Viana
do Castelo, distrito e cidade, são conhecidos dentro e fora de Portugal pela
forte capacidade de atração turística motivada pelos objetivos de cariz
religioso. Todas as festas tradicionais e religiosas fazem impulsionar a
vertente turística do Alto Minho, conduzindo todos os anos até ao norte
diversos turistas e visitantes. Mesmo os locais religiosos, como as igrejas e
os mosteiros, captam a atenção dos forasteiros não só em alturas de festa (Fernandes, Richards, & Rebelo, 2018), fornecendo um
ótimo apoio ao produto turístico minhoto.
Existem
diversas festas religiosas que formam um roteiro de romarias do distrito,
começando em Maio com a festa das rosas, em Vila Franca do Lima, passando pela
festa dos andores floridos, em Alvarães, pela festa da Senhora das Neves até à
famosa Romaria da Senhora da Agonia.
Contudo,
o ponto alto do distrito é, sem dúvida, a Romaria da Senhora da Agonia. Todos
os anos move milhares de pessoas e gera um ambiente monumental na cidade
Vianense. Decorre ao longo de 4 ou 5 dias, dependendo dos anos, e em todos os
dias existem eventos que fazem prender os apreciadores. Entre esses eventos está
a Procissão ao mar, uma procissão que é feita tanto nas ruas da cidade como no
rio Lima, onde Senhora da Agonia é transportada de barco pelo rio, acompanhada
por imensos barcos que fazem escolta à santa, criando um cenário maravilhoso de
culto e de crença. O desfile da mordomia é outro desses eventos, um desfile
onde as vianenses exibem os seus trajes tradicionais e ostentam uma
considerável quantidade de ouro, geralmente recolhida por toda a família e levada
por uma pessoa no desfile, não sendo, portanto, estranho vermos imensas
trajadas com alguns quilos de ouro no corpo. Outra das atrações prende-se com
as atuações de cariz musical: os tradicionais grupos de bombos atuam ao longo
do dia pelas ruas da cidade e fazem, pela noite, um desfile onde todos se concentram.
De manhã, fazem uma alvorada todos juntos na praça da república e, ao meio-dia,
concentram-se novamente no mesmo sítio, criando uma rotina que move imensas
pessoas. A par dos grupos de bombos estão os ranchos folclóricos e as bandas de
música, que enchem de animação os dias e as pessoas que gostam de os ouvir.
Para
os habitantes de Viana do Castelo, estas tradições, e pegando no exemplo da
Senhora da Agonia, são marcantes e fazem todo o distrito participar e celebrar.
Contudo, sente-se cada vez mais que pessoas de fora da localidade, sejam de
dentro ou de fora do país, visitam e querem participar naquelas experiências e
vivências. E toda a economia local se impulsiona por estas alturas. Surge todo
o tipo de negócios e os alojamentos e hotéis enchem-se de reservas com
antecedência. Os restaurantes trabalham como nunca e sente-se que toda aquela
potência gastronómica do Minho consegue complementar o culminar de experiências
fantásticas.
Com
presença assídua na Romaria, tanto como expectador como participante, sinto que
existe um cambio cultural e que se aproveita cada vez mais a Romaria como
atração turística principal da cidade. Segundo dados do PORDATA, os proveitos
totais de estabelecimentos hoteleiros em Viana do Castelo (cidade) registaram
um aumento, de 2009 para 2017, de cerca de 153%, confirmando que a tendência é
crescente e dominante. A zona do Alto Minho (NUT III) tem, neste momento,
tantos proveitos totais de estabelecimentos hoteleiros como a região do Douro
(NUT III), que sabemos que também teve um crescimento turístico exponencial
nestes últimos anos.
Temos
neste momento a certeza que o turismo é um setor a apostar e um dinamizador
económico, que ainda existe muito por onde explorar e que se deve fazê-lo de
forma habilidosa e rendível.
João Pedro Ferreira de Sá
Referências
Bibliográficas
Fernandes, C., Richards, G., & Rebelo, M. (2018).
O Turismo Religioso no Norte de Portugal: Avaliação do seu Potencial de
Desenvolvimento. Revista Turismo & Desenvolvimento, (9), 45–62.
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
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