A
festa em honra de Nossa Senhora dos Remédios é uma romaria na vila do Arco de
Baúlhe, concelho de Cabeceiras de Basto, já com mais de 300 anos, segundo
informação constante no Correio do Minho. É toda uma tradição popular que se
veio a transmitir de gerações em gerações, podendo considerar-se verdadeiro
património do local. De há uns anos para cá, em 2010, surgiu pela primeira vez
o ´Rock in Rua`. A tentativa de criar um festival rock na região, algo que até
então era quase inexistente, acabou por culminar numa prova de sucesso e
afirmação de uma localidade como “marca”.
O
´Rock in Rua` assinala o início da romaria de Nossa Senhora dos Remédios,
antecedendo-lhe. Uma decisão astuta, tendo em conta, segundo a TVI24, numa
notícia de 2015, “…a ´mentalidade rockeira` do Arco de Baúlhe…” aliando-se à
festa da terra, que é o momento do ano mais movimentado e contribui, em
simultâneo, para o seu enriquecimento, criando uma relação de mutualismo.
O
festival localiza-se num espaço central e icónico da vila, a Rua do Arco de
Baúlhe. No entanto, esse mesmo espaço faz parte do misticismo do seu nome e
inclusive da sua atmosfera. O “bairrismo” presente nas pessoas é um dos fatores
que mais tem proporcionado uma evolução sustentável do evento. Essa mesma
caraterística consegue misturar-se com a “hospitalidade” do seu ambiente,
proporcionando um festival acolhedor. De acordo com Tiago Teixeira, numa
entrevista à Antena 3, em 2017, a iniciativa começou como algo muito pequeno,
apenas para juntar “o pessoal” do costume numa noite diferente e suscitando o
convívio entre as pessoas, mas com o passar dos anos perceberam que o festival
estava a começar a ter uma boa adesão e a criar um público verdadeiramente
interessado.
Conforme
a TVI24 em 2015, “O ‘Rock in Rua` foi crescendo, nestas seis edições deu pulos
gigantes e já passaram por aqui bandas como Ena Pá 2000, Mata Ratos, Capitão
Fantasma e The Dixie Boys’, destacou o responsável sem conseguir esconder o
entusiasmo por este ano os The Parkinsons se deslocarem ao Arco para agitar as
mais de mil pessoas esperadas”. Entretanto, já se passaram mais 3 anos e o
festival continuou a crescer, acrescentando ao seu currículo outros nomes como
Paus, Fugly, Peste e Sida, Bed Legs e Bizarra Locomotiva. O evento
desenvolve-se também a nível de público, levando principalmente pessoas de
outras zonas: Fafe, Guimarães, Ribeira de Pena, Vila Pouca de Aguiar, Vieira do
Minho, entre outras. Tudo isto, por muito que seja só uma noite, acaba por
trazer movimento ao comércio da zona. Desde bares, cafés, restaurantes, tudo
enche nesta que é a noite do Rock.
É
de salientar que desde há quase 10 anos (falando em termos gerais e a nível
quase distrital), o Arco de Baúlhe, para muitos, era apenas um local de
passagem e pouco mais, e, desde então, todo o processo de dinamização da localidade
culminou no que é hoje a imagem de marca de uma Terra para as novas gerações.
Contudo, tem de se olhar em proporcionalidade para a realidade existente neste
panorama: o Arco de Baúlhe é uma das vilas do Concelho de Cabeceiras de Basto,
e não é a maior. Quando se fala em crescimento, devem-se avaliar os dados na
sua globalidade, desde logo fatores como visibilidade e adesão, e não é fácil
para um local situado numa freguesia com 2048 habitantes (dados relativos aos
sensos de 2011) receber num dos seus espaços mais de metade desse número, para
fazer correspondência a um evento. É através desses números que se consegue
apreciar, com precisão, o percurso do ´Rock in Rua`.
Apesar
de ser um festival de uma só noite, é um evento que continua a evoluir, com
previsões de ser alargado em duração. Ainda assim, apesar de a Rua do Arco ser
o seu espaço icónico, o ´Rock in Rua` precisa de respirar e precisa de crescer.
Mais cedo ou mais tarde, o Festival vai precisar de mais espaço para o seu
público, acreditando-se que a mística não vai desvanecer, até porque o
bairrismo irá, certamente, estar presente.
João Manuel Miranda
Bibliografia:
Antena
3 (2017). Rock in Rua: Arco de Baúlhe
Veste-se de Rock. [Em linha]. Disponível em http://media.rtp.pt/antena3/ler/rock-in-rua-arco-de-baulhe-veste-se-de-rock/.
[consultado em 26/03/2019].
Correio
do Minho (2018). 300 anos da Romaria em
Honra de Nª Srª dos Remédios do Arco de Baúlhe. [Em linha]. Disponível em https://correiodominho.pt/noticias/300-anos-da-romaria-em-honra-de-n-sr-dos-remdios-do-arco-de-balhe/110356.
[consultado em 25/03/2019].
TVI24
(2015). "Rock in Rua" de volta
a Cabeceiras de Basto. [Em linha]. Disponível em https://tvi24.iol.pt/musica/arco-de-baulhe/rock-in-rua-de-volta-a-cabeceiras-de-basto.
[consultado em 26/03/2019].
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2ºsemestre do ano letivo de 2018/2019)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2ºsemestre do ano letivo de 2018/2019)
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