quinta-feira, abril 11, 2019

Termalismo, fonte de energia

Historicamente, os gregos associavam os banhos públicos a Asclépio, deus da medicina e da cura. Para eles, a hidroterapia era uma forma recomendada de cura física e espiritual. Mas foram os Romanos que espalharam o conceito do usufruto das águas minerais por toda a Europa. Este povo soube identificar os benefícios das águas termais e fundou inúmeras termas medicinais, muitas das quais ainda hoje funcionam com reconhecido mérito na área da saúde.
Mas o termalismo é especial porquê? Tudo se deve aos efeitos da água mineral natural com que são feitos os tratamentos, as quais, devido às suas propriedades, aumentam as defesas naturais do organismo. Estas águas, de circulação profunda, têm caraterísticas próprias e distintas, consoante a zona rochosa de onde brotam, sendo utilizadas nos tratamentos apenas uma vez, sem qualquer adição de compostos.
Longe do apogeu de outras épocas, o termalismo em Portugal tenta voltar a ocupar um lugar de destaque no panorama turístico português.
O setor das termas representa, de acordo com dados da Associação Termas de Portugal, um volume de negócios na ordem dos 33 milhões de euros, tendo registado em 2015 um crescimento na ordem dos 40%. Ainda assim, o setor continua abaixo dos valores registados em 2011, existindo por isso espaço para crescer, ao nível da procura.
Fruto de campanhas de divulgação, do esforço desenvolvido no melhoramento das condições termais e na diversificação da oferta, o termalismo está a renascer da passividade que o caraterizou nos últimos anos e que levou, nalguns casos, ao encerramento de estâncias termais.
As unidades termais encontram-se, na sua maioria, associadas a locais de beleza natural e, fruto da sua antiguidade, encerram em si um charme muito especial e verdadeiramente acolhedor.
Associado ao reconhecido valor terapêutico das águas que as fizeram nascer, as unidades termais oferecem inúmeras razões para um reconfortante descanso físico e uma saudável calma interior.
Consoante as caraterísticas que possuem, cada tipo de água mineral difere nas terapêuticas que proporciona.
O Parque Termal do Peso, onde funciona a Estância Termal de Melgaço, tem uma longa história. Iniciou o seu funcionamento comercial na segunda metade do século XIX, quando as propriedades terapêuticas das suas águas foram descobertas. Em 1885, engarrafaram-se as primeiras águas e quatro anos depois foi aprovada a licença para a sua aplicação terapêutica.
Deste Parque Termal fazem parque as duas nascentes, a Buvete, o balneário e a oficina de engarrafamento. Implantada entre as margens do Minho e da Galiza, a estância Termal de Melgaço proporciona uma ligação com a natureza e, simultaneamente, um recurso reconhecido pelo seu potencial terapêutico.
Aproveitando a sua beleza natural com dois hectares de parque arborizado, adequado à prática de atividades de turismo e lazer, o património arquitectónico e a qualidade das suas águas, a Estância Termal de Melgaço foi alvo de uma requalificação completa e encontra-se, desde 2013, aberta ao público com novos equipamentos. A sua água está especialmente indicada para afecções das vias respiratórias, reumáticas e músculo-esqueléticas, e diabetes.
Em julho de 2017, uma nova empresa assume a gestão das Termas do Peso Melgaço, com o objetivo de fazer com que voltem a ser uma referência nacional e internacional, atraindo novos visitantes, de todas as idades, que procurem o lugar certo para descansar e passar bons momentos.
Em suma, as termas existentes no país apresentam uma oferta requalificada e alinhada com as tendências europeias, tanto ao nível de infraestruturas e equipamentos, como ao nível da qualidade dos serviços prestados. É reconhecido o efeito que a atividade das termas tem ao nível local, pelo consumo de bens e serviços diversos, como a hotelaria, restauração, comércio e serviços de lazer.
Existem actualmente em Portugal 40 termas em funcionamento, que empregam direta e indiretamente cerca de 3.500 pessoas, e que disponibilizaram, ao longo do ano passado, cerca de 420 mil dias de tratamentos termais, segundo nota publicada pelo gabinete da Secretaria de Estado do Turismo. Ainda na mesma nota, o gabinete acrescenta que “a oferta vai hoje muito além dos tratamentos tradicionais. As unidades de termalismo portuguesas têm vindo a inovar em termos de oferta, estando hoje preparadas para responder à crescente procura pelo segmento de Bem-Estar e Lazer, que atrai cada vez mais pessoas em busca de estilos de vida saudáveis”.
Ao nível do turismo, é essencial apostar em produtos que permitam combater a sazonalidade e desconcentrar a oferta, contribuindo para a coesão social e territorial. E neste contexto, o termalismo terá certamente um papel relevante.

Maria José Dias

Referências bibliográficas
Noronha, Nuno. A água, a hidroterapia e o termalismo. Todos os benefícios. https://lifestyle.sapo.pt/saude/saude-e-medicina/artigos/a-agua-a-hidroterapia-e-o-termalismo-todos-os-beneficios
http://www.diasporalusa.pt/associacao-das-termas-portugal-plataforma-apoio-ao-termalismo-termas-portuguesas
http://www.diasporalusa.pt/associacao-das-termas-portugal-plataforma-apoio-ao-termalismo-termas-portuguesas/http://www.diasporalusa.pt/associacao-das-termas-portugal-plataforma-apoio-ao-termalismo-termas-portuguesas

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)

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