Historicamente, os gregos associavam
os banhos públicos a Asclépio, deus
da medicina e da cura. Para eles, a hidroterapia era uma forma recomendada de
cura física e espiritual. Mas foram os Romanos que espalharam o conceito do usufruto
das águas minerais por toda a Europa. Este povo soube identificar os benefícios
das águas termais e fundou inúmeras termas medicinais, muitas das quais ainda
hoje funcionam com reconhecido mérito na área da saúde.
Mas o termalismo é especial porquê? Tudo se deve aos efeitos da água mineral natural com
que são feitos os tratamentos, as quais, devido às suas propriedades, aumentam
as defesas naturais do organismo. Estas águas, de circulação profunda, têm caraterísticas
próprias e distintas, consoante a zona rochosa de onde brotam, sendo utilizadas
nos tratamentos apenas uma vez, sem qualquer adição de compostos.
Longe do
apogeu de outras épocas, o termalismo em Portugal tenta voltar a ocupar um
lugar de destaque no panorama turístico português.
O setor das
termas representa, de acordo com dados da Associação Termas de Portugal, um volume de negócios na
ordem dos 33 milhões de euros, tendo registado em 2015 um
crescimento na ordem dos 40%. Ainda assim, o setor continua abaixo dos valores
registados em 2011, existindo por isso espaço para crescer, ao nível da
procura.
Fruto de
campanhas de divulgação, do esforço desenvolvido no melhoramento das condições
termais e na diversificação da oferta, o termalismo está a renascer da
passividade que o caraterizou nos últimos anos e que levou, nalguns casos, ao
encerramento de estâncias termais.
As unidades
termais encontram-se, na sua maioria, associadas a locais de beleza natural e,
fruto da sua antiguidade, encerram em si um charme
muito especial e verdadeiramente acolhedor.
Associado ao
reconhecido valor terapêutico das águas que as fizeram nascer, as unidades
termais oferecem inúmeras razões para um reconfortante descanso físico e uma
saudável calma interior.
Consoante as caraterísticas que
possuem, cada tipo de água mineral difere nas terapêuticas que proporciona.
O Parque Termal do Peso, onde funciona a Estância Termal de
Melgaço, tem uma longa história. Iniciou o seu funcionamento comercial na segunda
metade do século XIX, quando as propriedades terapêuticas das suas águas foram
descobertas. Em 1885, engarrafaram-se as primeiras águas e quatro anos depois
foi aprovada a licença para a sua aplicação terapêutica.
Deste Parque Termal fazem parque as
duas nascentes, a Buvete, o balneário e a oficina de engarrafamento. Implantada entre as margens do
Minho e da Galiza, a estância Termal de Melgaço proporciona uma ligação com a
natureza e, simultaneamente, um recurso reconhecido pelo seu potencial terapêutico.
Aproveitando a sua beleza natural com
dois hectares de parque arborizado, adequado à prática de atividades de turismo
e lazer, o património arquitectónico e a qualidade das suas águas, a Estância
Termal de Melgaço foi alvo de uma requalificação completa e encontra-se, desde
2013, aberta ao público com novos equipamentos. A sua água está especialmente
indicada para afecções das vias respiratórias, reumáticas e músculo-esqueléticas,
e diabetes.
Em julho de 2017, uma nova empresa
assume a gestão das Termas do Peso Melgaço, com o objetivo de fazer com que
voltem a ser uma referência nacional e internacional, atraindo novos
visitantes, de todas as idades, que procurem o lugar certo para descansar e
passar bons momentos.
Em suma, as termas existentes no país
apresentam uma oferta requalificada e alinhada com as tendências europeias,
tanto ao nível de infraestruturas e equipamentos, como ao nível da qualidade
dos serviços prestados. É reconhecido o efeito que a atividade das termas tem
ao nível local, pelo consumo de bens e serviços diversos, como a hotelaria,
restauração, comércio e serviços de lazer.
Existem actualmente em Portugal 40 termas em funcionamento, que empregam direta e indiretamente
cerca de 3.500 pessoas, e que disponibilizaram, ao longo do ano passado, cerca
de 420 mil dias de tratamentos termais, segundo nota publicada pelo gabinete da
Secretaria de Estado do Turismo. Ainda na mesma nota, o gabinete acrescenta que
“a oferta vai hoje muito além dos tratamentos tradicionais. As unidades de termalismo
portuguesas têm vindo a inovar em termos de oferta, estando hoje preparadas
para responder à crescente procura pelo segmento de Bem-Estar e Lazer, que
atrai cada vez mais pessoas em busca de estilos de vida saudáveis”.
Ao nível do turismo, é essencial apostar em produtos que permitam
combater a sazonalidade e desconcentrar a oferta, contribuindo para a coesão
social e territorial.
E neste contexto, o termalismo terá certamente um papel relevante.
Maria José Dias
Referências
bibliográficas
Noronha,
Nuno. A água, a hidroterapia e o termalismo. Todos os benefícios.
https://lifestyle.sapo.pt/saude/saude-e-medicina/artigos/a-agua-a-hidroterapia-e-o-termalismo-todos-os-beneficios
http://www.diasporalusa.pt/associacao-das-termas-portugal-plataforma-apoio-ao-termalismo-termas-portuguesas
http://www.diasporalusa.pt/associacao-das-termas-portugal-plataforma-apoio-ao-termalismo-termas-portuguesas/http://www.diasporalusa.pt/associacao-das-termas-portugal-plataforma-apoio-ao-termalismo-termas-portuguesas
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
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