Portugal
foi desde os primórdios uma atração para diversas civilizações: Celtas, Gregos,
Romanos, Visigodos ou Mouros, que deixaram pegadas culturais por onde passaram
(termas, arenas, igrejas, etc.). Esta passagem de testemunhos é considerada a “Raíz
do Turismo em Portugal”, que brotou nos séculos XV e XVI.
Quando
a “Nação Valente” avançou no conhecimento do mundo na época dos Descobrimentos,
deu-se um passo de gigante: novos destinos, rotas e civilizações fulcrais para
a expansão das ligações entre países foram descobertas.
Mais
tarde, a expansão do turismo explodiu com a Revolução Industrial e está relacionada
com três factores: aumento dos tempos livres, desenvolvimento dos transportes e
melhoria do nível de vida. No início do século XX, o turismo é considerado uma
actividade relevante, apesar do revês com as I e II Grandes Guerras e com a
Crise de 1929.
Portugal
viveu anos conturbados com a revolução de Abril, mas com o regime provisório
declara o Turismo “como atividade privada e prioritária”. Ainda assim, as
quedas de 50% das entradas de estrangeiros no país foram desanimadoras. Em
1986, a criação do “Plano Nacional do Turismo” veio projetar o país em diversas
áreas-chave, nomeadamente, o ordenamento territorial, termalismo, formação,
investimento e promoção internacional, verificando-se um crescimento acentuado
em zonas especificas do país (Algarve, Lisboa e Madeira).
Neste
país periférico à beira mar plantado, existe uma ampla oferta de tipos de
turismo nas suas regiões continentais e insulares, graças ao clima temperado,
riqueza gastronómica, vida noturna, populações hospitaleiras, multiplicidade de
monumentos históricos e naturais classificados como Património Mundial da
Humanidade, e praias infindáveis do seu litoral meridional e ocidental.
Atualmente, o turismo é uma das atividades económicas mais importantes,
sendo-lhe reconhecida a função de “motor” da economia, justificando a criação
do “Plano Estratégico Nacional de Turismo” (2006-2015), focado em 5 eixos
estratégicos: Desenvolver novos pólos de atracção turística; Desenvolver as
marcas “Portugal Turismo”, “Allgarve” e a abertura a novos mercados; Qualificação
dos serviços e recursos humanos; Divulgação através de portais online de destinos a visitar; Tecnologia
e a Investigação & Desenvolvimento.
É
inegável que Portugal tem sabido tirar proveito das suas especificidades, no
entanto a dinamização e diversificação da oferta pode ser melhor promovida e
dotada de infra-estruturas. Apostar na promoção de segmentos de turismo que não
o “Sol e Mar”, como o turismo religioso, rural ou de natureza, são
oportunidades que permitirão a harmonização do aproveitamento do espaço
territorial e a atenuação da sazonalidade.
Quanto
ao futuro da indústria do Turismo e tendo em conta a evolução das tendências
dos consumidores informados, é credível que a aposta deva passar pela criação
de novos produtos/estratégias de gestão e organização do Turismo, pois o “novo
turista” procura diferenciação e personalização, através de experiências/vivências
autênticas e genuínas.
A
ausência de uma política coerente, na minha ótica, é o que mais afeta o Turismo
a nível nacional. Apesar da falta de coordenação, o cenário não é “negro”. Deve-se
encarar o futuro com realismo, apostando no que o “novo turista” procura, nos
territórios rurais e no fator “terra”, sendo fundamental incorporar o segmento
do Vinho e da Gastronomia nas ofertas turísticas rurais. Relativamente às Zonas
Costeiras, estas deverão procurar uma solução viável de combate à sazonalidade,
criando novos mix de ofertas adaptados às necessidades do mercado. Por outro
lado, destaco como obstáculos ao desenvolvimento do turismo a fraca capacidade
de negociação com grandes operadores turísticos, a falta de recursos humanos
qualificados, o défice na formação de base dos empresários, a concentração da
oferta (Madeira, Açores e Algarve), a crescente concorrência global, a forte
pressão ambiental e a fraca cooperação entre entidades públicas e privadas.
Prevê-se
que o turismo substitua as rotinas diárias por novos conceitos de satisfação e
qualidade de vida que serão a chave para a produtividade, bem como a premissa
das sociedades em termos de inovação e criatividade. Assim, para Portugal
continuar a prosperar deverá tornar-se mais volátil, sem esquecer que é
fundamental a adaptação ao desenvolvimento sustentado e sustentável, económica,
social e ambientalmente.
O
mundo está a mudar e o Turismo está a mudar o mundo, a globalização assente
numa competitividade sustentável será um dos pilares do futuro turístico a
nível mundial.
Nuno Rodrigues
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
Nuno Rodrigues
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
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