: a hospitalidade das
suas gentes, a gastronomia, os produtos endógenos, as suas belezas naturais e
património edificado, contribuindo para aumentar o afluxo turístico.
Maria José Dias
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
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