Bons
sons é um dos poucos festivais a nível nacional que é inteiramente dedicado
apenas à música portuguesa. Este festival tem lugar todos os anos em Tomar,
numa pequena aldeia com o nome de Cem Soldos, e conta já com oito edições. É
organizado por SCOCS, uma associação cultural local, que tem como objectivo promover
a cultura da população da aldeia.
Como
é normal em todos os festivais, existe sempre algum elo de ligação entre o
próprio festival e o local em que é acolhido, sendo Paredes de Coura
considerado, pela maioria dos festivaleiros, o festival com esse elo de ligação
mais forte. Contudo, penso que o festival Bons Sons consegue superar essa
ligação, festival/população, pois a organização deste festival envolve os cerca
de mil habitantes da aldeia de Cem Soldos que, por sua vez, abrem as portas das
suas casas aos festivaleiros, cedem alguns terrenos agrícolas para instalar
parques de estacionamento, e ainda transformam muitos dos seus quintais em
restaurantes, onde servem refeições e convivem com os festivaleiros. Numa
entrevista, Luís Ferreira, diretor artístico do festival, disse: “dos mais
velhos aos mais novos todos participam na construção do festival, feito de
vivências entre quem habita e quem visita a aldeia.”
Como
podemos conferir, os festivais musicais são cada vez mais uma fonte de atração de
visitantes a um determinado local do país. Esta crescente criação de festivais
musicais possibilita o desenvolvimento das regiões, a nível económico e social,
e ainda impulsiona o setor do turismo. O festival Bons Sons é um bom exemplo,
pois, com apenas um orçamento anual na ordem dos 450 mil euros, conseguiu na
edição de 2018 atribuir benefícios económicos e sociais à região na ordem dos
quatro milhões de euros, em que 200 mil euros tiveram origem no setor hoteleiro
da região.
O
festival recebeu cerca de 38.500 visitantes provenientes de 88 concelhos
nacionais e de seis países, entre os quais Alemanha, Dinamarca, Espanha,
França, Reino Unido e Brasil. Não resta qualquer dúvida que este festival é
algo bastante benéfico e importante para esta pequena aldeia em Tomar. Sendo
uma aldeia um pouco isolada e com uma população bastante reduzida, está explícito
que a maior parte dos ganhos anuais da população provém da semana em que o
festival é realizado. Por esta razão, é essencial que este festival se continue
a realizar, pois é a melhor forma de dar a conhecer a aldeia e de continuar a
atrair turistas.
Podemos
ainda afirmar que é um festival com caraterísticas diferentes, uma vez que a
aldeia de Cem Soldos é totalmente fechada e o seu perímetro marca a área do
festival. Apesar de ser relativamente pouco conhecido, o festival continua a
adquirir prémios, como aconteceu na quarta edição dos Iberian Festival Awards, em que o festival estava nomeado para oito
categorias e sagrou-se vencedor em duas: Melhor Festival de Média Dimensão
Ibérico; e, pelo terceiro ano consecutivo, Melhor Acolhimento e Receção. Tal consolida
mais a ideia que o Bons Sons é o festival que melhor abraça os seus visitantes.
Pedro Miguel Ferreira Da Costa
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
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