segunda-feira, abril 08, 2019

Impacte do futebol no turismo regional – O caso de Moreira de Cónegos

Sabemos que o futebol é o desporto rei atualmente, e o nosso país segue essa tendência. Em Portugal, é o desporto que move multidões. Nenhum outro desporto consegue ter o impacte nem a dimensão do futebol. Este fenómeno é fulcral para o desenvolvimento de regiões mais monótonas do nosso país, porque faz com que os amantes deste desporto visitem locais onde noutras circunstâncias provavelmente não iriam. Passo a citar um exemplo disso, com o qual convivo há muitos anos de perto e vivencio esses ambientes que são proporcionados em terras de menor dimensão, refiro-me a Moreira de Cónegos, uma vila pertencente ao Concelho de Guimarães.
Moreira de Cónegos era apenas uma freguesia, mas com o seu notável progresso em todos os setores de atividade e respetivo crescimento demográfico foi elevada a vila, em meados de 1995. Mas falar em Moreira de Cónegos é falar do Moreirense. É esse o pensamento geral e, no fundo, é uma verdade. É aqui que pretendo demonstrar a força do futebol em regiões como estas, regiões pequenas mas com grandes valores e com muito potencial.
O Moreirense nasceu em 1938 da determinação de um grupo de pessoas amantes de futebol. Nasce assim a instituição embaixadora desta pequena vila. A sua longevidade transporta naturalmente muitos momentos de profunda satisfação para os seus sócios e apoiantes como eu. Um dos maiores motivos de orgulho é ver como este pequeno clube se tem mantido no topo das principais competições nacionais de futebol. É este um dos principais fatores do crescimento continuo desta região. Ao estar a disputar competições ao mais alto nível, torna-se alvo de conhecimento e também de visita.
Sou sócio desde os dois anos de idade, e se Moreira de Cónegos é o que é hoje deve muito ao turismo provocado pelo futebol. Em dias de jogos, principalmente jogos importantes como quando joga com equipas tais como o Benfica, Porto, Braga, Sporting, entre outras, nesses dias, esta pequena vila supera-se. Transforma-se numa verdadeira cidade. São tantos os amantes que se deslocam a esta localidade para assistir aos jogos que o comércio local por vezes não consegue lidar com tal movimentação.
Uma pequena curiosidade, mas que consegue representar tão bem o feito inédito que este Moreirense tem vindo a realizar: Moreira de Cónegos tem cerca de 4500 habitantes mas, em jogos grandes, o estádio chega a ter cerca de 6000 adeptos presentes. Ou seja, dentro daquele recinto desportivo move-se mais gente do que em toda a vila. É este o impacte do futebol a nível nacional, mas também internacional.
Futebol e turismo combinam perfeitamente e são ótimos aliados, seja em que localidade for. Se não existisse o Moreirense, ou se não existisse futebol na vila, quando se falasse em Moreira, ninguém iria saber onde ficava, o que era. Hoje em dia, qualquer pessoa sabe onde fica Moreira de Cónegos, e o que tem para oferecer. Sem futebol, iria ser uma mera vila, ocupada apenas por população local e pouco mais. O turismo seria quase nulo. Mas, felizmente, já conseguiu ganhar o seu cantinho no turismo português e ocupa agora um lugar de respeito em Portugal.
É um orgulho ser Moreirense e contribuir para o crescimento da minha vila. Como Moreira de Cónegos, existem milhares de outras parcelas por Portugal, mas que não conseguem impulsionar este setor, seja por falta de verbas ou outros fatores. Era de muito valor que seguissem o exemplo de Moreira e impulsionassem o turismo com o empurrãozinho do futebol. Hoje em dia, o futebol tem sido mais um negócio que um desporto. É por este motivo que, na minha opinião, várias vilas e até cidades em Portugal conseguem ter o futebol na rua da amargura. O que é uma pena e só comprova a quantidade de maus gestores que existem no nosso país, os quais apostam em tudo menos no que poderia ser rendível e dar visibilidade à sua terra. Um bem-haja a Moreira de Cónegos, uma vila que “ganhou asas, voou alto e foi em frente”! 1

Bruno Pereira

1-Retirado do hino do Moreirense Futebol Clube.


(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

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