segunda-feira, março 18, 2019

Conservar a memória do antigo Castelo de Braga

Com mais de 2000 anos de história, a cidade de Braga, considerada o 2º melhor destino europeu em 2019, possui uma riqueza cultural imensa e são muitos os locais de visitas para conhecer a vitalidade cultural da cidade. Desempenhando um papel dinamizador de referência a nível económico, tecnológico, cultural e gastronómico, a região tem suscitado interesse por parte de quem a visita pela sua capacidade de reinvenção. Contudo, ao longo da sua história, nem sempre se pautou por boas práticas de valorização do património, sendo exemplo disso a atual preservação das ruínas do demolido antigo Castelo de Braga, mandado construir por D. Dinis, no século XIII.
Do antigo castelo resta atualmente a imponente Torre de Menagem e outros elementos e ruínas espalhados em edifícios à volta da torre, nomeadamente pedaços da muralha do castelo. Na época atual, a Torre de Menagem alberga o projeto “Era uma vez uma Cidade” e tem patente ao público uma exposição permanente de mais de oitenta ilustrações sobre a história da cidade que permitem um percurso pelos seus dois mil anos de história. Este programa contou com o apoio logístico do Museu D. Diogo de Sousa e do Museu Pio XII e foi o monumento mais visitado do universo municipal bracarense, contando com cerca de 25 000 visitantes. Apesar de conter no seu interior, até à data, o primeiro projeto em Portugal que integra ilustração histórico-arqueológica, desenho, infografia 3D, maquetas e espólio arqueológico, existem muitas questões relativas à sua preservação e divulgação que merecem a devida atenção.
As ruínas pertencentes ao castelo estão desaproveitadas pelo comércio do centro histórico da cidade e, ao longo dos séculos, as suas muralhas serviram de suporte para a construção de outros edifícios. Para muitas das pessoas, quer sejam elas residentes ou não residentes em Braga, o que sobra do castelo é a torre de menagem, desconhecendo totalmente a existência de outros vestígios. Muitas desconhecem mesmo que ali existiu um castelo.
Mas, se existem pessoas que não valorizam ou desconhecem a história deste monumento, também existem outras com sensibilidade suficiente para integrar e conservar qualquer achado, considerando-o até uma mais-valia para o espaço comercial.
Considero de extrema importância o desenvolvimento de estratégias de sensibilização, valorização e divulgação patrimonial daquilo que resta do antigo Castelo de Braga, espaço que nos habituamos a ver sempre que nos deslocamos ao centro da cidade e que faz parte da identidade de todos os bracarenses. Porque só se ama aquilo que se conhece, é necessário dá-lo a conhecer às pessoas através de iniciativas e políticas culturais, como, por exemplo, através de visitas guiadas, aquilo que é parte da nossa história e aos demais comerciantes e proprietários as vantagens, até mesmo para o seu negócio, em manter intactas, valorizadas e visíveis as ruínas do castelo. Estas podiam traduzir-se numa mais-valia, tanto a nível económico como a nível cultural e turístico.

Maria da Graça Peixoto

Bibliografia
Silva, F. A. (17 de Agosto de 2018). Património. Quem salva a memória do antigo Castelo de Braga? Obtido de Semanário V: https://semanariov.pt/2018/08/17/patrimonio-quem-salva-a-memoria-do-antigo-castelo-de-braga/
Silva, F. A. (3 de Fevereiro de 2019). Escavações arqueológicas na Arcada revelam passado do castelo de Braga. Obtido de Semanário V: https://semanariov.pt/2019/02/03/escavacoes-arqueologicas-na-arcada-revelam-passado-do-castelo-de-braga/?fbclid=IwAR2zMx-pOYu5GwRMKUQ9mWKxW03TPIuHUiWX-l2jGw4gCTvRAhgZvB7Qy5M
http://www.bragatv.pt/era-uma-vez-uma-cidade-ja-contou-a-historia-de-braga-a-25-mil-visitantes/

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2ºsemestre do ano letivo de 2018/2019)

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