Sabemos
que o futebol é o desporto rei atualmente, e o nosso país segue essa tendência.
Em Portugal, é o desporto que move multidões. Nenhum outro desporto consegue
ter o impacte nem a dimensão do futebol. Este fenómeno é fulcral para o
desenvolvimento de regiões mais monótonas do nosso país, porque faz com que os
amantes deste desporto visitem locais onde noutras circunstâncias provavelmente
não iriam. Passo a citar um exemplo disso, com o qual convivo há muitos anos de
perto e vivencio esses ambientes que são proporcionados em terras de menor
dimensão, refiro-me a Moreira de Cónegos, uma vila pertencente ao Concelho de
Guimarães.
Moreira
de Cónegos era apenas uma freguesia, mas com o seu notável progresso em todos
os setores de atividade e respetivo crescimento demográfico foi elevada a vila,
em meados de 1995. Mas falar em Moreira de Cónegos é falar do Moreirense. É
esse o pensamento geral e, no fundo, é uma verdade. É aqui que pretendo
demonstrar a força do futebol em regiões como estas, regiões pequenas mas com
grandes valores e com muito potencial.
O
Moreirense nasceu em 1938 da determinação de um grupo de pessoas amantes de
futebol. Nasce assim a instituição embaixadora desta pequena vila. A sua
longevidade transporta naturalmente muitos momentos de profunda satisfação para
os seus sócios e apoiantes como eu. Um dos maiores motivos de orgulho é ver
como este pequeno clube se tem mantido no topo das principais competições
nacionais de futebol. É este um dos principais fatores do crescimento continuo
desta região. Ao estar a disputar competições ao mais alto nível, torna-se alvo
de conhecimento e também de visita.
Sou
sócio desde os dois anos de idade, e se Moreira de Cónegos é o que é hoje deve
muito ao turismo provocado pelo futebol. Em dias de jogos, principalmente jogos
importantes como quando joga com equipas tais como o Benfica, Porto, Braga,
Sporting, entre outras, nesses dias, esta pequena vila supera-se. Transforma-se
numa verdadeira cidade. São tantos os amantes que se deslocam a esta localidade
para assistir aos jogos que o comércio local por vezes não consegue lidar com
tal movimentação.
Uma
pequena curiosidade, mas que consegue representar tão bem o feito inédito que
este Moreirense tem vindo a realizar: Moreira de Cónegos tem cerca de 4500
habitantes mas, em jogos grandes, o estádio chega a ter cerca de 6000 adeptos
presentes. Ou seja, dentro daquele recinto desportivo move-se mais gente do que
em toda a vila. É este o impacte do futebol a nível nacional, mas também
internacional.
Futebol
e turismo combinam perfeitamente e são ótimos aliados, seja em que localidade
for. Se não existisse o Moreirense, ou se não existisse futebol na vila, quando
se falasse em Moreira, ninguém iria saber onde ficava, o que era. Hoje em dia,
qualquer pessoa sabe onde fica Moreira de Cónegos, e o que tem para oferecer.
Sem futebol, iria ser uma mera vila, ocupada apenas por população local e pouco
mais. O turismo seria quase nulo. Mas, felizmente, já conseguiu ganhar o seu
cantinho no turismo português e ocupa agora um lugar de respeito em Portugal.
É
um orgulho ser Moreirense e contribuir para o crescimento da minha vila. Como
Moreira de Cónegos, existem milhares de outras parcelas por Portugal, mas que
não conseguem impulsionar este setor, seja por falta de verbas ou outros
fatores. Era de muito valor que seguissem o exemplo de Moreira e impulsionassem
o turismo com o empurrãozinho do futebol. Hoje em dia, o futebol tem sido mais
um negócio que um desporto. É por este motivo que, na minha opinião, várias
vilas e até cidades em Portugal conseguem ter o futebol na rua da amargura. O
que é uma pena e só comprova a quantidade de maus gestores que existem no nosso
país, os quais apostam em tudo menos no que poderia ser rendível e dar
visibilidade à sua terra. Um bem-haja a Moreira de Cónegos, uma vila que “ganhou
asas, voou alto e foi em frente”! 1
Bruno Pereira
1-Retirado
do hino do Moreirense Futebol Clube.
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
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