sexta-feira, março 15, 2019

Festival Percursos da Música – um exemplo de dinamização do centro histórico de Ponte de Lima

Ponte de Lima tem-se distinguido, ao longo dos últimos anos, pelo seu empenho em utilizar o seu património histórico, gastronomia, cultura e produtos da região de forma a fazer com que a vila apareça no radar de turistas, tanto nacionais como estrangeiros, tentando não deixar de fora a população local, sendo exemplo disso a Festa do Vinho Verde e Produtos Regionais, a Feira do Cavalo, e os constantes eventos do Teatro Diogo Bernardes, entre muitos outros.
Um exemplo deste esforço feito pelo município para estimular o turismo cultural da vila é o assunto tratado neste ensaio. No mês de julho, já durante a chamada “época alta” do turismo, ocorre (por norma) nas primeiras duas semanas do mês, o festival Percursos da Música, no centro histórico de Ponte de Lima, organizado pelo Teatro Diogo Bernardes (responsável pela agenda cultural do município). Desde a sua primeira edição, em 2010, este festival reúne no seu programa vários géneros de música, abrangendo desde música clássica a música contemporânea. Para além de recitais de violino, piano ou outros instrumentos, atuações de bandas locais e de artistas internacionais, e workshops de dança, já passaram nas suas várias edições nomes, como Rita Redshoes, Noiserv, Filho da Mãe e Vitorino d’Almeida.
Uma das “imagens de marca” deste festival é o facto de não se realizar num recinto ou lugar específico, mas sim em vários locais do centro histórico de Ponte de Lima, uns mais emblemáticos do que outros. Contudo, esses lugares não são sempre os mesmos. O Teatro Diogo Bernardes, o Auditório da Academia de Música e o Largo de Camões, que eram das paragens mais conhecidas do festival, deixaram de estar presentes. Na última edição (2018), os espetáculos realizaram-se nos seguintes locais: Avenida dos Plátanos, Largo de S. João, Rua Formosa, Escadaria da Capela das Pereiras, Rua Cardeal Saraiva, Largo da Picota e Largo da Alegria (sendo este “além da Ponte”, em Arcozelo).
Outro aspeto importante deste festival é o facto de ser gratuito. É verdade que sendo ao ar livre seria difícil de controlar (em alguns dos locais é possível ver residentes a assistir nas suas janelas/varandas), mas o facto de não ter qualquer custo para os espectadores e ainda assim disponibilizar todo o equipamento necessário e lugares sentados é, sem dúvida, algo chamativo para os interessados, para além de refletir o esforço dos organizadores em agradar aos visitantes.
Esta iniciativa, tal como é referido no título, é um exemplo de dinamização do centro histórico de Ponte de Lima. Pessoas que vão à vila só com o objetivo de assistir aos concertos acabam por consumir algo além dos espetáculos não diretamente relacionado com estes últimos. Ou seja, para além de dar a conhecer certos pontos da vila aos espectadores, é um incentivo para os negócios locais: cafés, restaurantes, alojamento, lojas de recordações. Isto, junto com outras iniciativas do município nesta época, acaba por estimular a criação de emprego regional (ainda que sazonal), há uma maior preocupação em manter o património local, e acaba por ser a maior “publicidade” que se poderia fazer ao turismo em Ponte de Lima – o feedback de visitantes, que mesmo tendo ido sem intenção de conhecer muito a zona, acabaram por o fazer e tiveram uma boa experiência.
Tudo isto se torna uma “bola de neve”, que traz efeitos positivos tanto para o turismo e, consequentemente, economia locais, como para o património do centro histórico.

Diana Gonçalves[1]




[1] Diana Filipa Fernandes Gonçalves, PG38502, Mestrado em Património Cultural, Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho.

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

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