O determinar desta temática para o
meu trabalho deveu-se ao interesse que nutro pela preservação da Natureza e
pela preocupação do tipo de turismo ambiental a facultar aos que dele usufruem.
É um tema repleto de controvérsias, por isso despertou a minha atenção.
Que tipo de espaços naturais poderemos
oferecer, se a Natureza está altamente poluída? Parafraseando Napoleão
Bonaparte e Francis Bacon, o Homem não pode viver, eu acrescentaria nem mesmo usufruir,
onde as flores morrem. Só podemos dominar a natureza se lhe obedecermos – não
estamos permanentemente a desafiá-la, sempre que a destruímos? Michael Jordan
disse: “Falhei mais de 9.000 lançamentos na minha carreira. Perdi quase 300
jogos. Por 26 vezes confiaram em mim para fazer o lançamento que decidiria o
jogo e falhei. Falhei uma e outra vez e voltei a falhar. E por tentar sempre é
que tive sucesso”. Será que o Homem está mesmo a tentar preservar o ambiente? Será
que teremos sucesso na preservação do Planeta com o turismo ambiental?
O primeiro país a adotar estas
medidas foram os EUA, onde, em 1970, foi instituído o National Environmental
Policy Act, ao que se seguiu uma série de ações das Nações Unidas:
Conferência de Estocolmo (1972), onde é estabelecido um plano das Nações Unidas
no âmbito do ambiente; Cimeira do Rio de Janeiro (1992), sobre ambiente e
desenvolvimento e, entre outras medidas; a publicação do Relatório Brundtland
(1987), que propõe os fundamentos de um modelo de desenvolvimento sustentado.
O respeito sempre será a base de todas
estas práticas de sustentabilidade e cada vez mais a natureza pode contar com o
apoio da sociedade e dos órgãos competentes. (O protocolo de Quioto não está a
ser cumprido pelos EUA; a devastação da Amazónia é gritante; os incêndios em Portugal
continuam a proliferar; os navios alemães continuam a fazer as lavagens dos depósitos
petrolíferos no alto mar; na China e no Japão o nível de poluição é chocante…?).
Ora, isto levanta outra questão, o que é que os turistas de facto querem ver,
tocar e sentir?
Será que as
zonas de destino turístico estão sujeitas a publicidade enganosa, isto é, o mar
da Nazaré é ótimo para o Surf, mas
qual será a qualidade da água? Ou será que aqueles que usufruem do ecoturismo
sabem que tudo está contaminado, talvez aparentemente em menor escala, e
ignoram ou fingem ser plena e pura a relação com a Natureza. Quiçá estarão a jogar “O Jogo da pseudo-felicidade
e da pseudo-perfeição”
Devido às questões da biodiversidade,
foram obtidas, nos últimos anos, importantes conquistas ambientais, com a participação
de movimentos ecológistas interessados na preservação do nosso património
natural. (Será que o impacte dessas medidas foram avaliadas e redefinidas?). O
ecoturismo começou a disparar, pois utiliza de forma sustentável o património
natural e cultural, incentiva a sua conservação e busca a formação de uma
consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o
bem-estar das populações envolvidas.
No turismo e na comunidade que hospeda
os turistas, segundo Tavares (2002) começa a haver consciência da necessidade
da existência em equilíbrio com a natureza, visando, ainda, a manutenção da
qualidade de vida das gerações futuras. Isto deixa um grande legado através do turismo,
que é a consciência da preservação do ambiente natural, a história e a cultura
dos lugares de visitação.
O ecoturismo é turismo de baixo
impacte, que deve gerar o menor desgaste possível no meio ambiente e nas
comunidades, respeitando as suas leis, cultura e, principalmente, o seu
equilíbrio e tranquilidade. (As aves assustam-se, os peixes desaparecem, as
praias rebentam de lixo; no Gerês, por exemplo, construiu-se um parque de
campismo – nada contaminador do ambiente; no Alentejo, os animais equestres são
montados desmesuradamente até à exaustão; e, no Algarve, a prática desportos
náuticos a motor é o ex-libris dos
turistas).
A atividade turística ocupa papel
importante no mundo moderno, por movimentar grande quantidade de dinheiro e
contribuir para o crescimento da economia. Dos segmentos do turismo, o
Ecoturismo é o que mais cresce. É um fenómeno caraterístico do final do séc.
XX, em consequência da crescente preocupação com o meio ambiente. É o segmento
que mais se aproxima da proposta de Desenvolvimento Sustentável. (Será mesmo?).
Para concluir, diria que o turismo
ambiental é rendível em termos de movimentação económica e parece ser o menos
nefasto para o Ambiente. Tenho algumas dúvidas, já que o comportamento humano
tende a regredir em termos de conservação das áreas visitadas, isto é,
constata-se uma acentuada falta de civismo.
António Rodrigues
Referências Bibliográficas
v CUNHA, licínio (1997) - Economia e Política
do Turismo.
v MALTA, Paula A.
(2000) – “Das relações entre tempo livre, lazer e turismo”. Cadernos do Noroeste – Série
Sociologia, Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho, Vol. 13, N.º
1, pp. 219-239
v VÁZQUEZ, José M. P. C.
(1998) – “El turismo ambiental: una forma de desarrollo”. Horizontes Alternativos, Edições
Colibri, Lisboa, pp. 145-157.
v Educação ambiental. In Diciopédia X [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2006.
v Estudo de impacto ambiental. In Diciopédia X
[DVD-ROM]. Porto: Porto Editora, 2006.
vInformações do Portal R7.
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
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