As
pessoas costumam ir aos cemitérios deixar lembranças aos seus parentes
falecidos. Por isso, desde os tempos mais antigos que os cemitérios são
considerados as moradas dos mortos, lugares de respeito e tristeza. No entanto,
a visão que se possui desses locais está a mudar cada vez mais, pois muitas
pessoas começaram a praticar o Turismo Negro, que consiste em visitar estes sítios
não por causa de terem algum parente lá mas devido à arquitetura e história do
lugar, a serem cemitérios estranhos e assustadores, a alguma celebridade estar
enterrada nesse cemitério, ou a terem sido campos de concentração.
Tal como os outros tipos de turismo,
este também tem as suas vantagens, por exemplo, o tipo de turista que vem a
estes lugares é de média ou elevada formação académica. No entanto, as razões
para os visitarem continuam a ser várias, mas podemos destacar duas. São elas:
as visitas a túmulos de grandes escritores, músicos, líderes políticos, mesmo
que os túmulos não tenham nenhum interesse artístico; e a visita a obras de
arquitetura e esculturas muito marcantes naquele cemitério. Pode-se incluir
mais sítios para se percorrer nos roteiros.
As
visitas costumam ser demoradas, sobretudo se os cemitérios forem grandes e
recheados de arte, ou seja, isto implicará que o turista fique no lugar mais de
um dia. Para além disso, este tipo de turismo irá despertar a consciência das
entidades que controlam os cemitérios, chamando a atenção para a conservação e
restauro de algumas obras mais degradadas. Enquanto isso, as desvantagens ainda
não estão bem clarificadas, pois podemos assinalar o vandalismo, mas ele já é
uma ação praticada muito antes de haver este tipo de abertura ao público. Contudo,
temos um caso, que acabou por ser vandalismo, praticado pelas visitas, pois quem
ia até ao túmulo de Oscar Wilde costumava deixar marcas de batom, e acabou por se
ter que colocar uma vitrina com o objetivo de conservar a sepultura. Na minha
opinião, uma outra desvantagem é a mania de algumas pessoas tirarem fotos em
poses “exageradas”, desrespeitando a pessoa que “descansa” e a família.
Quem gosta deste tipo de turismo, pode
visitar vários cemitérios ao redor do mundo e até mesmo as celebridades
enterradas, como o corpo embalsamado de Lenine, na Rússia, o Cemitério da
Catedral de Santo André, que fica em St. Andrews, na Escócia, onde podemos
observar túmulos medievais, o Cemitério Highgate, onde podemos ter o vislumbre
de uma atmosfera mais dramática. Nele, podemos encontrar os túmulos de George
Eliot e Karl Marx. Outro exemplo é o Cemitério Pére-Lachaise, em Paris, em França,
onde estão depositados os restos mortais de Oscar Wilde e Jim Morrison. Outros
casos que se podem invocar são: o Cemitério de Waverley, em Sydney, na Austrália
que fica virado para o mar; Vale do Rei, na cidade do Cairo, no Egito. E para quem
preferir um lugar mais aterrador, existem sítios que estão decorados com ossos
humanos, como as Catacumbas de Paris, em França, a Capela dos Ossos, na cidade
de Évora, em Portugal, e o Ossário de Sedlec, na República Checa, entro muitos
outros. Também podemos incluir neste tipo de turismo as visitas a alguns campos
de concentração, como Auschwitz.
É
muito fácil encontrar em vários sites
na internet listas sobre os cemitérios mais bonitos ou assustadores no mundo. Em
Portugal, este turismo está a ganhar cada vez mais adeptos, e até possuímos
vários cemitérios abertos aos turistas, como o Cemitério dos Prazeres, em
Lisboa, onde se podem visitar as campas de Vasco Santana e Cesário Verde, e o
Cemitério da Lapa, no Porto, onde está enterrado Camilo Castelo Branco.
Assim, é estranho o que leva as pessoas
a quererem visitar estes lugares com um clima pesado, mas cada vez existem mais
interessados. Eu gostaria de visitar alguns dos cemitérios pela história e
arquitetura que possuem. Só que importa ter em atenção que ir aos cemitérios e
campos de concentração deve ser feito de forma a respeitar os falecidos e as
famílias.
Ilda
Folgado
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular de “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular de “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
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