Neste artigo vou falar sobre uma Organização que tem como
interesses a Educação, as Ciências e a Cultura. A UNESCO, com esses interesses,
estabelece programas que contribuem para a realização de os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável, definidos na Agenda 2030.
Tendo programas variados, neste artigo vou dar enfâse aos
Geoparques, pois a UNESCO está ligada à Rede Global de Geoparques. Contudo,
estes Geoparques podem ser muito importantes para o desenvolvimento local, se
tiverem as devidas estratégias. Falarei sobre o Geoparque Naturtejo, para
entendermos um pouco como podemos, através dos Geoparques, desenvolver uma zona
que tinha muito pouco que “fazer” e que depois do desenvolvimento do Geoparque
revitalizou-se como um local importante.
A
geoconservação pode ocorrer através da criação de geoparques. Este conceito
surgiu num Programa da UNESCO, mas nunca foi aprovado devido a motivos
financeiros. Contudo, a UNESCO conferiu um patrocínio (não financeiro) a áreas
que respondessem aos critérios delineados, aparecendo assim a Rede Europeia de
Geoparques (REG), em 2000, e, em 2004, a Rede Global de Geoparques. Nos
geoparques conjuga-se a geoconservação com o desenvolvimento económico
sustentável. Procura-se que a geoconservação constitua um elemento de promoção
dos territórios e não de condicionalismo. Em Portugal, existem 4 Geoparques,
Geoparque Naturtejo, Geoparque Arouca, Geoparque Açores e o Geoparque Terras de
Cavaleiros, todos pertencentes à REG.
Em
2004, a Associação de Municípios Natureza e Tejo, composta pelos concelhos de
Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Nisa, Oleiros, Proença-a-Nova e Vila Velha de
Ródão, criou a Naturtejo. Esta empresa de capitais públicos foi pensada para
promover turisticamente, quer em Portugal, quer além-fronteiras, uma região que
corresponde em área a uma pequena parte do território nacional. Um território
dominado pelo setor agrícola, em generalizada declinação, onde os serviços se centralizam
nas sedes concelhias e na única cidade de média dimensão, Castelo Branco, onde
as aldeias estão em perda acelerada de população nestes que são alguns dos mais
envelhecidos concelhos de Portugal. Um passado remoto de fronteira legou
séculos de abandono das terras, contribuindo para uma paisagem dominada pela
ausência de povoados. Mas este deserto de gentes teve como efeito positivo a conservação
da Natureza num estado ainda primitivo, reminiscente do ordenamento territorial
Romano.
Podemos
verificar, segundo alguns dados, que ao longo dos anos os visitantes têm olhado
para a o Naturtejo como algo importante para se visitar, por exemplo, em 2007,
em apenas 4 meses, 35000 visitantes estiveram no Geoparque no contexto de uma
exposição interativa sobre o Geoparque Naturtejo. Outra data importante é a da
Semana Europeia de Geoparque, que decorre todos os anos, e, em 2009, 68000
visitantes participaram num vasto conjunto de eventos durante essa semana.
Ainda mais recente, em 2016, cerca de 250000 pessoas visitaram o Geoparque
durante todo o ano. O Geoparque Naturtejo tem um vasto conjunto de atividades,
desde percursos na natureza, rotas pelo Geoparque (ex: rota das trilobites),
geoprodutos, percursos de BTT, programas educativos, etc.
Perante
isto, na minha opinião, não restam dúvidas que o desenvolvimento do Geopark
Naturtejo, integrado nas redes europeia e global de geoparques assistidas pela
UNESCO, veio agitar culturalmente um território nem sempre devidamente lembrado
pelo seu posicionamento fronteiriço e com uma dinâmica arrítmica assente no
trabalho de apenas alguns.
É
com este tipo de “iniciativas” que talvez possamos combater as povoações
despovoadas, com estratégias que “chamem” visitantes para verem o que de melhor
há nesses locais por vezes desconhecidos por muita gente, fazendo com que a
economia local cresça e, consequentemente, haja desenvolvimento local. A marca
da UNESCO, no meu ponto de vista, foi importante porque trouxe o prestígio e a
centralidade face a destinos turísticos envolventes na península Ibérica e
arredores, abrindo caminho para uma oportunidade de ouro de desenvolvimento
turístico que se quer sustentado em práticas conciliadoras do homem com o
ambiente.
Tiago Dinis Cruz Santos Fernandes
Bibliografia
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “economia e Política Regional”, do curso de Mestrado em Geografia do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
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